Eis mais um ano grandioso para a música portuguesa a terminar, ano esse que nos trouxe grandes trabalhos de artistas já consagrados e de novas revelações. A nossa redacção decidiu escolher os álbuns nacionais que mais vezes por cá rodaram em 2014.
5-Gala Drop – II
Os Gala Drop sempre foram aquela banda que eu, por isto ou por aquilo, nunca consegui ver. Este ano, finalmente, consegui vê-los. Foi numa noite de Outono fria, no Plano B meio cheio que os vi a apresentarem o II. A fórmula que condensa o afrobeat, o psicadélico e o kraut na mesma base continua inalterada. James a dar o ocasional ar da sua graça e pelo desenvolvimento do lado dançável. No entanto, é notória alguma maturidade sonora, pautada pela voz de Jerrald na sonoridade do colectivo. Peço encarecidamente que voltem aos concertos rapidamente e ainda mais depressa às edições de discos. Podem presentear-nos com álbuns destes todos os anos.
Eduardo Silva
4-Twisted Freak – We Play with Time
Íamos em Junho e nada sabíamos de Twisted Freak, até que o projecto do artista José Silva apareceu na já obrigatória compilação de Novos Talentos da FNAC. “Baby, U Got a Stew Goin’” foi a música que nos levou a querer saber se havia mais para conhecer deste novo “freak” do panorama electrónico português. Felizmente, We Play With Time, editado em finais de Abril, saciou a nossa sede e presenteia-nos com músicas como “Screaming Lush”, a qual nos relembra Boards of Canada. Em “Baby, U Got a Stew Goin’”, as influências de Oneotrix Point Never e Emerald são notórias. O seu carácter inovador experimental levou-nos a eleger este trabalho como um dos melhores produzidos em solo nacional. Esperamos que 2015 nos traga mais novidades deste novo talento. Se estiverem curiosos, o álbum está disponível para download gratuito no bandcamp do artista.
Rui Gameiro
3-B Fachada – B Fachada
B Fachada regressou de novo aos trabalhos de estúdio, e diga-se que novamente muito bem e como nunca antes o havíamos ouvido. “Camuflado” é um hino de entrada a um álbum onde a valorização da cultura tradicional portuguesa e sua consequente exploração servem de síntese. “Um Fandango Ensaiadinho” e “Dá Mais Música à Bófia” trazem a música popular descrita numa composição tipicamente portuguesa e num ambiente bastante festivo. O resumo de um São João, mas sentido em todas as terras do país. “Pifarinho” é a imagem mental de um país futurista, onde a revolução inicial de “Cru” resulta apenas num mundo feito de sonhos. “Já o Tempo Se Habitua”.
Sónia Felizardo
2-Sensible Soccers – 8
Foi preciso esperar três anos para o primeiro LP dos Sensible Soccers ver a luz do dia. 8 é um disco diferente, que foge a tudo o que actualmente existe no panorama musical português. Guitarras e sintetizadores, distorções e silêncios: um perfeito equilíbrio que percorre todo o álbum desde “Nikopol” até “Lima”.Um álbum monstro que prometo tocar em loop por largos anos.
Duarte Marques
1-Bruno Pernadas- How Can We Be Joyful In a World Full of Knowledge?
Experimental, original e espectacular, How Can We Be Joyful In A World Full Of Knowledge? é um dos melhores álbuns do ano. Repleto de canções de grande qualidade com instrumentais complexos, variadas mas interligadas perfeitamente, o disco de estreia de Bruno Pernadas, a maior revelação nacional de 2014, mantém uma qualidade elevada do início ao fim. Um álbum para ouvir vezes sem conta, de um dos artistas mais promissores do país.
Rui Santos