Reportagem: Maio Maduro Maio – Hard Club [Porto]
Reportagem: Maio Maduro Maio – Hard Club [Porto]
Reportagem: Maio Maduro Maio – Hard Club [Porto]
Na passada sexta-feira, dia 15 de Maio, fomos até ao Hard Club, Porto, para assistir à primeira edição do festival Maio Maduro Maio. No cartaz pautavam os portugueses 10 000 Russos, os londrinos Desperate Journalist e, a encabeçar a noite, a banda natural de Manchester, The Underground Youth. É de congratular, desde já, a promotora portuense Muzik Is My Oyster, que tem sido pioneira em trazer bandas internacionais que dificilmente tão cedo cá voltarão. E o resultado foi igualmente uma noite incrível, com direito a um dos melhores concertos do ano a receber a assinatura dos The Underground Youth. Antes de partir para o que se passou no final da noite de sexta feira convém no entanto referir o que aconteceu antes.
10 000 Russos
Com os concertos a terem início, tal como previsto, por volta das 21.45H, e numa sala semi cheia, os 10 000 Russos subiram ao palco da Sala 2 para apresentarem os temas do recente lançado álbum de estreia homónimo. Num concerto com uma duração aproximada de cerca de 40 minutos, os portugueses deixaram uma marca do psych rock bastante denotada entre o público. A abertura estava feita e os pedais, ligados. A aura psicadélica de “Karl Burns” era simulada nas luzes e o baterista encarregava-se de descrever a emoção pela voz, manipulada pelos entusiastas efeitos dos diversos pedais. Não se resumiria só à voz, e a sonoridade dos 10 000 Russos era igualmente manipulada via pratos, tarolas e claro na guitarra e no baixo. O resultado: muita distorção e uma boa abertura, apesar de repetitiva. Depois de uma saída abrupta, e dos amplificadores a implorarem para ser desligados, o “pós-encore” dos 10 000 Russos aconteceu. O trio entra em palco, não para tocar, mas para desligar todo o som.
Após uma pausa entre concertos, a sala 2 do Hard Club mostrava-se bem mais composta, e com um público menos destemido e cada vez mais próximo do palco. O quarteto Desperate Journalist marcava a sua estreia em palcos nacionais e havia uma massa populacional bastante curiosa para ver a performance dos londrinos ao vivo. Com o álbum de estreia homónimo na bagagem e uma identidade muito própria, a banda abriu o concerto com “Hesitate”, e continuou a percorrer a tracklist do álbum de estreia, merecendo especial destaque singles como “Happening”, com um sistema de luz bastante bem inserido e ainda o recente “Control”. Curiosamente este último curiosamente a levar a vocalista Jo Bevan a comparações ao legendário Ian Curtis, pelo visual semelhante entre ambos. A terminar, os Desperate Journalist apostaram na única música tocada até ali, que não pertencera a este novo álbum, “Organ”, um dos primeiros singles da banda, a ter um fecho muito positivo, com público a aplaudir, calorosamente.
The Underground Youth
O espaço entre o palco e o público tornara-se inexistente. Estava-se perante uma sala carinhosamente composta para receber a banda mais aguardada da noite, os The Underground Youth. Com “Lost Recording” a abrir o concerto, e novo álbum recentemente anunciado, Haunted, a banda destacou ainda a “In Sofia’s Reflection”e “In The Dark I See”, do álbum The Perfect Enemy For God. No entanto os singles de Mademoiselle acabariam por não aparecer. Um dos momentos assinaláveis acontece quando os primeiros acordes de “Morning Sun” começam a ouvir-se na pequena sala do Hard Club. O público não lhes é indiferente, e curiosamente, à semelhança do famoso clipe da música, o público começa a dançar e a mostrar grande entusiasmo. Há uma esfera cultural que se apodera das almas mais envergonhadas e as faz libertarem-se. Algo muito bonito de se ver.
Os The Underground Youth ainda não tinham, no entanto, mostrado uma despedida épica do país. Caberia, ali, ao vocalista Craig Dyer incorporar um membro do público, e, eis que num salto o microfone e o vocalista se encontram ao mesmo nível do público. Dyer sussura “I Love You”, palavras que se resumem a um dos momentos mais entusiasmantes do concerto. “Rules of Attraction” fazia os casais trocarem beijinhos e os mais solitários a acompanharem-se de um enorme sorriso esbugalhado enquanto saltavam, batiam palmas e dançavam como nunca pela noite fora. “I Fucking Love You” gritava já Craig acompanhado de Mark Kendrick, no baixo e David Mapson na guitarra. No palco via-se o teclista e a baterista Olya, a dispensar os pratos, juntamente com algum público que agora adquiria a visão da banda. Era assim o adeus, o adeus para um encore que ainda traria “Dreaming With Maya Deren” e “Drown In Me” como fim. Um dos melhores concertos de 2015, se não o melhor até à data.