Festivaleiros, acontece todos os anos em Leiria um festival emblemático, único no mundo, e com uma duração de apenas três dias. O problema é que são os melhores três dias do ano e escasseiam-se em 72 horas. A razão? É o único festival em Portugal a ter lugar num simbólico edifício, considerado património cultural, e a acolher um número limitado de visitantes que trazem no coração o mesmo sentimento: o amor à música alternativa e fora dos panoramas do mainstream. O resultado? Um festival intimista, acolhedor e acima de tudo com uma vista fantástica por sobre a cidade de Leiria. É cunhado de “festival gótico”, e apesar de unir em três dias as pessoas do culto “gó-gó”, está cada vez mais a receber o carinho dos visitantes que vêem na darkwave uma forma de se exprimirem e revoltarem contra uma sociedade de modas. “Único no mundo e aqui tão perto”.
O Entremuralhas não é novo, nasceu em 2010 através de uma mão cheia de pessoas que se interessam pela cultura, pretendem fazê-la crescer e a cada ano que passa fortalecem a confiança pelo trabalho que elaboram. A Fade In, organização cultural sem fins lucrativos merece uma salva de palmas e 737 pessoas terão a oportunidade de a aplaudir nos próximos três dias. É agarrar na mochila, colocar os bens básicos e partir à descoberta de quinze bandas. Há sete novas bandas que pisam palcos nacionais pela primeira vez e uma dessas estreias despede-se curiosamente da sua carreira aqui, no Entremuralhas. Vamos à descoberta do cartaz enquanto ainda não se faz tarde?
Numa sexta edição marcada por grandes nomes de culto, é de ter em atenção a oportunidade certamente única de apanhar Lili-Marlene Premilovich aka Lene Lovich, com 37 anos de carreira, os eslovenos e históricos Laibach, com 35 anos de carreira, os ingleses And Also The Trees a celebrar 36 anos de carreira e a estreia dos 6 Comm, com 29 anos de existência e que aproveitam a passagem pelo castelo de Leiria para se despedirem da carreira.
Mas há mais, a estreia de Igorrr, o multi-instrumentalista francês trará um espectáculo de death metal com muito drum’n’bass à mistura. A sua figura emblemática é mais que um motivo para não ficar na praia ou em casa e partir à descoberta de um cenário único e exclusivo.
Para os fãs do post-punk, a oportunidade de conhecer o trabalho dos suecos Agent Side Grinder também será marcada pela estreia dos mesmos entre as muralhas do castelo. Os russos Motorama também farão as delícias dos referidos fãs, mas na sexta-feira. Já amanhã, quinta-feira a grande aposta recai nos portugueses Phantom Vision, que apresentarão o seu mais recente trabalho de estúdio, Ghosts, editado no presente mês. Para os fãs dos The Sound a passagem dos Ash Code também se avista como aclamada se a cover de “I Can’t Escape Myself” fizer parte da setlist.
Para os fãs do obscuro sobrenatural, o projeto alemão Art Abscons é o grande nome da última noite de festival. Apresentado em público por sobre uma máscara trará aos espetadores da sexta edição do Entremuralhas um neofolk teatral com uma aura pop marcial narrativa que tão cedo não voltará a passar por cá.
Do outro lado do mundo Portugal recebe a visita da folk de Jordan Reyne e da pop confessional ritualista e minimal dos A Dead Forest Index que traz a guitarrista das Savages de volta a Portugal, mas num formato e género diferentes.
Para fechar, e ainda relativamente ao primeiro dia, em estreia absoluta, a italiana Tying Tiffany colocará certamente os festivaleiros do Entremuralhas a cantarem em coro “Show Me What You Got”. Já faltou mais.