Mais uma fim-de-semana passado no Musicbox a ouvir as novas tendências tanto da música internacional como nacional. Os grandes destaques vão para a atuação delirante e extasiada dos La Femme e para a música meditativa da colaboração dos Suuns com Jerusalem In My Heart.
Por volta das 23h30, como esperado, entraram em palco os La Femme, de copo e cigarro na mão a espalhar o seu charme burguês. O sexteto oriundo de Biarritz veio até Lisboa apresentar o álbum editado em 2013, Pyscho Tropical Berlin. O concerto começou com “Amour dans le motu” e “Si Un Jour”, música que bem caracteriza a sonoridade apresentada pelo conjunto, a synthpop com influências de psicadelismo e new wave. Foi com “Télégraphe” do primeiro EP Le podium #1 : La Femme (2010) e com ” Paris 2012″ do EP Paris 2012 (2012), que o público mostrou bem o que valia na arte da dança. A partir daqui já não havia inibições. O concerto foi prosseguindo e a banda voltou ao Pyscho Tropical Berlin com “It’s Time To Wake Up (2023)”, música mais krautrockiana, e “Nous Étions Deux”, música que bebe da french pop dos anos 70, servindo para o público descansar um pouco. Houve tempo também para a banda apresentar uma música criada para o desfile de Yves Saint Laurent, “Me Suive”, sob o egnimático pseudónimo de “Mistério”.
Foi com o tema mais conhecido “Sur La Planche 2013” que a banda “terminou” o concerto. O público aproveitou para se libertar e dançar tudo o que sabiam, tendo provocado algum moche próprio de espaços pequenos. A banda ainda voltou para mais 2 encores para delírio daqueles que esgotaram a sala no Cais do Sodré, tendo dado asas à improvisação em temas como “Welcome America”, “Antitaxi” e “La Cabane Perché”. Foi quase 1h30 de concerto em tanto a banda como o público saíram claramente satisfeito. O Musicbox foi pequeno para este sexteto francês, por isso não será de estranhar que eles cá voltem em 2016 para atuarem num grande festival, talvez com um novo álbum de originais.
A noite ainda não tinha acabado e houve tempo para a atuação do projecto de música house e disco de Bruno Cardoso, mais conhecido por Xinobi, em formato banda, com a ajuda de Óscar Silva (Jibóia) na guitarra, Ana Miró (Sequin) na voz e Vasco no baixo. A tarefa de tocar a seguir ao enorme concerto dos La Femme não era nada fácil, mas o público presente gostou da atuação do quarteto. Interpretando vários temas do álbum 1975, editado em 2014, destacaram-se temas como “Mom and Dad” e o remix do tema “And I Say” de Nicolas Jaar.
O último dia do Jameson Urban Routes calhou no dia de Halloween e ficou marcado por bandas que exploram sonoridades mais orgânicas e ritualistas. Este dia teve como grande destaque a atuação dos Suuns and Jerusalem In My Heart.
O primeiro a subir ao palco do Musicbox, ainda com pouco público presente, foi Ricardo Remédio, artista que se prepara para editar em 2016 o seu primeiro álbum, que dá pelo nome de Natureza Morta. Até agora pouco conheciámos do seu trabalho, pelo que o concerto foi bastante interessante e nos deixou com água na boca para o ano que se avizinha. Com uma sonoridade marcada por influências da electrónica industrial de Ben Frost e Nine Inch Nails.
Por volta das 23h30 entraram em palco os canadianos Suuns e o libanês Radwan Moumneh, responsável pelo projecto Jerusalem In My Heart. Estes dois grupos editaram este ano um álbum homónimo e colaborativo marcado por uma sonoridade que mistura indie rock marcado por elementos post-punk, folk árabe e um pouco de kraut rock. Não á fácil explicar a atuação dos 5 elementos em palco, mas é nos possível dizer que esta soa mais a Jerusalem In My Heart do que a Suuns, talvez devido à voz ter ficado entrege a Radwan. Tratou-se sem dúvida de um concerto introspectivo, negro e transcendente, tendo ficado também marcado pela forte componente visual, tendo sido reproduzidos os vídeos dos singles editados até à data.