Reportagem: Os Mutantes + O Gringo Sou Eu [Hard Club – Porto]

| Dezembro 6, 2015 11:49 pm



No dia 1 de Dezembro fomos ao Hard Club, no Porto, para ver o regresso dos grandes Mutantes, banda emblemática do movimento Tropicalista que dominou a música popular brasileira no final dos anos 60 e uma das mais importantes bandas da música psicadélica brasileira e internacional.


A noite começou com a divertida atuação de Frankão, também conhecido por O Gringo Sou Eu, que nos trouxe os ritmos brasileiros do samba e sertanejo fundidos com o hip hop de intervenção, mas com muito humor, com Frankão a dirigir-se para o meio do público, cantando e interagindo com os que o rodeavam dançando.



Depois de uma boa primeira parte, era a vez dos tão aguardados Mutantes. A banda outrora composta por Arnaldo Baptista, Rita Lee e Sérgio Dias, conta agora apenas com o último na sua formação, fazendo-se este acompanhar por outros membros. Sérgio Dias, agora bem mais velho e com a voz bastante rouca, mantém-se exímio na guitarra e é capaz de solos maravilhosos e de som muito caraterístico, como confirmado em “Jardim Elétrico”, o lado mais progressivo da banda do álbum com o mesmo nome. “A Minha Menina” foi anunciada como um tema muito velho e, de facto, é, mas o público dançou, cantou e pulou ao som daquela que é, provavelmente, a música mais marcante da Tropicália. A banda brasileira tocou mais alguns clássicos como “Bat Macumba” e “Le Premier Bounher Du Jour”, passando também por “Balada do Louco”, um dos momentos mais bonitos deste concerto, com o público a cantar em uníssono levando os braços ao peito ao som desta bela balada. Já próximo do fim do concerto, mais um clássico, desta feita para “Ando Meio Desligado”, com direito a mais um belíssimo solo de Sérgio Dias.

Com a partida da banda, o público pedia mais e entoava-se o refrão de “Panis et Circenses”. Regressados ao palco para o encore, Sérgio Dias, que fazia nessa mesma noite 65 anos, foi recebido com uns parabéns cantados pelo público, que em troca recebeu uma inesperada cover da mítica “Sunshine of Your Love”, dos Cream, seguida da tão desejada “Panis et Circense”, faixa de abertura do incrível álbum homónimo de 1968. Como se isto não chegasse, a banda regressou para um segundo encore, onde tocou a famosa “Baby”, com o público a cantar alto e bom som as rimas caricatas de Rita Lee, que tão bem conheciam. 

É certo que os Mutantes já não são os mesmos, que a vivacidade de Rita Lee já não lá está e que Sérgio Dias está cada vez mais velho e sem energia, mas o concerto conseguiu ser surpreendentemente competente e divertido para um público que, apesar de saudosista, era essencialmente jovem e que certamente saiu do Hard Club bastante satisfeito.

Os Mutantes + O Gringo Sou Eu @ Hard Club

Texto: Filipe Costa
Fotografia: Ana Carvalho dos Santos

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