Os Pop. 1280 passaram na passada sexta feira pelo
Rivoli para mais um concerto Understage
em parceria com a Lovers & Lollypops,
uma interessante iniciativa por onde já passaram nomes como Aisha Devi e Puce Mary pelo preço simbólico de 5 euros. Decorrido na sala ideal,
num espaço bruto e com as estruturas metálicas que suportam o palco do Rivoli
visíveis, os Pop. 1280
apresentaram-se pela primeira vez no Porto em mote de apresentação do disco Paradise, de 2015, assim como a mais
recente cassete editada pelo grupo norteamericano, Pulse.
experimentar os primeiros acordes e já se percebia que a coisa ia ser
barulhenta. Volume no máximo e uma guitarra de som metálico e cortante faziam
ecoar as paredes da sala. Já com a banda completa em palco, os Pop. 1280 não tardaram em apresentar os
seus temas, com principal foco nas faixas de Paradise, um álbum mais
interventivo e com uma sonoridade mais industrial, ignorando em grande parte os
temas do seu trabalho anterior e do excelente primeiro disco The Horror.
Ao
segundo tema, os Pop.1280 revisitaram “Step Into The Grid”, retornando ao som
menos arrojado e à produção mais crua dos seus primeiros lançamentos. Em “In
Silico”, uma das faixas mais representativas do seu último disco, Chris Bug
grita-nos de forma voraz “I dream in infra red”, demonstrando o lado mais
crítico e consciente desta nova fase da banda.
O som apresenta-se no máximo de princípio ao fim,
e a intensidade nunca desvanece durante todo o concerto. Chris Bug incentiva o
público a aproximar-se do palco, proporcionando uma experiência mais próxima e
calorosa com a banda. O espaço é mais do que apropriado para o tipo de
concerto, e contribui em boa parte para o bom ambiente e experiência a que se
assistiu. Num concerto relativamente curto, ouviram-se outros temas do mais
recente disco, incluindo o tema de abertura “Pyramids On Mars”. Terminado o
concerto, a banda regressou ao palco para um breve encore que contou com mais
uma música apenas, tocada com toda a ferocidade presente no resto do concerto.
1280 conseguiram, assim, uma passagem pela cidade do Porto que não terá
desiludido ninguém, com muita energia do princípio ao fim e um som capaz de nos
danificar os tímpanos, como seria de esperar. Não faltaram boas malhas post
punk e muito noise de paisagens industriais e uma consciência política por
parte dos seus membros que nos rugiram com as verdades cruas e feias da
sociedade em que vivemos.