O Jameson Urban Routes (JUR) faz 10 anos e para celebrar a sua décima edição volta a apostar num cartaz com nomes muito interessantes. São ao todo 16 sessões de concertos que decorrem de 24 a 30 de outubro, em que o maior destaque vai para as atuações de Wild Beasts (Sessão esgotada), 65daysofstatic, Mykki Blanco, Sensible Soccers, Liima, Teebs, entre outros. Fiquem aqui com as nossas escolhas para esta semana de concertos que vai invadir o Musicbox Lisboa.
Xosar (live) – SESSÃO 4 . Quarta, 26 de Outubro . 00h30
Xosar é Sheela Rahman, produtora norte-americana nascida em San Jose, Califórnia, que agora vive em The Hague, Holanda. Antes de enveredar pelos caminhos da eletrónica, Sheela estudou neuropsicologia e dedicou-se ao design gráfico. Aos 5 anos já produzia música no seu teclado Kermit the Frog Casio EP-10, mas só há cerca de 5 anos atrás é que se iniciou na mais a sério na electrónica. A sua prioridade não era editar singles, mas sim os sentimentos e a satisfação associados à criação musical.
De modo a partilhar os seus sentimentos com os outros, começou a publicar as suas músicas online. Aí surgiram os primeiros contactos e em pouco tempo lançou vários trabalhos, cada um com a sua natureza e história peculiar, com o selo de editoras conceituadas como a Rush Hour ou a L.I.E.S.. A sua música pode ser descrita de inúmeras formas: “surfer-house”, “acid house do Bangladesh”, “techno sobrenatural”.
Resta-nos ir ao Jameson Urban Routes, no Musicbox, no próximo dia 26 de outubro e criar o nosso próprio rótulo para a música de Xosar. Combinado?
Teebs – SESSÃO 7 . Quinta, 27 de Outubro . 00h30
Mtendere Mandowa é Teebs, um pintor e produtor musical que atualmente se encontra inscrito nos rosters da Brainfeeder e da Ninja Tune — duas das instituições mais reputadas da IDM atual. O seu percurso musical começou nos My Hollow Drum com os streams que o coletivo postava no dublab. Em 2008, Teebs é convidado para participar na edição daquele ano da Red Bull Music Academy. Nessa edição, Teebs conhece Flying Lotus — o mentor da Brainfeeder e um dos deuses que comanda as marés da IDM — cruza-se com ele depois disso na afamada Low End Theory e passado uns meses, está a viver com Samiyam (outro produtor musical) no mesmo prédio que Fly Lo. E tudo isto no advento da chamada “Beat Scene” californiana — esse fenómeno local que continua a ditar tendências à escala global.
Porém, Teebs procura ocupar o seu próprio espaço dentro do universo da música que não precisa de palavras para comunicar connosco. Em termos formais, a sua sonoridade é um pastiche composto por várias camadas. Camadas sonoras que oscilam entre os universos do hip hop e do downtempo, com espaço suficiente entre elas para deixar entrar o sol e a cor — este último elemento pictórico figura em todas as capas dos seus LPs. Enquanto algumas das personas do universo musical usam o seu direito à livre expressão para nos relembrar que o mundo é um lugar horroroso do qual nenhum de nós sai vivo, Teebs encontra-se no pólo oposto. As texturas que ele utiliza transportam-nos para paisagens distantes, onde a instrumentação tem o papel de apaziguar as nossas ânsias (ou não fosse “Paz” o seu primeiro nome, quando o colocamos num tradutor do dialeto Chichewa) e não de nos inquietar.
Porém, ele compreende a dualidade da vida e da morte perfeitamente. O seu pai faleceu enquanto o Arbour estava a ser produzido, uma experiência que o obrigou a crescer enquanto artista e pessoa. A esse trabalho, sucedeu-se a colectânea Collections 01 e, por último, o LP Estara. Temos perante nós, agora, em 2016, um artista completo. Maduro, em plena percepção das suas capacidades e em permanente instrospecção.
Meditemos juntos no próximo dia 27.
Cate Le Bon – SESSÃO 13 . Sábado, 29 de Outubro . 21h00
Para os festivaleiros mais atentos, Cate Le Bon não é um nome desconhecido, uma vez que já este ano deixou a sua presença em Portugal no NOS Primavera Sound. Esta mulher natural do Pais de Gales possui uma voz que consegue ao mesmo tempo transbordar de melodia e beleza, mas carrega sempre um peso sinistro e apavorante, o que torna o seu estilo tão único.
Atualmente, ainda a apresentar o seu mais recente álbum, Crab Day, quarto na sua discografia, lançado pela Drag City, que surgiu após ter trabalhado juntamente com Tim Presley (White Fence) na banda DRINKS, esta decidiu mudar a sua forma de trabalho e experimentar mais instrumentos e novos processos de composição. O resultado foi para a crítica, na sua grande maioria, positivo. Podem ler a nossa crítica ao seu último disco aqui.
Um concerto especialmente para fãs de folk e da nova vaga psicadélica, amantes de boa lírica existencialista, como se uma crise de meia idade fosse cantada numa duzia de malhas. Cate Le Bon promete uma noite diferente, sem dúvida interessante.
Um concerto especialmente para fãs de folk e da nova vaga psicadélica, amantes de boa lírica existencialista, como se uma crise de meia idade fosse cantada numa duzia de malhas. Cate Le Bon promete uma noite diferente, sem dúvida interessante.
Até lá poderão passar os ouvidos pelo seu novo álbum mas também por ultimos trabalhos como Mug Museum, uma ode à separação e solidão que esta nos pode trazer, e também ouvir Me Oh My, uma viagem cantada com uma doce guia, Cate Le Bon. Portanto, preparem os vossos sentimentos pois este será um concerto para ficar marcado na memória.
Liima – SESSÃO 16 . Domingo, 30 de Outubro . 15h00
Liima (“cola” em finlandês) é o resultado da cooperação entre o percursionista Tatu Rönkkö e os dinamarqueses Efterklang, inicialmente uma colaboração temporária, em 2014, para o festival Our Festival (Helsínquia) que acabou por se tornar numa banda “permanente”. Tal como a sua banda antecessora focam-se sobretudo na vertente mais experimental da música, sem medo de arriscar.
Regressam a Portugal, em formato de apresentação do seu álbum editado no ultimo mês de março, tendo escrito uma parte do mesmo na Madeira. ii é um disco que combina muito bem com a banda: é novo, não tem medo de arriscar e trás consigo uma certa aura misteriosa. Liima é, sem dúvida, uma banda a acompanhar e ii é um album que, como diria Fernando Pessoa, “Primeiro estranha-se, depois entranha-se”.
Regressam a Portugal, em formato de apresentação do seu álbum editado no ultimo mês de março, tendo escrito uma parte do mesmo na Madeira. ii é um disco que combina muito bem com a banda: é novo, não tem medo de arriscar e trás consigo uma certa aura misteriosa. Liima é, sem dúvida, uma banda a acompanhar e ii é um album que, como diria Fernando Pessoa, “Primeiro estranha-se, depois entranha-se”.