O Indie Music Fest 2016 marcou-me pela positiva, não só pela forma excelente como recebeu a imprensa (mais uma vez obrigado), mas também, como sempre, pelos seus concertos. Um mês depois de terminar o festival é sempre interessante recordá-lo e a música que tantos uniu.
7- We Find You
Esta edição do festival teve como uma de muitas novidades a existência
de dois concertos secretos (em vez de apenas um como era habitual), com a
participação de bandas não presentes no cartaz (antes eram bandas do cartaz).
Após alguns problemas com o local planeado para o concerto, este acabou por
ser realizado no centro da vila atraindo os mais curiosos e dando alguma
projecção à banda bracarense. Começando com o atraso próprio dos concertos secretos do Indie, tocaram num formato totalmente acústico e durante cerca de quarenta minutos onde, entre originais e covers (como “Walking On Sunshine” de Katrina & The Waves ou “Youth” de Daughter), conquistaram os presentes com a serena voz de David Dias e a guitarra de Miguel Faria.
de dois concertos secretos (em vez de apenas um como era habitual), com a
participação de bandas não presentes no cartaz (antes eram bandas do cartaz).
Após alguns problemas com o local planeado para o concerto, este acabou por
ser realizado no centro da vila atraindo os mais curiosos e dando alguma
projecção à banda bracarense. Começando com o atraso próprio dos concertos secretos do Indie, tocaram num formato totalmente acústico e durante cerca de quarenta minutos onde, entre originais e covers (como “Walking On Sunshine” de Katrina & The Waves ou “Youth” de Daughter), conquistaram os presentes com a serena voz de David Dias e a guitarra de Miguel Faria.
Um concerto descontraído e apaixonante que representou perfeitamente o espírito do festival. Uma banda com muito potencial que poderia perfeitamente ter sido integrada no cartaz “principal”.
6- GANSO
Quase a abrir a tarde do 3º dia chegaram os GANSO, uma banda que apesar de recente e jovem tem dado mostras da sua qualidade. Iniciando o concerto com um jam introdutório seguido “Lá Maluco” deixaram o público (que já enchia o palco) entusiasmado e surpreso com o performance da banda ao vivo. Desde o lançamento do seu EP, os Ganso têm recebido comparações mais ou menos justificadas a Capitão Fausto. Em concerto conseguem distanciar-se bastante dos traços alvos de comparação. Tocando várias jams muito bem conseguidas e Costela Ofendida na íntegra, ainda havia pedidos para “Portuguese Boys” que não foi tocada- Esta escolha foi justificada posteriormente com a afirmação de que a música não faz sentido se não for tocada com José Cid. Perante isto só nos resta esperar por uma tour GANSO + José Cid. Mais tarde o campismo ainda teve uma visita nocturna do vocalista e do baterista.
5- PAUS
Iniciando o concerto de forma quase explosiva, com “Mo People”, os PAUS, despertaram e usaram todos os restos de energia dos “indies” no fim do segundo dia do festival. Como esperado, os temas de Mitra (último álbum que a banda lançou) fizeram as delícias dos presentes pois, como habitual, no Indie, qualquer desculpa para o mosh é bem vinda. Passando por temas como “Pela Boca”, “Bandeira Branca” e “Era Matá-lo” a banda parecia divertir-se e sentir-se ainda mais motivada com o feedback do público,que não parou nem por um segundo. No encore ainda houve tempo para “Pelo Pulso” (uma já antiguinha) e posteriormente, no facebook, um agradecimento especial da banda aos presentes dizendo ter sido um dos melhores concertos da sua carreira.
4- Galgo
Ainda com EP5 mas com Pensar Faz Emagrecer já na bagagem, os Galgo, deram um concerto para o qual o bosque ainda não parecia preparado. Toda a energia e jovialidade da banda foram transmitidos diretamente para o público e imediatamente aproveitados para a dança. Ecoaram malhas já conhecidas e algumas novas, havendo até um momento de subida ao palco de amigos e fãs da banda durante “Torre de Babel”.
Os Galgo deram um concerto excelente que fez com que muitos acreditassem ser o melhor da edição de 2016 do Indie Music Fest. O dia 3 serviu para mostrar como estavam errados, um sinal que a música feita em Portugal é de máxima qualidade.
3- You Can’t Win Charlie Brown
Um dos concertos mais esperados era, certamente, o dos You Can’t Win Charlie Brown. Traziam o seu novíssimo Marrow na bagagem, infelizmente, sem David Santos que não pôde estar presente por motivos de saúde (isto não impediu que pudesse sentir o calor e o amor do Indie). Um concerto particularmente calmo (com os “indies” nunca se sabe), onde todos os presentes, até o maior adepto dos moshes, pararam para apreciar e contemplar o trabalho de uma das mais conceituadas bandas portuguesas. Entre vários temas novos, surgem outras menos recentes como por exemplo “After December”, “Be My World” e “Over The Sun/Under The Water”. Antes de uma destas, Afonso Cabral admitiu sinceramente que esperava outro tipo de recepção (concertos calmos não é característica do bosque), uma recepção mais energética como por exemplo vários crowdsurfs ou até mosh. Foi aí que começaram os crowdsurfs mais lentos da história do festival, dos momentos mais belos que na minha experiência do Indie presenciei.
2- Fugly
A última oportunidade para o mosh nesta edição do festival surgiu com os Fugly um concerto que certamente ficará na memória de todos (principalmente dos fãs da banda). Não só foi o melhor concerto que a banda deu, como também foi o último concerto de despedida de Tommy Hogg. Morning After e toda a sua temática (essencialmente a ressaca) foi representado de forma perfeita não só pelo zumbido nos ouvidos resultante deste concerto, que ainda durou uns dias, mas também pelas saudades que deixou e prováveis mazelas menores resultantes da agressividade do mosh. Durante apenas meia hora (talvez a meia hora mais bem aproveitada), a banda mostrou aos presentes o bom punk que se faz no Porto, apanhando de surpresa todos os que apenas sabiam o nome da banda (ou nem isso). Apesar de parecer impossível, após este concerto, os “indies” ainda tiveram energia para dançar nos seguintes concertos. Mais tarde, após elogiar a banda e a sua atuação recebi um abraço sentido de Pedro “Jimmy” Feio. Não é excelente quando não só a banda é impecável como os seus membros também o são?
1- Octa Push
A fechar o palco principal e quase o festival chegaram os irmãos Guichon mais conhecidos como Octa Push, que trouxeram como convidados Lula (Cachupa Psicadélica) e Catarina Moreno. Com principal foco em Língua, álbum que foi lançado na semana a seguir ao concerto e é um dos melhores discos nacionais deste ano, a banda fez com que todos gastassem as ultimas forças para dançar e divertissem ao fazê-lo. Entre músicas recentes e mais antigas destaque para “Trips Makakas”, que contou com uma projecção de Tó Trips, o mestre da guitarra que colaborou com a banda neste tema, “Please Please Please”, pela participação de Catarina Moreno, e “Xilofone Teteté”, um dos melhores temas do novo disco. Deve também ser referido o importante papel de Lula em maior parte dos temas dando-lhes um novo sentimento e toda a sua capacidade de interagir com o público.
Texto: Francisco Lobo de Ávila