Os melhores álbuns nacionais de 2016

| Janeiro 9, 2017 8:01 pm

Depois de divulgarmos o nosso top geral de 2016, onde a obra final da lenda David Bowie levou o prémio de melhor disco, chegou a altura de publicar os vinte cinco melhores álbuns nacionais que mais se destacaram no ano passado. Muitas foram as bandas portuguesas que lançaram discos em 2016. Villa Soledade dos Sensible Soccers, Peso Morto dos peixe: avião, e o novo álbum de Bruno Pernadas foram os registos nacionais que mais se destacaram para a nossa redação. 



25 – PAUSMitra


24 – The Miami FluToo Much Flu Will Kill You


23 – First Breath After ComaDrifter 


22 – YouthlessThis Glorious No Age 


21 – 800 GondomarCircunvalação


20 – Joana GuerraCavalos Vapor


19 – Filho da MãeMergulho


18 – Sallimisula 


17 – Berlau & AM RamosRed Railbus Sessions


16 – GalgoPensar Faz Emagrecer


15 – The SunflowersThe Intergalactic Guide To Find The Red Cowboy 


14 – Acid AcidAcid Acid 


13 – Samuel ÚriaCarga de Ombro 


12 – KESOKSX 2016 


11 – Ghost HuntGhost Hunt 


10 – Tomba LobosSenja 


9 – Memória de PeixeHimiko Cloud 


8 – IndignuOphelia 


7 – dB4400 OG


6 – Norberto LoboMuxuma 


5 – Black Bombaim & Peter BrötzmannBlack Bombaim & Peter Brötzmann


Lembram-se daquelas publicidades da Optimus chamada “Duetos Improváveis” que costumava juntar bandas e artistas complemantes diferentes para cantar o “All Together Now”? Pois desta vez fomos honrados com a um disco formado pelo amor dos titans do stoner rock português, Black Bombaim, e por uma das personalidades vivas mais influentes do free jazz, Peter Brötzmann. Os Black Bombaim não são estranhos na arte de incluir forasteiros nos seus discos, tendo já colaborado com Adolfo Luxúria Canibal, Isaiah Mitchell dos Earthless ou o falecido Steve Mackay dos Stooges. Contudo nenhum álbum destes homens de Barcelos suou como este. As músicas fluem de forma selvagem liderada pelos constantes improvisos e devaneios, mas, apesar dos excessos, existe um sentimento de confiança transmitido pelos músicos que se traduz na frase “não te preocupes, eu sei o que estou a fazer”.

4 – Jonathan Uliel SaldanhaTunnel Vision


Tunnel Vision é o segundo disco de Jonathan Uliel Saldanha, figura incontornável da cena avant-garde portuguesa e que integra diversos projetos como HHY & The Macumbas, SOOPA, Mecanosphère e Fujako. Seis anos após o seu primeiro disco em nome próprio, Jonathan regressou em 2016 com um dos lançamentos mais desafiantes do ano. Tunnel Vision nasceu da colaboração com o realizador japonês Raz Mesinai para a banda sonora do filme de ficção científica com o mesmo nome, e conta com uma produção fora do comum, cujas gravações foram efetuadas em diversos túneis e caves da cidade do Porto. O som é tenebroso, claustrofóbico e espelha um cenário igualmente assustador. Ouvem-se diversos samples retirados dessas mesmas gravações e não faltam as fanfarras típicas do seu trabalho como HHY & The Macumbas, que apesar do som distinto mantêm a dub como base central do seu som. Como resultado fica um dos trabalhos mais intrigantes e vanguardistas que pudemos ouvir este ano, um verdadeiro exercício de produção que coloca Jonathan Saldanha no patamar de um dos artistas mais desafiadores da cena experimental em Portugal.

3 – Sensible SoccersVilla Soledade


A tarefa do segundo disco pode parecer, para muitos, como algo muito complicado, algo que não se refere, de todo, aos Sensible Soccers. Depois de um disco arrebatador como foi 8, um dos melhores lançamentos nacionais da última década e, quiçá, de sempre (porque não?), eis que os Sensible Soccers regressaram novamente com o seu segundo álbum Villa Soledade, quebrando o tabu da tarefa árdua que é lançar o sucessor de um bom primeiro disco. E a verdade é que Villa Soledade é, de facto, um excelente disco. Não vamos aqui demonstrar favoritismos entre os dois álbuns da banda. São dois excelentes discos, semelhantes na sua estrutura e duração, e que mantêm um registo relativamente próximo. Villa Soledade é um disco coeso e sem excessos, cheio de temas essenciais como “Nunca Mais Me Esquece”, “Villa Soledade” e “Shampom” (nova “AFG”?), e que não traz propriamente um novo som para os Sensible Soccers, mas antes uma afirmação como uma das bandas mais consistentes e eficazes do circuito musical português. 

2 – peixe: aviãoPeso Morto 


Os peixe : avião mostraram na última década que são um dos projetos portugueses mais promissores no que diz respeito à experimentação. A prova disso são os últimos dois álbuns editados pela banda, homónimo (2013) e Peso Morto no início do ano. Peso Morto pode ser considerado como o melhor trabalho da banda que inicialmente era comparada a Radiohead. As abordagens sonoras seguidas neste trabalho tiverem origem na composição de música original para o clássico Ménilmontant de Dimitri Kirsanoff, filme de 1929, após encomenda do Curtas Vila do Conde – Festival Internacional de Cinema. Influênciado por bandas como os Portishead e Swans, Peso Morto vive na escuridão, na percussão feroz e tribal, nos sintetizadores hipnotizantes e psicadélicos, nas guitarras ruidosas e na voz glacial de Ronaldo. Apesar dos singles “Quebra” e “Miragem” serem uma excelente introdução ao quarto disco de estúdio da banda, o maior destaque vai para a coesão sonora apresentada ao longo das oito faixas. Nenhum instrumento se sobrepõe estando todos intercalados de modo a criar uma atmosfera negra e densa. 

1 – Bruno PernadasThose Who Throw Objects At The Crocodiles Will Be Asked To Retrieve Them 


Bruno Pernadas comanda mais uma vez a lista dos melhores álbuns nacionais, depois de o ter feito em 2014 com o seu How can we be joyfull in a world full of knowledge?, um dos álbuns mais inovadores da última década. Seguindo a mesma linha estilística, Those who throw objects at crocodiles will be asked to retrieve them presenteia-nos com uma palete de géneros que vão desde o jazz, space age pop, freak folk e até algum krautrock. É a guitarra que guia harmoniosamente esta “orquestra” sonora, não fosse Pernadas um dos mais virtuosos guitarristas que já vimos atuar. Temas como “Spaceway 70”, “Anywhere in Spacetime” e “Ya Ya Breathe” são obrigatórios para aqueles que querem participar nesta viagem pelo Espaço Sideral.

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