Reportagem: Russian Circles + Cloakroom + Putan Club [Hard Club, Porto]

| Março 18, 2017 9:55 pm
© Ana Carvalho dos Santos

No passado sábado passamos pelo Hard Club, no Porto, para
assistir ao regresso do portento post-rock instrumental Russian Circles, em
mais uma sessão lotadíssima organizada pela Amplificasom, numa sala principal a
abarrotar cheia de fãs fervorosos prontos para mais uma excelente exibição do
trio americano que se apresentava no nosso país pela sétima vez, tendo atuado
na noite anterior no RCA Club em Lisboa. 



No entanto, o certame da noite não se
compunha apenas por uma banda, com os Cloakroom a apresentarem-se pela
primeira vez no nosso país com a sua música de difícil categorização. A
acrescentar a uma noite que por si só já gerava bastantes expectativas, foi
anunciada ainda uma banda surpresa para a abertura dos concertos, e o fator
surpresa não poderia ter corrido melhor já que, depois de alguns imprevistos
que nos impossibilitaram de chegar a tempo do início da atuação, nos deparámos
com um palco vazio ao som de guitarras ensurdecedoras acompanhadas de bateria e
vozes pré-gravadas. 



Tratavam-se, pois claro, dos Putan Club, dupla fervorosa e
irreverente italo-francesa que se encontrava entre o público como já nos vieram a
acostumar ao longo das suas várias passagens pelo nosso país. Do concerto,
pouco foi possível retirar para além do seu discurso final acerca dos
princípios que marcam os Putan Club, a sua ética e opinião em relação ao mundo
e à indústria musical e ao seu ódio pela crítica.


Seguiram-se então os Cloakroom, trio natural do Indiana que
nos trouxe a sua música, que os próprios intitulam de “stoner emo”, uma
expressão algo jocosa mas que demonstra a tarefa complicada que é categorizar o
seu som num só género. Com uma sonoridade que vai desde o shoegaze ao músculo
do post-hardcore, ritmos que bebem do slowcore e uma lírica influenciada pelo
passado emo do vocalista Martin Doyle, ex-vocalista dos Grown Ups, os
Cloakroom subiram ao palco para o desconhecimento de muitos dos presentes que
aguardavam por Russian Circles, o claro destaque da noite. 



Sem grandes falas e
cerimónias, o trio americano iniciou o seu concerto ao som de “Paperweight”, tema de abertura do excelente Further Out, o disco de estreia editado pela
Run For Covers e que recebeu grande atenção na sua performance, passando ainda por
temas como “Moon Funeral”, e “Big World”, o mais recente single
da banda lançado pela Relapse Records a quem se juntaram recentemente e  que integrará o seu segundo longa duração. 



O
momento alto do concerto viria a ser uma bela rendição de “Farwell Transmission”,
uma das canções mais conhecidas de Songs: Ohia, alter ego do malogrado Jason Molina, a quem a banda americana prestou uma bonita homenagem. Em pouco mais de quarenta minutos, os
Cloakroom apresentaram-se de modo exemplar com uma performance respeitável que teria ganho ainda mais se tocada numa sala mais pequena. 



Chegávamos, então, ao momento alto da noite, com os Russian Circes a subirem, por fim ao palco. Depois de várias passagens completamente
esgotadas no nosso país, e de marcarem presença no
Amplifest de 2013, o trio de
post-rock instrumental subiu novamente à sala principal do Hard Club para
apresentar o mais recente disco
Guidance. E foi com os dois primeiros temas de
Guidance que os Russian Circles iniciaram o concerto, com a calma de “Asa” a servir de
introdução para a colossal “Vorel” se seguir imediatamente, demonstrando toda a
sua imponência em palco para regozijo dos muitos fãs que os assistiam com
entusiasmo.

Com uma setlist a rondar um pouco de toda a sua discografia,
os momentos mais celebrados foram, sem dúvida, os temas pertencentes a
Memorial, com “Deficit” e “1777” a receberem grande ovação e aplausos, passando
ainda por “Mladeck”, mais um dos temas favoritos do público a fazer-se sentir
já no fim do concerto que encerrou com “Youngblood”, tocada já durante o encore
inevitável.
  
Apesar da sua sonoridade familiar e caraterística, os Russian
Circles
demonstraram-se, mesmo assim, imponentes e em muito boa forma. O concerto rico em intensidade e riffs abrasivos reforçou o seu percurso como claras
figuras cruciais dentro do género, apresentando um concerto mais que seguro e
dentro do expectável que não terá desiludido, de todo, a sua fanbase,
encerrando assim mais uma noite que se fez triunfante.

Russian Circles + Cloackroom + Putan Club @ Hard Club, Porto

Texto: Filipe Costa
Fotografia: Ana Carvalho dos Santos
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