A menos de um mês de começar um dos principais festivais de música alternativa de Portugal, o NOS Primavera Sound, deixamos aqui algumas escolhas (pessoais) dos editores para o que podem escolher ver nos ecléticos palcos durante os três dias que são esta celebração que junta alguns dos melhores artistas e bandas da atualidade.
8 de junho
Cigarettes After Sex – Cigarettes After Sex (2012)
Uma das bandas mais incitadoras ao fecho das pálpebras está de volta aos terrenos lusos, reencaminhada de Brooklyn para um pavimento ainda verde e numa época primaveril já madura, comparando à sua passagem no Festival Paredes de Coura no último ano. Foi de forma gradual e propícia ao eco instrumental e vocal caraterístico desde 2008 que experimentaram os tímpanos humanos, normalmente habituados a volumes mais altos que o suposto.
Depois do lançamento de uma demo (2011), do EP I (2012) e de alguns singles, destacando “Apocalypse” como o mais recente, seguido de “K.” e os substanciais “Affection” e “Nothing’s Gonna Hurt You Baby”, passam ao lançamento do seu primeiro álbum intitulado de forma homónima. Será alvo de promoção no festival dado o conciliar de alguns temas nele já conhecidos pelo público e que não conseguem fugir ao padrão levitacional que está sempre subentendido, estrategicamente produzido de forma a passar bem a perna aos hipotálamos dos caros ouvintes.
Depois do lançamento de uma demo (2011), do EP I (2012) e de alguns singles, destacando “Apocalypse” como o mais recente, seguido de “K.” e os substanciais “Affection” e “Nothing’s Gonna Hurt You Baby”, passam ao lançamento do seu primeiro álbum intitulado de forma homónima. Será alvo de promoção no festival dado o conciliar de alguns temas nele já conhecidos pelo público e que não conseguem fugir ao padrão levitacional que está sempre subentendido, estrategicamente produzido de forma a passar bem a perna aos hipotálamos dos caros ouvintes.
– Rita Alves
Justice – Woman (2016)
Apontados como um dos cabeças de cartaz do primeiro dia da edição deste ano do Nos Primavera Sound estão os Justice. A dupla francesa está de regresso a Portugal depois de um jejum de meia década. Recorde-se que a última passagem por terras lusas deu-se na edição de 2012 do Optimus Alive. Depois do revolucionário e inovador Crosses lançado em 2007, que serviu de alavanca para a ribalta de música eletrónica e de um quase discreto Audio, Video, Disco lançado em 2011, 2016 foi sinónimo de regresso. E que regresso! Woman nasceu o ano passado e foi recebido com pompa e circunstância pela crítica, que o coloca ao nível do seu primeiro álbum.
De volta estão os ritmos altamente dançáveis, pautados por uma poderosa e sensual linha de baixo conjugada com um vocal que não desilude. São dez faixas que nos traduzem a razão que nos fez apaixonar por estes dois franceses que pintam com cores bem vivas a tela da música eletrónica.
Clássicos como “D.A.N.C.E”, “Civilization” ou “Genesis” não vão faltar num alinhamento que se prevê que incidirá essencialmente no seu último trabalho. Os Justice, através da sua energia e capacidade de pôr qualquer miúdo sedentário a dançar, serão o melhor aperitivo para aquilo que os festivaleiros vão ouvir nos restantes dias no Parque da Cidade, no Porto.
– Edgar Simões
9 de junho
No segundo dia do Primavera, vamos com certeza assistir a uma das maiores enchentes do festival no palco onde vão atuar os acarinhados australianos Pond que partilham vários membros da mesma génese dos Tame Impala. Apesar de há dois anos ter sido um dos melhores concertos realizados em território português, em Paredes de Coura, pecou apenas por ser curto e só agora é que nos presentearam com o lançamento do seu novo e sétimo álbum The Weather.
Espera-se um concerto cheio de energia vindo do irrequieto Nick Albrook (Frontman) e da sua banda que vai promover o seu último trabalho discográfico, onde se dá um novo rumo para sonoridades mais dançantes, com synths a relembrar os estrondosos êxitos característicos do Disco-Funk, dos anos 80. Em “Colder Than Ice”, denota-se essa mesma faceta disco de um teclado supersónico, juntamente com o groove do baixo a ecoar nas nossas cabeças, à medida, que somos engolidos pela constante repetição do refrão “C-c-c Colder Than Ice”.
Depois desta mudança algo radical de registo, em que largaram o psych/garage rock dos primeiros álbuns, estamos expetantes de como irá ser a receção do público português, perante a lembrança que ficou do pandemónio de mosh-pit e crowdsurfing que restou na nossa memória, da sua última aparição em palcos portugueses.
– Eduardo Coelho
10 de junho
Metronomy- Summer 08 (2016)
Para o último dia do festival ficou reservado a irreverente indie dos Metronomy. A banda britânica regressa aos palcos nacionais depois de em 2015 terem abrilhantado o palco secundário do NOS Alive. E que saudades deixaram.
Passados dois anos, a banda encabeçada por Joseph Mount adicionou à sua discografia mais um trabalho. Intitulado de Summer 08, o seu quinto álbum de originais, foi lançado em 2016 sucedendo ao Love Letters de 2014. No seu alinhamento temos dez faixas que comprovam a genialidade criativa do seu frontman. Continuam melodicamente irrepreensíveis, com uma linha de baixo que transborda sensualidade e uma componente eletrónica que nos faz hesitar quando colocamos os Metronomy na gaveta indie. É um álbum que facilmente fazia parte da banda sonora daquelas noites de verão em que ficamos junto ao bar da piscina a beber cocktails e a conversar com os nossos amigos.
No palco do Parque da Cidade podemos esperar uma banda com um comportamento irrepreensível, sempre esforçados e exímios no manejamento de cada instrumento. “The Bay”, “The Look” ou “I’m Aquarius” são obrigatórias no alinhamento do concerto mas também as fresquinhas “Old Skool” ou “Night Owl” irão fazer mexer os esqueletos de todos os fãs.
– Edgar Simões
Mitski – Puberty 2 (2016)
Nascida no Japão, filha de mãe japonesa e pai americano, Mitski passou grande parte da sua vida entre viagens e mudanças por países como Japão, Turquia, República do Congo, fixando-se por fim em Nova Iorque em 2010, onde estudou e terminou o seu curso. Editou quatro álbuns desde 2012, e foi com Bury Me At Makeout Creek que começou a criar algum burburinho na crítica mais especializada. Puberty 2 é o quarto e mais recente disco de Mitski, editado em 2016 e que receberá mais atenção na sua estreia em Portugal.
Novamente aclamado pela crítica, Puberty 2 marca um pulo na carreira de Mitski e traz uma sonoridade refrescante e poderosa, de guitarras explosivas e uma lírica extremamente íntima e tocante, onde reflete honestamente sobre o seu passado atribulado e as suas dificuldades de integração. As expectativas são altas para esta estreia aguardada e poderão ser comprovadas no dia 10 de junho.
-Filipe Costa