Road to: NOS Primavera Sound #1

| Maio 12, 2017 6:50 pm
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A menos de um mês de começar um dos principais festivais de
música alternativa de Portugal, o NOS Primavera Sound, deixamos aqui algumas
escolhas dos editores para o que podem ver nos ecléticos
palcos do Parque da Cidade durante os três dias que são esta celebração que junta alguns dos
melhores artistas e bandas da atualidade.
 
8 de junho
 
Flying Lotus – You’re Dead! (2014)
 
Um dos mais originais compositores dentro do campo do
hip-hop, Flying Lotus, de seu nome original Steven Ellison, ganhou
reconhecimento pela maneira experimental com que trabalha dentro do seu campo
musical. A sua música, para além de conter elementos de hip-hop,
apresenta influências de musica eletrónica e free jazz (não seria este familiar
do grande saxofonista, John Coltrane). Para além dos elementos musicais,
incorpora um imaginário digno de quem passou grande parte da sua infância a ler
comics da Marvel e a ver desenhos animados do Cartoon Network.
 
Todos estes constituintes podem ser ouvidos no seu mais
recente álbum. As primeiras quatro músicas instrumentais são uma obra prima do
hip-hop com influências psicadélicas e introduzem “Never Catch Me”, que inclui
a voz de nada mais nada menos que Kendrick Lamar. Para além deste, podemos
encontrar colaborações não só de músicos atuais como Snoop Dogg, Thundercat, e
outro alter-ego de Steven Ellison, Captain Murphy (persona que o próprio adota
quando faz rap), Kamasi Washington, mas também icónicos músicos intemporais como
Herbie Hancock e Ennio Morricone.

 

 
Um dos concertos que mais curioso estou para assistir, uma
vez que estou curioso para ver como é que FlyLo executa todos estes complexos
sons fora de estúdio.
 
– Hugo Geada

 


9 de junho
 
King Gizzard & The Lizard Wizard – I’m In Your Mind Fuzz
(2014)
 
 
Sem dúvida uma das bandas mais excitantes da atualidade,
estes grupo de sete australianos estiveram pela última vez em Portugal no
Vodafone Paredes de Coura, naquele que foi um dos mais excitantes concertos da
edição. O seu regresso é marcado pela notícia do início do ano em
que prometeram lançar 5 discos em 2017, ou seja desde o último
concerto destes, já lançaram um álbum novo, Flying Microtonal Banana e estão a
preparar-se para lançar mais um, Murder of the Universe, décimo álbum em 5 anos
(!).
 
Contudo, o álbum que vou falar é, pessoalmente, o meu
preferido e aquele (que tal como a mim) introduziu uma quantidade incrível de
fãs para a música deste conjunto. Para começar, os primeiros 12 minutos e 30 segundos são os
melhores minutos que alguma vez entraram num álbum de garage rock. As músicas
consistem em “I’m In Your Mind”, “I’m Not In Your Mind”, “Cellophane” e “I’m In
Your Mind Fuzz”. Estas costumam ser apresentadas nos concertos em formato de
medley, concebendo um efeito imprevisível que, acompanhado pela velocidade e
energia com que eles concebem este momento musical, fazem jus ao nome do álbum.
 
Apesar do restante álbum não ter muito espaço na já
saturada setlist, é de salientar momentos como a faixa que dá o álbum por
finalizado, “Her and I”, ou “Hot Water,” liderada pelos calmos instrumentos de
sopro, e sem esquecer a épica, “Am I In Heaven?”, que a banda tem tocado de vez
em quando nos concertos.
 
– Hugo Geada

 


Nicolas Jaar – Sirens (2016)
 
Falar em Nicolas Jaar é falar num dos nomes mais relevantes
do atual panorama da música eletrónica. O produtor americano está de volta ao
nosso país para se afirmar como um dos principais agentes do renascimento do
género. Sobe ao palco no segundo dia do festival e na bagagem traz o
seu último trabalho lançado no ano passado, Sirens. Um álbum repleto de fortes
mensagens políticas e socias influenciadas pela atual situação do Chile, o seu
país de origem. 
 
Muito aclamado pela crítica, o seu segundo LP tem na sua
composição faixas como “Killing Time” e “No”, duas músicas que com certeza farão parte da sua setlist e que demonstram bem a versatilidade musical do
artista, tal o contraste de sonoridades e de melodias. Apontado por muitos como um nome de culto, Nicolas Jaar não
irá desapontar os seus fãs portugueses, servindo-lhes uma dose de uma
eletrónica misteriosa, irreverente e que não deixará nenhum corpo estático.
 
– Edgar Simões

 


10 de junho
 
The Black Angels – Death Song (2017)
Os reis psicadélicos de Austin voltam a Portugal depois de
terem estado na edição de 2014 do Reverence Valada. E que saudades deixaram.
 
Vêem apresentar o seu novo álbum, Death Song, alusão ao
nome da música dos The Velvet Underground onde estes retiraram o seu nome, “The
Black Angel’s Death Song”, naquele que é o álbum com mais conotações politicas
e mensagens de intervenção. Por exemplo, em “Medicine” estes criticam a
indústria farmacêutica e em “Currency” espetam uma faca no sistema capitalista.
 
Com o seu som, sempre muito visual, este pode levar-nos a uma viagem a um campo de morangos (referência aos beatles) nos anos 60 na Califórnia, como tão depressa nos fazem embarcar numa bad trip alucinogénica. Esta variação, de momentos felizes para passagens mais introspetivas, é o que tornam os Black Angels uma banda tão especial. No final do álbum podemos sentir esta variação com a épica “Life
Song”, onde o sombrio instrumental contrasta com a esperançosa letra da música.
 
– Hugo Geada



Weyes Blood – Front Row Seat to Earth (2016)
 
 
Esta bela jovem americana começa a ser presença assídua por
terras lusas, sendo que desta vez vai pisar um palco maior, digno do seu
talento, o do NOS Primavera Sound no Porto.
 
Weyes Blood inspira-se no seu folk psicadélico influenciado
desde Fleetwood Mac a Joni Mitchell, sempre com o toque lo-fi
que representa os gloriosos finais dos anos 60. Em Outubro de 2016 lançou o seu
aclamado álbum Front Row Seat to Earth,
onde se afirmou como uma artista em ascensão graças aos largos elogios da
crítica e a quem devemos dar uma atenção especial ao seu futuro trabalho
discográfico.
 
Podemos ouvir no sucesso de “Seven Words” que é uma canção
retratada nos sentimentos amorosos e numa melancolia de um baixo bem vincado
ligada a uma secção rítmica que acompanha na perfeição as linhas de guitarra e
um órgão angelical que parece que estamos a ouvir o “Oceano Pacífico” numa
viagem de regresso a casa numa madrugada de nevoeiro.
 
Naquilo que será um possível magnífico dia quente do
Primavera, certamente, será um dos concertos mais aguardados, que irá aquecer
muitos corações bem como satisfazer os fãs mais acérrimos desta artista
que nos brinda com a sua voz delicada.
 
– Eduardo Coelho

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