©Mariana Prata / comUM |
Aguardávamos, então, lugar para o grande destaque da noite com o aguardado regresso de Perfume Genius a Portugal. No Shape foi o disco que serviu de mote para a tour de Mike Hadreas com passagem única na maior sala bracarense, e a ocasião era de grande expectativa já que esta primeira noite se apresentou como a mais lotada de duas. Acompanhado por três companheiros de banda, Hadreas entrou em palco em vestimentas vistosas e brilhantes, numa espécie de veludo dourado e sapatos com purpurina que não deixaram ninguém indiferente. Sem grandes palavras mas com uma presença enorme, o artista norte-americano deslizava pelo palco em movimentos que transpiravam suavidade, delicadeza, liberdade e muita sensualidade, percorrendo temas da sua ainda curta mas inovadora discografia. Iniciando o concerto com o tema de abertura do seu mais recente disco, seguiram-se de imediato “Longpig” e “Fool”, dois dos temas que integram o antecessor Too Bright, de 2014. “Normal Song” e “All Waters”, singles que o colocaram nas bocas do mundo aquando do lançamento de Put Your Back N 2 It, em 2012, trouxeram o lado mais íntimo e frágil da performance que até lá se apresentara maioritariamente agitada e energética. “Grid” e “My Body”, por outro lado, foram os temas responsáveis por trazer o lado mais industrial e estridente da performance, com apontamentos de sintetizador e samples caóticos que nos remetem para os experimentalismos dos Throbbing Gristle, de Genesis P-Orridge.
Com “Slip Away”, single de avanço de No Shape, chegávamos ao fim da atuação, que retornaria de imediato para o previsível encore, iniciado com duas bonitas rendições a solo tocadas em piano. Seguiram-se mais dois temas ao lado de Alan, o teclista e namorado de Mike Hadreas que contribuiu aqui para um dos momentos mais enternecedores do concerto. Já com a banda toda em palco, houve lugar ainda para ouvir “Hood” e a inevitável “Queen”, um dos mais célebres e aclamados temas de Perfume Genius, culminando assim um concerto arrepiante onde o corpo e a sexualidade foram celebrados de modo gracioso e belo, merecendo uma enorme ovação de pé por parte de um público extremamente satisfeito.
A noite não se ficaria por aqui, já que a música prosseguia no gnration com os leirienses First Breath After Coma. Influenciados por bandas como M83, Sigur Rós e Explosions In The Sky, a banda de post-rock apresentou os temas do seu mais recente disco Drift, passando por “Salty Eyes” e ainda “Umbrae” que, assim como no disco, contou com a presença de David Santos (Noiserv). Melodias bonitas e as alternâncias entre silêncios e clímax intensos típicos do género foram alguns dos pontos que marcaram esta atuação para uma Blackbox totalmente lotada.