Como fãs incondicionais do rock psicadélico não conseguimos compreender se a “moda” passou ou não. Certo é que 2017 foi um ano cheio de discos de nível, pelo que pedimos ao Pedro Figueiredo Guerra para te facilitar a vida: escolher os 5 melhores.
PAPIR – V
Os Papir são das melhores prendas que a cena psicadélica europeia nos ofereceu na última década. Filhos prodígios da El Paraíso Records, editora criada pelos membros de Causa Sui, a banda de Copenhaga chegou a 2017 com um disco diferente. Numa abordagem mais espacial do que rockeira, o 5º LP da banda é um cruzeiro experimental com paragem obrigatória nos tops deste ano.
Mother Engine – Hangar
Os Mother Engine são uma daquelas bandas alemãs que conhecemos desde que rebentou o ‘boom’ do stoner-rock, cerca de 2010. Na altura, de tão fanáticos que éramos, buscávamos qualquer disco que qualquer blog nos oferecia, numa práctica que se manteve ao longo dos anos e que nos permitiu uma boa triagem às bandas da cena. Os Mother Engine eram uma delas, e apesar da memória nos resgatar boas indicações, eram tipo “os campeões da 2ª divisão”. Em 2017 mandaram a nossa opinião à bardamerda com Hangar enquanto se iam em direção à “Liga dos Campeões”, com direito a um dos concertos do ano, ali no Cave 45. Disco Top!
Minami Deutsch – New Pastoral Life
Apesar deste disco nascer em 2016, foi este ano que os Minami Deutsch se deram a conhecer em Portugal, aproveitando o embalo nipónico concedido pelos Kikagayo Moyo, com quem partilham membros e a Guruguru Brain, editora por eles fundada. Mal ouvimos o disco pela primeira vez, chamamos-lhes logo de “Föllakzoid do Japão“, numa mescla de kraut-rock com sons tipicamente orientais que encaixam que nem um mimo. Imperdível, tipo Oliver Tsubasa do rock psicadélico.
Kungens Män – Dag and Natt
Chegados da Suécia, os Kungens Män tocam desde 2012 e são das pérolas mais bem guardadas da blogosfera. Com fome de improviso e experimentação, este é o disco mais versátil da lista, tamanhos são os quadrantes a que chegam com o kraut como camada principal. O colectivo escandinavo vai do noise ao free-jazz, passando pelo shoegaze e por onde bem entenderem, sem uma linha pré-definida do caminho a percorrer. O que importa é que esteja a gravar, e neste disco agradecemos por cada um dos 80 minutos.
Radar Men From the Moon – Fuzz Club Sessions // Subversive III: Spelende De Mensa
Conhecemos os Radar Men From the Moon aos tempos, e os dois primeiros discos foram absolutamente incríveis e de boa digestão. Algures por aqui, no meio do terceiro lançamento e de umas quantas colaborações fomos perdendo o interesse, talvez porque a abordagem mais electrónica que assumiram não funcionasse tão bem em disco como em concerto. Isto porque nesta live session, gravada para a Fuzz Club (senhora editora), recolhem malhas que em disco nunca nos puxaram muito mas parecem resultar bem aqui. Entretanto lançaram um álbum no início deste mês, mas esta lista já estava fechada. Fica para o ano, mas fica o link.
Texto por: Pedro F. Guerra e Luís D. Masquete
Ilustração: Inês Dixe