Julia Holter sedimentou-se como compositora essencial dos nossos tempos, aprofundando a pop, tornando-a num registo artístico profícuo de tacto barroco. Regressa agora à ZDB para um concerto fora de portas no Capitólio a 29 de Maio (dia 27 no Centro Cultural Vila-Flor e 28 no Teatro Municipal da Guarda). Espectáculo muito especial, inserido nas comemorações do 25º aniversário da ZDB, que apresentará ao longo de todo o ano uma série de concertos fora de portas.
Na música de Julia Holter há lugar para inúmeros espaços, todos eles ocupados de tudo e até de silêncios que podem parecer vazios, embora sejam esculpidos para se preencherem de respirações que ficam em suspenso. Aviary, editado em 2018, é o seu quinto disco oficial. É mais um lugar suis generis na obra da compositora, um disco repleto de referências, que no entanto, não descura os arranjos vocais ousados regularmente presentes nos trabalhos do passado. Conferem-se momentos de expansão ilimitada, reflectem-se inspirações assumidas — Kate Bush, cânticos tibetanos e música medieval — reconstruindo-se sobre teclas vulneráveis, formando fortalezas sonoras que se aparentam efémeras, mas renascem robustas e culminam em noventa minutos de belas canções. Julia Holter subirá ao palco do Capitólio na presença de sete músicos, momentos de partilha e imponência contrastantes com a solidão do passado, em que a introspecção se agitava no epicentro da sua excentricidade musical.
The Drought (PAN records) é o mais recente trabalho de Puce Mary que cruza o industrial com sonoridades bizarras, uma estreia em Lisboa a acontecer já no próximo dia 20 de Março, com os madeirenses Rui P. Andrade & Aires na primeira parte. E imediatamente na semana seguinte sentir-se-à a sensibilidade pós-humana, por vezes próxima de Arca ou Tim Hecker, do iconoclasta Croatian Amor que põe em prática a melhor feitiçaria em prol de um registo que não pertence ao mundo real. Loke Rahbek apresenta o seu mais recente trabalho Isa (2019) em primeiríssima mão na ZDB no dia 29 de Março. A estes nomes juntam-se os já previamente anunciados Downtown Boys (8 Março), Sarah Davachi (13 Março), Colin Stetson na Igreja de St. George (8 Abril) e Giant Swan (16 Abril).
Josephine Foster, nome incontornável da história da folk norte-americana dos últimos 15 anos, apresenta-se também no aquário do Bairro Alto no dia 3 de abril. A artista apresenta-se em formato quarteto, contando com a colaboração de Victor Herrero, Rosa Gerhards e Josefin Runsteen .