A BoCA – Biennial of Contemporary Arts, está de regresso a Portugal. Lisboa, Porto e Braga são as cidades escolhidas para a realização da bienal de artes contemporâneas que tem a sua segunda edição entre 15 de março e 30 de abril de 2019. Com direção artística e programação de John Romão, a BoCA tem como missão a promoção da criação contemporânea, com especial atenção para propostas de caráter transversal mediante quatro eixos de atuação: produção, programação, difusão e educação artística.
Para a sua segunda edição, a BoCA volta a contar com uma programação pluridisciplinar que vai da instalação à performance, passando pelo cinema, a multimédia e a música. No último campo, os destaques vão para as performances de Linn da Quebrada, Caterina Barbieri (na foto) e Wolfgang Tillmans. O último, que expôs No Limiar da Visibilidade em Serralves em 2016, irá partilhar, num acontecimento inédito, aquele que é descrito como “o lado mais obscuro da sua arte”: a música eletrónica. O concerto Before I Knew It tem lugar no Lux Frágil, dia 12 de abril.
Caterina Barbieri regressa ao país depois de ter atuado, pela última vez, no Salão Medieval da Reitoria da Universidade do Minho, aquando da oitava edição do festival Semibreve, em Braga. A música e compositora italiana é uma das porta-vozes da eletrónica progressiva moderna de agora, explorando na sua linguagem minimalista e sintética o potencial dos sintetizadores modulares. A tenra mas entusiasmante discografia da produtora conta edições por selos tão respeitados como a Caussana ou a Important Records, por onde editou o belíssimo Patterns of Consciousness, de 2016, e o mais recente Born Again In the Voltage, de 2018. Apresenta-se na capital nas Carpintarias de São Lázaro, dia 23 de março, rumando ao norte para uma atuação no Passos Manuel, no Porto no dia seguinte.
Linn da Quebrada é a artista multidisciplinar, MC e ativista trans mais audaz e necessária a sair do Brasil. Pajubá, o seu primeiro trabalho longa-duração, é o mote para o regresso ao país que visitou pela última vez em 2018, com três datas distribuídas pelo Porto e Lisboa. Na BoCA 2019, Linn da Quebrada apresenta-se no Lux Frágil, em Lisboa (dia 30 de abril) com uma equipa de DJs, vocalistas e bailarinos, entre os quais BadSista, Jup do Bairro, a percussionista Dominique Vieira e o DJ Pininga.
Ainda na música, o Coro Gulbenkian irá cantar Stimmung, uma das mais notáveis peças do compositor alemão Karlheinz Stockhausen. Concebida para seis vozes solistas, a obra é agora deslocada para um dos templos da nossa contemporaneidade – a discoteca (Lux Frágil, dia 5 de abril). Jonathan Saldanha é mais um dos interveninetes da programação. O artista pluridiscplinar, conhecido pelas contribuições em projetos como HHY & The Macumbas, Fujako ou Mécanosphère, irá desenvolver um projeto de investigação que surge a convite da Escola das Artes – UCP para o desenvolvimento de uma peça vocal que reflete os arquétipos da paixão de Cristo. Scotoma Cintilante parte de uma mundivisão onde a relação tátil com a matéria inanimada é a fonte primordial da construção do som. Integrando uma escultura e um coro de cegos, este concerto-performance inscreve-se entre matéria e anima, pré-linguagem e superfície. Para ver dia 9 de abril no Auditório Ilídio Espinho, no Edifício das Artes da Universidade Católica Portuguesa.
Ainda no contigente nacional, a programação integra também performances de Adolfo Luxúria Canibal, João Pais Filipe e Gabriel Ferrandini, assim como dj sets assinados por Terzi, Nídia e Black.