No que diz respeito ao circuito da música exploratória em Portugal, o festival Madeiradig é um dos mais importantes. Alva Noto, Fennesz, William Basinski, Tim Hecker, Oneohtrix Point Never ou Grouper são alguns dos nomes passaram pelo evento que se divide entre o Centro das Artes Casa das Mudas, na Calheta, e a Estalagem da Ponta do Sol, que organiza o festival desde 2004.
Este ano, o Madeiradig decorre entre 29 de novembro e 7 de dezembro, e o cartaz da 16ª edição já é conhecido. O americano David Rosenboom e a contemporânea Frances-Marie Uitti, cujo trabalho integra inúmeras colaborações com compositores lendários como John Cage, Giacinto Scelsi e Iannis Xenakis, farão a sua estreia no acontecimento. Aos pioneiros da música experimental americana junta-se Heather Leigh, também americana cujas explorações de voz e guitarra a levaram a colaborar com atos de culto como Jandek ou o saxofonista alemão Peter Brötzmann.
Liz Harris, conhecida pelas suas composições bucólicas enquanto Grouper, regressa à Madeira com o seu mais recente projeto – Nivhek. Já com data marcada para Lisboa em novembro, a cantora-compositora americana passará ainda pelo festival para apresentar After Its Own Death / Walking in a Spiral Towards the House, um trabalho prolongado que junta colagens opacas de mellotron, guitarra, gravações de campo, fitas e pedais FX quebrados, desenvolvidas durante e depois de duas residências nos Açores e em Murmansk.
Drew McDowall, nome histórico da música industrial e membro dos seminais grupos Coil, Poems e Psychic TV, regressa também para a segunda data em Portugal este ano. Depois da confirmação na próxima edição do festival Semibreve, o músico britânico volta com a mesma premissa: revisitar os temas de Time Machines, disco essencial de 1998 forjado ao lado de John Balance e Peter Christopherson, membros fundadores dos Coil.
A nova música sueca também estará bem representada: Hanna Hartman, membro da Akademie der Künste, em Berlim e vencedora do prémio Karl-Sczuka de arte radiofônica e Maria w Horn, cujo trabalho incorpora síntese analógica e digital, juntam-se a um programa de luxo que integra ainda a norte-americana Kali Malone. Sediada em Estocolmo, o trabalho de Malone implementa também sistemas de síntese analógica e digital, combinadas com instrumentação acústica como o órgão, cordas, coro e instrumentos de sopro. The Sacrificial Code é o seu mais recente trabalho e um dos mais admiráveis discos de 2019.
O guitarrista português Manuel Mota e a baixista Margarida Garcia, o duo multidisciplinar GUO, formado pelos londrinos Daniel Blumberg e Seymour Wright, o lendário cantor, poeta e compositor japonês Keiji Haino e os cineastas e exploradores sonoros Priscilla Telmon e Vincent Moon, que se juntam novamente ao produtor libanês Rabih Beaini para apresentar o filme-concerto Híbridos, Os Espíritos do Brasil, completam o programa de concertos.
O programa completo do festival já pode ser consultado:
Sábado, 30 de novembro
MUDAS
Frances-Marie Uitti
GUO
Katharina Ernst
After-sessions (Estalagem da Ponta do Sol)
HOPS
Domingo, 1 de dezembro
MUDAS
Nivhek
Drew McDowall
After-sessions (Estalagem da Ponta do Sol)
Friends & Family Night
Segunda-feira, 2 de dezembro
MUDAS
Kali Malone
Manuel Mota & Margarida Garcia
After-sessions (Estalagem da Ponta do Sol)
Michael Rosen & Vlada
Terça-feira, 3 de dezembro
MUDAS
Hanna Hartman
David Rosenboom
CC John dos Passos
Práticas de Improvisação – workshop com Manuel Mota
Quarta-feira, 4 de dezembro
CC John dos Passos
Práticas de Improvisação – workshop com Manuel Mota
Daniel Bolba & Diogo Carriço – live act + talk
Quinta-feira, 5 de dezembro
CC John dos Passos
Performance / videomapping – Margarida Menezes + Glitch Visuals
Sexta-feira, 6 de dezembro Estalagem da Ponta do Sol