Fica hoje disponível, online, o segundo disco de originais do percussionista e escultor sonoro João Pais Filipe. Sun Oddly Quiet terá ainda edição em formato CD numa parceria entre a Lovers & Lollypops e a Holuzam. O novo longa duração já pode ser ouvido online no bandcamp da editora, onde está também já disponível a opção de encomenda do CD. Para assinalar o lançamento, o músico dará um concerto online hoje, pelas 18h00, onde apresenta pela primeira vez os 4 temas que compõem o disco. O mesmo estreará no YouTube da Lovers & Lollypops, com um apelo para o donativo consciente dos espectadores.
Ao longo das quatro composições de Sun Oddly Quiet, João Pais Filipe abre um diálogo com o ouvinte. Seja ele um regressado do álbum homónimo (Lovers & Lollypops, 2018), um conhecedor do envolvimento com os HHY & The Macumbas, CZN ou das colaborações com Evan Parker, Rafael Toral, Black Bombaim e Burnt Friedman. Ou mesmo alguém que se cruze pela primeira vez com os ritmos do músico nascido no Porto em 1980. A conversa entre o músico e o outro lado existe para João Pais Filipe abrir o portal do seu domínio e desafiar quem entrar a entender a singularidade dos intrincados ritmos que dão vida a XV, XIII, XI e V.
No primeiro álbum inspirou-se na electrónica/dança/techno que evoluiu da percussão do krautrock para espernear à vontade o talento. Em Sun Oddly Quiet, logo em “XV”, abandona, com todo o voluntarismo, as preconcepções que existem e aventura-se por numa nova estrada sem qualquer mapa. Está a tactear terreno novo na carreira a solo, evidenciado que não quer uma única associação ao seu trabalho, e que o ouvinte o perceba como um compositor/percussionista e não apenas como uma só dessas partes. Só que João Pais Filipe sabe para onde vai esse novo e desconhecido, porque já fez esse caminho vezes e vezes sem conta. É um músico sem medo do que está além.
Essa expansão criativa – e também motivacional – é empurrada por outra relação que João Pais Filipe tem com os seus instrumentos, enquanto construtor de gongos e pratos. Um conhecedor da sua matéria-prima que ousa a que o instrumento soe mais do que o seu propósito e que possa cantar mantras através de ritmos.
Maturado pelas diferentes experiências que João Pais Filipe viveu ao longo dos últimos três anos, as colaborações que desenvolveu com outros músicos, a descoberta regular de enfrentar um público a solo e viagens a África, Ásia e América Latina que permitiram os seus músculos colaborar com outras linguagens percussivas, Sun Oddly Quiet ouve-se com a sensação de um álbum idealizado com a certeza de quem sabe o hoje e o amanhã. Para o ouvinte é um mapa de um lugar incerto; um, dois, três ou quatro mantras com coordenadas exactas sobre como fazer música percussiva em 2020.