The Humm é a segunda parte do projeto ambiental de Sarnadas, artista pluridisciplinar sediado no Porto e um dos cabecilhas do colectivo Favela, seguindo-se a The Hum. O registo, gravado ao longo de dois dias durante sessões do qual resultaram oito horas de música, é fruto de um processo de trabalho do acaso, em que um sintetizador caseiro processado por um mixer e modelado por alguns pedais cria uma série de camadas de som, cuja relação e pequenas oscilações controladas pelo produtor resultam num conjunto de oito peças de música orgânica, calma mas carregada de nuances.
Ao longo do primeiro disco, Sarnadas criou uma série de peças mais negras, com sons saturados a sobrecarregar sentidos e criar imagens que ultrapassam a realidade. Em The Humm, quase num exercício de oposição, o músico criou peças mais próximas do despertar do que de um sonho lúcido, em que cada espaço absorve luz e as suas formas se tornam mais claras.
The Hum é o desdobrar de mais uma das facetas de Sarnadas, também conhecido como João Sarnadas, ou simplesmente Coelho Radioactivo, com um foco claro na melodia e nas possibilidades musicais da sobreposição de elementos simples, alterados ao longo do tempo. É, também, enformado pela ideia de que cada cidade tem a sua harmonia única, levando o produtor a focar-se nas cidades do Porto e Aveiro, de onde é nativo, nas suas artérias e no conjunto de sons que compõem os seus drones específicos.