‘Xando’: Já saiu o álbum de estreia d’As Docinhas

| Maio 11, 2021 5:40 pm

© Rafaela Almeida

Xando é o primeiro álbum d’As Docinhas e já está disponível em todas as plataformas de streaming. Mais do que uma estreia, marca uma homenagem a Alexandre, que se suicidou em 2017, e foi “criada no dia da sua morte”, segundo explicam em declarações à Threshold Magazine.

As Docinhas são uma instalação sonora e visual desenvolvida para transformar o espaço e tomar conta do tempo no contexto de cada pessoa que nos encontra virtualmente ou ao vivo”, contam-nos Cire e Lee. Vêm de Viana do Castelo, que, “por vezes, é uma cidade deserta”.

“Nós, sedentas, sempre usámos o aborrecimento como gasolina para o nosso processo criativo”, dizem, ao recordar tempos passados a rasgar calças, tocar violino e gravar músicas com recurso a um telemóvel. Com a partida de Alexandre, As Docinhas decidiram ser apenas duas, mas nem por isso deixam de acolher na sua produção musical o esforço artístico colaborativo.

“Criamos todas as músicas e letras e convidamos várias pessoas que nos são próximas e/ou acreditam no projeto a participar”, acrescentam, concluindo que “o nosso processo de criação só existe por e é dependente de quem nos rodeia e inspira”. O método de composição “não é suportado por progressões harmónicas, melódicas ou rítmicas”. É, sim, “uma instalação, pois não há letra que não pinte uma imagem móvel” ou tão pouco “uma ideia que não venha de um estado de espírito concreto e real, não necessariamente consciente”.

“Por acaso, calhou de usarmos instrumentos para explicar a nossa vida e as nossas ideias”, revelam. Nesse acaso multidiscplinar e interpessoal, tem também lugar o improviso, patente na escolha dos
músicos e na “criação de figurinos, direção e produção de videoclipes”. 

Caracterizam as suas vidas como um “brainstorm”. Depois da tempestade, “os bocados de madeira das casas destruídas são apanhados do chão e organizados para montar uma cabana, que irá acolher o fruto final da criatividade que a bonança deu à luz”, descrevem.

Assim se dá a catarse: “Fazemos músicas, tocamos as músicas e ficamos malucas. As
pessoas são malucas. As pessoas ficam malucas. As pessoas querem fazer coisas. As
pessoas querem fazer coisas que lhes fazem sentido”. 

Xando reúne sete faixas que pairam entre o inglês e o português, a euforia e a devastação, num registo livre e garrido que corre géneros tão distintos como o punk, o pimba, o fado e o lo-fi, entre vários outros. Podes conhecer o álbum abaixo ou, se estiveres pelo Porto na sexta-feira, tens também oportunidade de o ouvir ao vivo na Casa Bô. Os bilhetes são reservados por mensagem e o pagamento é feito no local.

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