Jon Hassell, influente trompetista, compositor e pioneiro da música do quarto mundo, faleceu este sábado aos 84 anos. “Após pouco mais de um ano de luta através de complicações de saúde, Jon morreu tranquilamente às primeiras horas da manhã de causas naturais”, confirmou a família num comunicado publicado na página de Facebook do artista norte-americano.
Nascido a 22 de março de 1937 em Memphis, no Tennessee, Jon Hassell formou-se na Eastman School of Music, em Nova Iorque, antes de se mudar para a Cologne Course for New Music, na Alemanha, onde estudou sob a orientação do compositor Karlheinz Stockhausen. Regressado aos Estados Unidos, em 1967, Hassell conhece Terry Riley, com quem colaborou na primeira gravação da seminal obra In C, e junta-se ao Theatre of Eternal Music de La Monte Young. “Esta experiência americana de estar perto de Terry e mais tarde La Monte Young foi um ótimo antídoto para a experiência europeia com Stockhausen”, explicou à revista online Perfect Sound Forever em 1997. “Entrar em contacto com pessoas que estavam preocupadas em sentir-se bem através da música – não apenas como um exercício intelectual. Foi mais holístico. Falou para o corpo todo”. Hassell, Young, Riley e Marian Zazeela viajaram posteriormente para a Índia para estudar com o mestre indiano Pandit Pran Nath, com quem o músico aprendeu a desenvolver as distintas “caligrafias sónicas” do seu trompete.
O seu álbum de estreia, Vernal Equinox (1977), propôs novas maneiras de pensar o som, articulando primeiramente os conceitos de música do quarto mundo, “um som primitivo/futurista” que combina “características de estilos étnicos mundiais com avançadas técnicas eletrónicas”, explicava Hassell anos depois do seu lançamento. A designação só surgiria três anos depois, em 1980, quando, ao lado de Brian Eno, edita Fourth World, Vol. 1: Possible Musics. Em 2007, Eno escreveu um ensaio intitulado The Debt I Owe to Jon Hassell.
Ao longo dos anos, Hassel colaborou com os nomes de Talking Heads (tocou trompete nas gravações do histórico Remain in Light), Peter Gabriel, David Sylvian e Tears For Fears. O seu último álbum, Seeing Through Sound, saiu em 2020 através da sua editora Ndeya.
Atuou duas vezes em Portugal, no Teatro Maria Matos, em 2009 e 2013.
