José Pedro Pinto é um compositor e instrumentista viseense, formado em guitarra clássica pelo Conservatório de Música de Viseu. A sua música combina essa formação clássica com a severidade da guitarra acústica de 12 cordas e a imponência do órgão de tubos – instrumento para o qual edita, em 2021, o álbum Misericórdia, gravado no histórico órgão da Igreja da Misericórdia de Viseu.
A carreira na música começou em 2019, quando o Carmo’81 o convidou a tocar a abrir para os Montanhas Azuis no Festival Karma. Desde então contou com várias atuações a solo, apresentado os seus temas originais para guitarra clássica e guitarra de 12 cordas em salas como a ACERT, Avenida Café-Concerto e Sementeira. Isto além da criação e interpretação regular de música original para peças de teatro das companhias Amarelo Silvestre e Grupo OFF.
Desde há 2 anos que o foco da sua música se dividiu: a guitarra de 12 cordas que antes era o seu instrumento predileto passou a partilhar o palco com o órgão de tubos. A princípio, com o uso de simuladores digitais, samplados a partir de reais órgãos polacos. E desde 2020, tem tido o privilégio de compor e gravar música no histórico órgão de tubos da Igreja da Misericórdia de Viseu – instrumento datado de 1797, restaurado em 1990 e reconstruído em 2012 pelo organeiro António Simões.
O seu álbum resulta do trabalho de um ano a sentar-se à frente desse órgão. Chama-se Misericórdia e tem 10 peças originais para órgão de tubos, interpretadas por si. O apoio do Município de Viseu e da Santa Casa da Misericórdia de Viseu veio permitir que este trabalho fosse gravado de forma a fazer jus à beleza sonora deste instrumento. São 10 peças instrumentais, sem overdubs nem qualquer tipo de processamento de efeitos. A intenção era mesmo captar um som genuíno do órgão – que soasse aos tubos de ferro, às teclas de madeira, às paredes de pedra – em contraste ao som etéreo e distante que é comum nas gravações de repertório clássico. Nesse ponto, a influência determinante foi certamente ter ouvido o trabalho de Kali Malone, e principalmente o seu álbum The Sacrifical Code.
As peças principais do álbum, no entanto, são eminentemente modernas – longas, com um carácter narrativo, ritmos irregulares e harmonias complexas. Prova desse carácter narrativo é que quando pediu ao seu amigo e realizador Gonçalo Loureiro que criasse um vídeo para uma das músicas, ele propôs que fizessem antes um filme, usando a música de Misericórdia como banda sonora. O filme, protagonizado por Teresa Queirós e que conta com fotografia de António Pinheiro, estreia no dia 13 de novembro nas salas de cinema NOS do Fórum Viseu, às 15h00.
No mesmo dia, José Pedro Pinto apresenta o seu álbum em concerto na Igreja da Misericórdia de Viseu, onde foi escrito e gravado, pelas 16h30. O CD estará disponível para venda no concerto, e será disponibilizado em todas as plataformas digitais nos dias seguintes.
Foto: Gustavo Garcetti