Decorria janeiro de 2020 num mundo ainda abalado pela pandemia, quando surge por via da editora suíça Bong Joe Records a compilação Léve Léve: São Tomé & Príncipe Sounds (70s-80s) que na altura centrou muitas atenções de toda uma comunidade de melómanos.
Este primeiro disco com a pesquisa e curadoria do francês Thomas Bignon (DJ Tom B.) veio destapar o contributo de diversos artistas e conjuntos emblemáticos como os África Negra, Conjunto Equador, Pedro Lima e os Úntués que originaram um estilo musical único chamado “Puxa” que contempla uma energia fervorosa das tradições das duas ilhas e que partilha as raízes do semba, coladeira e merengue.
A riqueza e história musical de um país colonizado por Portugal até 1975 eram refletidas na música popular daquelas terras, principalmente com o aparecimento do popular grupo África Negra formados nos anos 70 que animavam os bailes ao ar livre que antecediam o futuro de um país livre. Em 1981 com a gravação do primeiro disco a convite da Rádio Nacional de São Tomé tornou-se a rampa de lançamento do sucesso da banda, sendo desde esse dia o período mais intenso e produtivo com a fama do grupo a ir além-fronteiras com incontáveis concertos em Angola, Moçambique, Gabão, Camarões, Portugal e Cabo Verde, contudo rapidamente os elementos da banda acabaram por se dispersar e ditou o fim do conjunto nos anos 90.
Após um longo hiato, dá-se uma nova reunião do grupo em 2012 em Portugal com alguns elementos da formação original para a gravação de um disco. A sua música ganhou contornos de culto para a construção de uma identidade cultural de imensos jovens santomenses naquele tempo e hoje em dia os seus raros vinis são objetos considerados relíquias entre colecionadores.
Este primeiro volume foi lançado no dia 1 de abril contém temas inéditos e exclusivos como “Vence Vitória” e “12 de Julho” em que retratam a libertação de um povo, o seu património e a independência de São Tomé e Príncipe. O segundo volume poderá estar para breve e terá material nunca antes editado.
