O australiano Harvey Sutherland e o seu neurótico-funk ‘Boy’

| Abril 29, 2022 12:09 am

O produtor e músico australiano Harvey Sutherland é o projeto que dá amplitude ao projeto de Mike Katz desde 2013. Um dos artistas em plena ascensão na cena clubbing australiana estreia-se no formato longa-duração com “Boy”, após uma série de EP’s fabulosos como “Expectations” e “Brothers”. Imparável nos últimos anos com uma agenda tremendamente agitada com produções, remixes e colaborações com os Khruanghbin, Disclosure e Hiatus Kaiyote onde vem elevar o seu enorme talento para partir tacão em qualquer discoteca.

Sutherland em “Boy” rodeou-se de toda a sua maquinaria desde os sintetizadores, teclados, samplers kits e da sua surpreendente voz ao longo de 10 temas que foram gravados entre Londres, Los Angeles e o seu próprio estúdio na Austrália. Na música “Boy” ocorre um dos pontos altos do disco porque parece que estamos a ouvir uma versão da mítica e sagrada “Summer Madness”, enquanto noutros temas como “Age of Acceleration” ouve-se um baixo endiabrado pelo funk espacial e poderoso dos sintetizadores a fazer lembrar os imbatíveis Vulfpeck. A influência do motorik alemão são uma evidência nesta sua nova abordagem musical, apesar de continuar a ser fiel à sua eletrónica dançável proveniente do house, disco e do jazz.

“Even the most unfunky moment can be funky” é o cartão de visita dado por Katz para este álbum de estreia com uma gigantesca energia positiva, contudo ao mesmo tempo com traços obsessivos e compulsivos de uma pessoa altamente perfecionista que obviamente vai tendo as suas frustrações ao longo dessa tarefa árdua de encontrar o funk perfeito, ou melhor – o seu neurótico funk.

Fotografia: Ian Laidlaw

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