MEO Kalorama: a estreia do novo festival em antevisão

MEO Kalorama: a estreia do novo festival em antevisão

| Agosto 29, 2022 6:24 pm

MEO Kalorama: a estreia do novo festival em antevisão

| Agosto 29, 2022 6:24 pm

É já nos próximos dias 1, 2 e 3 de setembro que vai acontecer a edição de estreia do MEO Kalorama, tomando de assalto o Parque da Bela Vista, em Lisboa, com um cartaz bastante valioso. Alguns dos nomes internacionais mais reconhecíveis são Arctic Monkeys, The Chemical Brothers, James Blake, Jessie Ware, Nick Cave & The Bad Seeds e Peaches, existindo também uma grande representação nacional com projetos como D’Alva, The Legendary Tigerman, Rodrigo Leão, Tiago Bettencourt, Xinobi e You Can’t Win, Charlie Brown. Trata-se de uma mistura bem equilibrada entre nomes de culto bem estabelecidos na indústria e nomes em ascensão, que vão ganhando reconhecimento de forma exponencial, criando uma química notável para uma primeira edição. Os bilhetes estão disponíveis no website do festival.

Faltando cerca de um mês para se dar início ao Kalorama, a Threshold Magazine organizou uma pequena lista com seis dos nomes para ter em atenção durante o festival, passando por nomes de maior peso como pelos mais discretos. 

 

Kraftwerk  

Fundados em 1970 na cidade alemã de Düsseldorf, perto da fronteira com a Bélgica e os Países Baixos, os Kraftwerk são avidamente considerados os pioneiros da música eletrónica como a conhecemos hoje. Trata-se, sem exagero, de um dos nomes mais influentes da história da música contemporânea. Responsáveis pela criação de álbuns de culto dentro da eletrónica progressiva, como Autobahn (1974), Radio-Aktivitat (1977) e Trans Europa Express (1978), são também um nome de referência do synthpop, com Die Mensch-Maschine (1978) e Computerwelt (1981). No entanto, apesar de se tratar de um grupo essencial para quem pretenda explorar a história da música contemporânea (tanto na vertente do pop como na da eletrónica), os Kraftwerk envelheceram como um belo vinho. Continuam a soar bastante atuais, com a sua magia praticamente intacta. 

Apesar de já não lançarem álbuns de estúdio desde 2003, com Tour de France Soundtracks, os Kraftwerk continuaram a dar-lhe forte nos concertos ao vivo. Para quem não acredita, basta ouvir o álbum ao vivo 3-D The Catalogue (2017), gravado entre 2012 e 2016 um pouco por todo o mundo, captando a energia intrínseca dos Kraftwerk ao interpretar quase todas as suas etapas musicais.

Marina Sena

A mais recente rainha do R&B contemporâneo brasileiro, Marina Sena, tem causado burburinhos cada vez maiores. Qualquer indie kid brasileiro conhece a artista originária de Minas Gerais, mas o burburinho está a tornar-se de tal maneira grande que já atravessou o oceano, estando já a percorrer território lusitano. 

Depois de participar em duas bandas de alt-pop de razoável sucesso, A Outra Banda da Lua e Rosa Neon, Marina Sena começou a apostar numa carreira a solo. O seu primeiro single, “Me Toca”, com participação do rapper Djonga, causou imenso furor no Brasil, dando espaço para a viralidade que viria a ser o seu álbum de estreia, De primeira (2021), que contém o hit “Por Supuesto”. 

A sonoridade de Sena resume-se num R&B bastante inspirado no indie pop mais alternativo, sem esquecer as raízes açucaradas, não só da música brasileira como de toda a América Latina, fazendo tanto lembrar The XX como Ana Frango Elétrico. Dela podemos esperar um concerto doce e reconfortante, como se o Brasil estivesse logo ali, ao virar da esquina.

 Róisín Murphy

A irlandesa Róisín Murphy já era sinónimo de excitação durante a transição do milénio com os Moloko, banda de trip hop oriunda de Sheffield, autores de álbuns como Things to Make or Do (2000) ou Statues (2003). A carreira a solo da artista originária da histórica cidade de Arklow deu tantos ou mais frutos quanto os Moloko. Murphy é mestre na criação de sons orelhudos, de ritmos brincalhões e urbanistico-noturnos, levando o electropop a uma vertente mais disco-jazz e, consequentemente, a uma vibe de dança contagiante. 

O seu último álbum, Róisín Machine, foi lançado em 2020 e nesse projeto Murphy cria uma sonoridade nu jazz bastante jovial, prolongando a veia disco da noite de dança. É também possível encontrar algumas influências notáveis do deep e funk house, quiçá influenciadas pelo estadunidense Maurice Fulton, com quem colaborou em 2018 numa série de quatro 12”. Assim, fica-se com uma fórmula de ritmos que, apesar dos seus hedonismos hipnotizantes, têm altos teores energéticos, sendo esse o sentimento que podemos esperar da irlandesa no seu concerto do Kalorama.

Bruno Pernadas

O lisboeta Bruno Pernadas é um dos grandes orgulhos nacionais no que se trata de reconhecimento internacional dentro da música. O seu segundo álbum a solo, Those Who Throw Objects at the Crocodiles Will Be Asked to Retrieve Them (2016) maravilhou melómanos pelos quatro cantos do mundo, levando a muitas comparações aos Stereolab. O seu último álbum, Private Reasons (2021), também teve uma receção bastante acalorada. 

Existe algo reminiscente na música de Pernadas que é de difícil explicação. É um pop psicadélico com vestimentas de jazz, capaz de criar um retro-modernismo tropicalmente etéreo ao qual é difícil ficar indiferente. Tem uma nostalgia semelhante à exotica de Haruomi Hosono, Marin Danny ou Yma Sumac, a mesma paixão pelo urbano do city pop de Masayoshi Takanaka, Taeko Ohnuki ou Tatsuro Yamashita e a mesma tranquilidade ensolarada do neo-psychedelia de Animal Collective, Fishmanns ou Mid-Air Thief. É um autêntico meio de transporte em formato de música: qualquer pessoa que se encontre num raio de um quilómetro de um concerto de Pernadas tem transporte garantido para terras distantes onde as cores brilham e fazem levitar.

Ornatos Violeta

É difícil encontrar algum cidadão português que não faça a mais menor ideia de quem são os Ornatos Violeta. É como tentar encontrar um fã de rock alternativo que desconheça Radiohead. Originários do Porto, os Ornatos são uma das maiores bandas de culto do cenário musical português, sendo de tal maneira insubstituíveis que, sempre que voltam temporariamente aos palcos, criam um êxtase arrebatadoramente geral. Qualquer moço que andasse na universidade na transição do milénio ouvia religiosamente Ornatos, e essa tradição passou aos mais novos, criando uma população que recusa esquecer o legado do grupo liderado por Manel Cruz. 

O último álbum do quinteto, O Monstro Precisa de Amigos, foi lançado em 1999. Hoje continua a ser dos trabalhos que mais identifica o rock português, com canções como “Ouvi Dizer”, “Chaga” e “Dia Mau”, que ficaram panteão da cantoria nacional e, consequentemente, reservando um lugar na memória a longo-prazo da população. 

Com o concerto de Ornatos Violeta, podemos esperar um grande clash de gerações, semelhante ao que se verificou no concerto dos Da Weasel na última edição do NOS Alive. Serão muitas as pessoas que ficarão rendidas à performance frenética de Manel Cruz e companhia, com muita cantoria à mistura e uma quanta nostalgia pelo pico do college rock lusitano.

Meute

Os Meute são peculiares. Trata-se de uma banda de marcha originária de Hamburgo que mistura a tradição da música de marcha europeia com o house e o techno, adaptando os mais variados instrumentos – como trompetes, saxofones e trombones – para simular uma música eletrónica bastante expansiva e atenta ao detalhe. 

Os Meute já têm dois álbuns lançados, Tumult (2017) e Puls (2020), ambos ambiciosos em criar música eletrónica desconectada da mesa de mistura, com remixes de muitas das odes à música eletrónica que tantas pessoas conhecem e adoram. São o grupo perfeito para um grande palco, tendo potencial para alargar o espaço de uma forma epicamente memorável, com performances divertidas e contagiantes que aumentarão o mood de qualquer um.

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