Semibreve arranca esta semana em Braga com Alva Noto, Caterina Barbieri e Félicia Atkinson

| Outubro 24, 2022 10:30 pm

De 27 a 30 de outubro, o festival Semibreve, dedicado à música eletrónica e artes digitais, regressa a Braga com um programa multidisciplinar que levará música, instalações, workshops, conversas e peças audiovisuais a diversos espaços da cidade. Paralelamente, e após um interregno de três anos forçado pela pandemia, regressa ao festival o programa dedicado à música clubbing, com epicentro nos quarteis do gnration, e que este ano incluirá uma noite inteiramente dedicada à editora Príncipe.

À semelhança do que aconteceu na última edição, em 2021, o Semibreve arrancará com um espetáculo de abertura na Basílica do Bom Jesus do Monte, Património da Humanidade da UNESCO que servirá de ponto de encontro para a colaboração entre compositora, poeta e artista visual francesa Félicia Atkinson, cabecilha da editora Shelter Press, e a flautista portuguesa Violeta Azevedo. O espetáculo está agendado para as 21:30 desta quinta-feira e o acesso é reservado a portadores de passe-geral ou de bilhete para a sala principal do Theatro Circo.

Sexta feira, pelas 18:30, o programa arranca com uma conversa moderada por Bartolomé Sanson entre o norte-americano Stephen O’Malley, homem forte dos seminais Sunn O))), que fundou no fim do século com Greg Anderson, e o francês François J. Bonnet, atual diretor do INA GRM (Groupe de Recherches Musicales), com quem se apresentará mais tarde, no Theatro Circo, pelas 22:50, para um espetáculo centrado no último álbum colaborativo do duo, Cylene, lançado sob a cinta da seminal Editions Mego, do malogrado Peter Rehberg, em 2019.

Um dos valores emergentes da nova música ambiental, KMRU dará a conhecer, minutos antes, pelas 21:30, algumas das profundas composições que tem vindo a “cozinhar” ao longo dos últimos anos (dont linger they might see you dont linger they might see you, Temporary Stored e uma monumental colaboração com o francês Aho Ssan, entitulada de Limen, são alguns dos registos publicados pelo incansável compositor queniano este ano).

David Maranha, figura maior da música experimental feita em Portugal (e que ao longo das últimas últimas décadas colaborou com figuras como Phill Niblock, Z’EV, Chris Corsano ou David Grubbs), apresenta-se pela primeira vez no festival, no auditório pequeno do Theatro Circo, com um espetáculo único para electrónica e órgão (23:59).

No gnration, a noite de sexta tem começo agendado para as 00:15 com o produtor húngaro Gábor Lázar, que apresentará um espetáculo audiovisual baseado no seu mais recente álbum, Boundary Object, publicado em fevereiro último pela britânica Planet Mu, de Mike Paradinas, seguindo-se a norte-americana Jana Rush, veterana do footwork de Chicago, pelas 01:15, e a portuguesa BLEID, que faz as honras a partir das 02:15.

Depois de uma conversa conduzida pelo jornalista Rui Miguel Abreu com José Moura, co-fundador da Príncipe Discos, e dois dos seus arquitetos sonoros, DJ Marfox e Xexa (15:00), o terceiro dia de Semibreve arranca com mais um concerto fora de portas, de entrada gratuita, na Capela Imaculada do Seminário Menor, que acolherá o sueco Malcolm Pardon, metade dos Roll the Dice, para um espetáculo de apresentação do novíssimo Hello Death, a estreia do músico a solo (17:30).

Com base na sua recente discografia, publicada em editoras tão reputadas como a Ecstatic ou a brtitânica AD93, que editou o último Turn of Phrase, de 2021, o músico britânico Maxwell Sterling apresenta, pelas 21:30, na sala maior do Theatro Circo, um espetáculo audiovisual encomendado pelo festival com o artista visual Stephen McLaughlin. Na mesma noite, o compositor e artista visual alemão Alva Noto, conhecido pelo seu trabalho colaborativo com o pianista japonês Ryuichi Sakamoto, apresenta no Semibreve o espetáculo audiovisual UNIEQAV, terceira e última instalação da trilogia Uni iniciada em 2008.

Já o duo composto pelos norte-americanos Lea Bertucci e Ben Vida apresentar-se-há no auditório pequeno com Murmurations, a estreia discográfica da dupla que cruza as possibilidades da síntese modular com as qualidades acústicas da fita manipulada (23:59).

A última noite do gnration é reservada às celebrações do 10º aniversário da Príncipe, que apresentará um alinhamento de luxo composto por XEXA, uma das mais recentes entradas no catálogo que se apresentará em formato live act, (00:15), DJ Marfox (01:00) e DJ Kolt (02:15).

Depois de um memorável espetáculo no Salão Medieval de Braga, em 2018, Caterina Barbieri regressa ao Semibreve, no último dia de festival, pelas 17:15, com o seu mais recente álbum Spirit Exit, magnífica obra que junta voz, arranjos para cordas e modulares ao longo de oito composições da mais fina eletrónica de recorte progressivo. Marcel Weber (MFO) e Ruben Spini estarão responsáveis pela componente audiovisual.

Burnt Friedman, alemão com extenso currículo experimental (colaborou com Jaki Liebezeit, Irmin Schmidt e David Sylvian), apresentará, em estreia mundial, o espetáculo Guiding Path, resultante do encontro único com o grupo português de percussão contemporânea Drumming GP (18:40).

Antes, pelas 16:00, o alemão Jan Jelinek, que responde também pelos heterónimos Farben, Gramm ou The Exposures, e que tem no álbum Loop-finding-jazz-records, de 2001, um dos mais fundamentais registos da eletrónica inteligente, apresenta-se no Salão Medieval da Reitoria da Universidade do Minho para um espetáculo de entrada livre.

O passe geral de acesso ao festival já se encontra esgotado, mas estão disponíveis ainda os bilhetes diários de acesso à sala principal do Theatro Circo, bem como um número reduzido de bilhetes diários para o gnration (disponíveis apenas à entrada do recinto) em festivalsemibreve.com.

Fotografia: Adriano Ferreira Borges

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