É ao som de Slikback, pilar da vanguarda eletrónica do Quénia, que arranca o programa de novembro da Galeria Zé dos Bois, divulgado na sua totalidade na última sexta-feira. O concerto, agendado para o terceiro dia desse mês, assinala a estreia do produtor de Nairobi em Portugal, que condensa nas suas viperinas produções os ritmos do grime, do footwork e da dubstep sob um ângulo impiedosamente industrial. Um dia depois, a 4 de novembro, o co-fundador da editora Hakuna Kulala, berço para alguma da mais entusiasmante música feita no nordeste africano, atua em Guimarães a propósito do festival Mucho Flow.
Depois de uma memorável performance em Guimarães, em 2021, os britânicos Giant Swan, de Robin Stewart e Harry Wright, ascendem à cabine do Lux Frágil, dia 10 de novembro, para mais um espetáculo fora de portas carimbado pela ZDB. Militantemente industriais, e com um certo pendor para o ethos punk, o duo de Bristol, meca para alguma da mais excitante música fabricada no Reino Unido, é hoje um dos mais intransigentes exemplos do techno moderno, subvertendo os códigos do género com uma postura em tudo incendiária.
Figura de proa da renascença pop da Suécia, Namasenda apresenta-se na ZDB, a propósito da segunda noite Swamp, para um concerto único de apresentação de Unlimited Ammo, o mais recente trabalho da autora de “Wanted”. Publicado nos metros finais de 2021, sob a cinta da essencial PC Music, o disco foi tido de imediato como um dos mais inventivos registos desse ano, conquistando a atenção de publicações como a Paper ou Crack Magazine, que lhe dedicou um compreensivo perfil nas suas páginas digitais. La Zowi, Oklou, Joey LaBeija e Dylan Brady são alguns dos nomes que se avistam entre os recheados créditos da mixtape.
Astro em ascensão no agitado atlas eletrónico da escandinávia, Astrid Sonne é mais um dos destaques do roteiro desenhado pela ZDB para o próximo mês. A compositora e violista dinamarquesa, que tem na editora Escho, responsável por lançar os nomes de Iceage, First Hate e Joanne Robertson, o seu principal berço discográfico, traz consigo Outside of Your Lifetime (2021), terceiro álbum de carreira que sucede os anteriores Cliodynamics (2019) e Human Lines (2018), bem como as novas coordenadas apresentadas no mais recente EP Ephemeral camera feed (2022).
Eiko Ishibashi, japonesa com extenso currículo experimental, regressa a Lisboa, onde atuou pela última vez em 2019, no dia 18 de novembro. Abençoada por Jim O’Rourke, a reputada cantora-compositora sediada em Tóquio traz consigo um punhado de canções construídas durante um prolífico período de pandemia que assinalou, entre outras aventuras, a estreia da artista no grande ecrã, em 2021, quando foi convidada a compôr a trilha sonora que acompanha o premiado filme Drive My Car, de Ryûsuke Hamaguchi. A garantir as primeiras partes desta admirável triangulação luso-nipónica estará a compatriota e colaboradora Riki Hidaka e o português Rafael Toral.
A encerrar o mês, dia 30 de novembro, a ZDB e a Super Bock juntam-se novamente para apresentar mais uma noite Super Ballet. Puce Mary, compositora dinamarquesa com fortes ligações à editora Posh Isolation, e que tem no fabuloso The Drought um dos mais avançados registos do tecido pós-industrial contemporâneo, é o destaque de um certame que será assegurado pelas composições de Falésia, do compositor Nuno Afonso, bem como as escolhas da francesa Emma DJ.
Tone, YOUNGMORPHEUS, Sister Ray, Maral, Pedro Melo Alves e um encontro em palco entre Anthony Moore, Aires e Richard Moore são outras propostas do programa disponível para consulta em zedosbois.org.