
Muito tempo passou desde Viva Fúria (2017), o último disco de Manuel Fúria e os Náufragos. Desde então, o autor rejeitou palcos, mandou abaixo redes sociais, procurou abrigo longe das profecias de desmaterialização de Houellebecq. Algures pelo caminho, com a ajuda de Gui Tomé Ribeiro, gravou 10 canções.
Os Perdedores, edição número 70 da FlorCaveira, revela-se como o disco mais pessoal de Manuel Fúria (Os Golpes). Por surpresa e força do destino, foi levado a cumprir-se no Arquipélago de Escritores, encontro literário erguido no meio do mar açoreano pelo espírito e engenho de Nuno Costa Santos e de Sara Leal, companheiros para sempre desta história, que também por eles está a ser documentada num filme que um dia verá o escuro da sala de projecção.
Nos instantes após o final do concerto de apresentação na Ilha de Nosso Senhor Jesus Cristo das Terceiras que a banda deu no dia 15 de Outubro, muito rápido se compreendeu que o caminho não poderia ficar por ali. Teria sido, talvez, apenas um começo. A história dos Perdedores tinha, pelo menos, mais um capítulo por escrever, logo a seguir à parte em que o disco sai para as lojas (dia 18 de Novembro, numa especialíssima e numerada edição de 250 vinis tingidos pelo púrpura sacado ao Prince e à liturgia da penitência), aquela outra em que a banda toca na sua cidade.
“Os Perdedores”, canção título do disco, foi a escolhida para fazer um primeiro teledisco, realizado por Tiago Brito, membro de longa data dos Náufragos, parceiro de Manuel Fúria em muitas das suas incursões de artista nos últimos anos.Fotografia: Tiago da Cunha Ferreira