Na mais descontraída das matinés, os Finale mostraram-nos como a catarse pode ser divertida

Na mais descontraída das matinés, os Finale mostraram-nos como a catarse pode ser divertida

| Fevereiro 8, 2023 1:00 pm

Na mais descontraída das matinés, os Finale mostraram-nos como a catarse pode ser divertida

| Fevereiro 8, 2023 1:00 pm

Foi em modo punk e sem pudor que a Lovers & Lollypops entrou em 2023, abrindo as portas das suas instalações para acolher a simplicidade luminosa deste quarteto chamado Finale, malta de Valência que encontra na descarga  veemente de um  rock sem merdas a justificação para  a sua existência. Não há aqui grandes adornos, é tudo cru e  maravilhosamente despojado, exatamente como a garagem onde a festa – ah sim, porque isto foi uma festa, celebração de alegria e suor, mosh e até um pouco de crowdsurfing nas filas da frente – decorreu. E, na verdade, há mesmo que referir: o local não podia ter sido melhor e mais adequado.  É que se até aqui a Lovers usava-o – e muito bem-  como plataforma para sonoridades mais experimentais e insólitas, permanecia sempre a sensação de que o feeling underground deste espaço, e sobretudo o seu  palpável sabor punkish, ofereceria todo um novo encanto a concertos deste género. E, caramba, não é que tínhamos razão?

Finale

Perante uma sala (garagem?) cheia – há aqui claramente um culto a formar-se à volta da banda, não haja dúvidas –, os Finale partiram logo ao ataque, e nós respondemos com garra  e amor numa troca de energia sem barreiras. Literalmente, diga-se, pois a distância entre o palco- leia -se  tapete, a informalidade é assim deliciosa — e o público  era de tal forma mínima  que ambos coexistiam de forma igualitária, e foi essa proximidade, o erguer de uma intimidade reconfortante, que conferiu aquele toque de magia extra ao concerto. Estava lá, invisível mas  claramente presente , sentia-se mesmo no ar. Quer isto dizer que musicalmente esta passagem deixou algo a desejar? Não necessariamente , pois a fórmula do quarteto  – bem orelhuda e direta no rasgo punk apaixonado e jovial, ali a recordar os primórdios dos Glockenwise (lá está, o tal “rock sem merdas”), banda que a própria Lovers viu crescer – é cativante, contagia quando escutada bem de perto; no entanto, a atitude – o ser punk até ao osso –, é o que mais atraiu. E assim, num concerto que também serviu para apresentar muita gente a este novo local, imortalizou-se um momento bonito de felicidade pura.  Em época de inflação, revela-se fundamental enriquecer o espírito…

Finale

Texto: Jorge Alves
Fotografia: Nuno Coelho

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