
bbb Hairdryer em entrevista: “Incentivamos [as pessoas] a fazerem o que lhes fizer sentido e ressoar com elas próprias”
bbb Hairdryer em entrevista: “Incentivamos [as pessoas] a fazerem o que lhes fizer sentido e ressoar com elas próprias”

bbb Hairdryer em entrevista: “Incentivamos [as pessoas] a fazerem o que lhes fizer sentido e ressoar com elas próprias”
Queercore mordaz e vulnerável — assim se podem definir os bbb Hairdryer, projeto inicialmente criado por Elisabete Guerra (guitarra, voz e letras) e que mais tarde passou a contar com chica (guitarra), Francisco Couto (SAD / HIFA) no baixo e Miguel Gomes (Chinaskee / GATOSOL) na bateria. No final de 2024 lançaram, pela mão da Revolve, A Single Mother / A Single Woman / An Only Child, o seu segundo álbum: canções dilacerantes, envoltas em ruído, sustentadas por melodias fortes e gritos carregados de sofrimento.
Ao vivo, recusam-se a ceder às frustrações — o que se vê em palco é ferocidade e entrega absoluta. A próxima oportunidade para testemunhar isso será a 20 de setembro no Casa do Capitão. Com inauguração marcada para os dias 19, 20 e 21 de setembro, o novo espaço cultural de Lisboa propõe um programa diurno e noturno, de acesso livre, com mais de 30 atividades para todas as idades.
Numa breve conversa com a banda, percebemos melhor a sua postura perante um mundo profundamente disfuncional.
O concerto na vila em Paredes de Coura foi sentido como um dos momentos mais intensos do festival. Foi o vosso maior público até agora – como é que viveram essa experiência?
Estávamos mega nervoses, não havia ninguém na rua 5 minutos antes de começarmos, estávamos a pensar que íamos tocar para umas 20 amizades que estavam na front para apoiar, só nos apercebemos que estava aquela multidão toda da segunda ou terceira vez que olhámos
para o público. It was crazy…
A Single Mother / A Single Woman / An Only Child já leva quase um ano de vida. Como é que estas músicas estão a crescer em vocês, depois de as terem levado para palco?
Estão cada vez mais livres, o que é super fun, porque nos sentimos à vontade o suficiente para as esticar ou partir sempre que nos apetece.
Analisando o vosso som, sentimos que não há equivalente imediato em Portugal. Acham que podem abrir caminho para que outras bandas explorem um emo/noise tão dilacerante como o vosso?
Estamos só a fazer música de guitarras, certamente não somos a primeira banda a fazer rock barulhento e esperamos não ser a última! No entanto, não queremos inspirar pessoas a fazer o que nós fazemos, incentivamos a fazerem o que lhes fizer sentido e ressoar com elas próprias, que é o que vai importar sempre.
Onde vão buscar inspiração para esta violência sonora? Há algo de político ou de manifesto no vosso ethos artístico, ou é mais visceral do que racionalizado?
Estamos só muito chateades e pelo andar das coisas parece que vamos continuar a estar muito chateades. Para além disso, o que é que não é político?
Sendo que cada um de vocês tem outros projetos, como é que funciona a composição em bbb Hairdryer?
A Elisabete traz as ideias de casa para os ensaios e cada qual dá o seu input até estarmos contentes com a música, banda normal da normalândia.
Nos últimos anos, a cena cultural de Lisboa tem sofrido uma metamorfose profunda. Como é que encaram este ecossistema cultural, que por vezes parece mais disposto a fechar portas do que a criar novas oportunidades?
Nunca se fez grande guita com bandas nem houve nunca grandes oportunidades.
Que próximos passos podemos esperar dos bbb Hairdryer – um novo disco ou a estrada é agora a prioridade?
Já tentámos umas coisas novas mas de momento cada qual está a fazer coisas para os seus projetos.
Fotografia: Eyes of Madness