20- King Gizzard and The Lizard Wizard – I’m In Your Mind Fuzz
19- The Wytches – Annabel Dream Reader
18- Run The Jewels – Run The Jewels 2
17- Aphex Twin – Syro
16- Timber Timbre – Hot Dreams
15- Liars – Mess
14- Perfume Genius – Too Bright
13- Have a Nice Life – The Unnatural World
12- Ariel Pink – Pom Pom
11- Sharon Van Etten – Are We There
10- Ought – More than Any Other Day
9- Angel Olsen – Burn Your Fire For No Witness
8-Mac DeMarco – Salad Days
6- Ty Segall – Manipulator
5- Iceage – Plowing Into the Field of Love
década, em Plowing Into The Field Of Love, os Iceage conseguiram não
só manter toda essa agressividade como também elevá-lo uns
patamares acima, adicionando arranjos de piano, orgão, trompetes, entre outros instrumentos. Ao
alargar o leque de influências da banda, indo buscar elementos da música
country, folk e rockabilly, este álbum é uma prova da maturidade que os Iceage
foram ganhando desde o lançamento de New Brigade em 2011 e é sem dúvida um
enorme passo em frente na carreira dos dinamarqueses.
4- Flying Lotus – You’re Dead!
Este novo
trabalho de Steven Ellison AKA Flying Lotus (produtor, MC e o fundador da
Brainfeeder, label incontornável no panorama musical que mistura o dançável, o
Hip Hop, o EDM e o IDM) é pautado por algumas mudanças em relação aos seus
anteriores. Mudanças que o autor considera frutíferas e positivas, o que não
significa que os anteriores 1983, Cosmogramma e Los Angeles não sejam álbuns de
mão cheia, porque o são (o Until The Quiet Comes nem tanto). Mas o que aqui está em questão é a evolução notória da complexidade no som de
Fly Lo. E isso é evidente. Vamos aos factos.
O universo até então relativamente calmo de Fly Lo surge neste You’re Dead!
contaminado por Captain Murphy (o seu narcisista alter-ego MC) cuja influência
directa surge em duas faixas e, indirectamente, parece pairar sobre o restante
álbum.
Isto faz com que por vezes haja uma aproximação ao hip hop mais “comum”
chamemos-lhe assim, no qual há um MC a rimar sobre uma faixa sonora. Essa
aproximação ao “comum” — no caso deste You’re Dead! — sai recompensada pela
qualidade do elenco convidado para rimar (o prodigioso Kendrick Lamar, o
supracitado Captain Murphy e o veterano Snoop Dogg) mas também pela mestria de
produção de Ellison.
Em certos aspectos, também se nota uma aproximação ao universo do cartoon: a
capa do álbum; a distorção e sobreposição de vozes; o contributo sonoro de Fly
Lo na série Adventure Time; a sua participação como radialista no videojogo GTAV. Tudo isto sugere uma aproximação cada vez maior da personagem real (Ellison)
a estes universos irreais, onde personagens como o seu alter ego Captain Murphy
são livres de deambular e de fazer o que bem entendem, sem reais limites.
Ellison também se parece sentir assim: livre e descomprometido na sua estética,
prestando homenagem a este Universo e ao outro — o plano astral mencionado na
faixa “Dead Man’s Tetris” é uma homenagem á faixa “Do The Astral Plane” do
Cosmogramma, aqui usada como metáfora para o espaço do pós-vida, no qual Murphy
convive com Freddie Mercury e J Dilla, outra influência assumida de Ellison.
Metafisicismos à parte, Fly Lo não esquece as suas raízes de Jazz (não tivesse
Ellison sangue dos Coltrane) prestando uma homenagem às mesmas com samples de
saxofones, percussão e baixos espalhados e organizados em arranjos minuciosos
em várias das suas faixas. Há aqui um género de reinterpretação do Jazz de
improvisação, no qual se subtrai a banda mas se multiplica a criatividade no
único músico presente (Ellison). A participação de Herbie Hancock na “Moment of
Hesitation” é um dos momentos mais felizes de You’re Dead! e uma homenagem
maior ao universo do Jazz.
Os risos de Captain Murphy — a sua mão é omnipresente, por inevitáveis
circunstancias — ao longo deste You’re Dead!, os samples de saxofones,
percussão, algumas linhas de baixo que fazem lembrar Amon Tobin, uma dose q.b.
de psicadelismo e a aproximação ao soul — por força dos baixos e das graves
vozes femininas — em algumas faixas constroem uma parede sonora muito
particular para este You’re Dead!, muito distinta dos anteriores álbuns de
Ellison.
No entanto, é nesta distinção que encontramos um ponto em comum: a complexidade
do som. Esta característica faz com que, à imagem dos álbuns anteriores de
Ellison, a audição do mesmo deva ser feita na integra, do início ao fim. Os álbuns
de Flying Lotus não foram projectados para serem decompostos e ouvidos faixa a
faixa. Estes devem ser entendidos como um todo e pelo todo, por forma a serem
entendidos de todo.
Edu Silva
3- BadBadNotGood – III
BadBadNotGood bastante maduros, onde a fórmula utilizada na produção deste terceiro
trabalho de estúdio apresenta uma banda mais confiante e madura, talvez por se tratar do
primeiro disco composto por músicas inéditas e sob a assinatura da Innovative
Leisure.
Singles como “Since You Asked Kindly” e “CS60” mostram a inocência dos
canadianos através das suas introduções numa percussão bastante suave, embora
com um fim bastante mais poderoso. III é em suma um álbum onde a nostalgia e a
pressão do trabalho dão as mãos e o resultado é tecido em dez músicas cobertas
de jazz de fusão.
parcialmente – como uma espécie de continuação sucessora do The Seer, com as
pouco mais de duas horas a que a banda já nos tem vindo a habituar. Embora,
numa primeira audição diagonal, pareça mais leve e acessível, as faixas
submetem-nos a uma tensão constante, pautada de melodias com energias obscuras
e ritualescas, tecidas numa simbiose entre o transcendente sonoro e a narrativa
desejosa de ser expelida, profunda e inquietante. Consideramos To Be Kind um
dos melhores álbuns do ano pela inteligência com que nos concede um estado de
espírito distintamente elevado e nos submerge numa dualidade de músicas cruas,
agressivas e nervosas, bem como ritmos mais pausadas, ascéticas e minimais, sem
nunca por em causa a coesão do todo – “Bring The Sun/ Toussaint L’Ouverture” e “Oxygen” ilustram bem este sentimento dual.
até à data o melhor já editado sob o nome de Cloud Nothings. A verdade é que pouco mudou desde Attack On Memory, com um sonoridade que funde mais uma vez indie
rock e post-hardcore. São 31 minutos de quase apneia, raiva, noise e vocais que
nos lembram os tempos do Grunge. O
sobrerbo malhão de 7 minutos “Pattern Walks” representa o clímax deste novo álbum e a prova disso foi
a sua interpretação no NOS Primavera Sound. O disco fecha com a mais
introspectiva “I’m Not Part of Me”, com a sua sonoridade mais pop punk, e
mostra-nos que Dylan finalmente se encontrou. Isto é notório pela maior maturidade apresentada neste novo trabalho.
P.S: “Wasted Days” do anterior Attack on Memory assentaria que nem uma
luva em Here and Nowhere Else.