Reportagem: INDOURO FEST 2015

Reportagem: INDOURO FEST 2015

| Maio 10, 2015 9:00 pm

Reportagem: INDOURO FEST 2015

| Maio 10, 2015 9:00 pm
Fotografia: Margarida Canastro
Dia 1 
O primeiro sábado do mês de Maio foi marcado pela chuva, pelo início greve da TAP, pela Queima das Fitas do Porto e, aqui em destaque, pelo novo festival de música alternativa a acontecer em plena cota superior da zona histórica de Gaia, o Indouro Fest. Apesar do cartaz interessante foram muitos os factores que tiveram impacto no resultado desta primeira edição, tendo os Clinic e os TOY (no domingo) visto a sua passagem por Portugal ser adiada. O Festival continuou, no entanto sem substituições e com trocas de alinhamento divulgadas muito em cima da hora. Assim e com grandes atrasos a marcarem o primeiro dia do festival, os Rainy Days Factory foram os primeiros a abrir o palco principal para uma pequena massa de pessoas que chegava, apesar dos aguaceiros que se faziam sentir no “recinto”. No entanto nunca se chegou a ver uma massa populacional composta, o que se deveu essencialmente ao cancelamento da banda principal. Depois de uma entrada repentina, os The Lost Rivers voltaram ao palco por volta das 19.20H num concerto marcado essencialmente pelo seu final, onde o guitarrista decidiu explorar afincadamente todos os efeitos a que os pedais dão direito. 



Dada uma vista de olhos no Palco do Jardim do Morro, voltou-se ao Mosteiro da Serra do Pilar para ver Electric Litany, uma das primeiras bandas a fazer surgir no público algum ânimo. Assim que “Feather Of Ecstasy” tocou, viu-se entre o público uma adesão à sonoridade e as primeiras emoções que ficariam registadas no rescaldo deste primeiro dia.



Mas o melhor da noite estava guardado para o fim, com os Tristesse Contemporaine, que marcou o concerto do dia e um dos melhores do Indouro Fest. Antes, no entanto, a noite estaria ainda guardada para os The Limiñanas, que abriram o palco por volta das 22.10H com o seu garage de aura pop. “Down Underground” ficará para sempre marcado na performance dos franceses dado que foi um dos momentos mais aborrecidos do soundcheck do primeiro dia, no entanto ficam para trás boas memórias de “Salvation”. E apesar dos Clinic terem faltado, uma das nossas fortes apostas para o melhor concerto do primeiro dia foi de facto tornada verdade. Apesar da chuva, os Tristesse Contemporaine conseguiram mais que ninguém colocar todo o recinto do Indouro a cantar “Fuck The Rain”, e posteriormente dar tudo em “I Do What I Want”. Foram uma das melhores surpresas do festival, e apesar da sua actuação quase ter sido cancelada devido à agressiva greve da TAP, o trio mostrou que as onze horas de espera valeram muito a pena. Seguiram-se os The Lucid Dream, com um guitarrista a menos do que o habitual por causa da greve. A banda inglesa deu um dos melhores concertos do dia, repleto de canções barulhentas com longas secções instrumentais, com características de rock psicadélico e shoegaze.


Electric Litany



SETLIST:
Intro 
Silence 
Hold Fast To Dreams 
Feather Of Ecstasy 
Tear 
Betrayal Of Lamenting Circles 
A Time 
Enemy 
Name 
Enduring Days You Will Overcome

Tristesse Contemporaine



SETLIST:

51 Ways To Leave Your Lover 
Girls 
I Do What I Want 
Dem Roc 
Lets Go 
Loosing It 
Hell Is Other People 
Empty Hearts 
Daytime Nighttime 
I Didn’t Know


Dia 2



Apesar dos aguaceiros breves que se fizeram sentir no sábado junto ao mosteiro da Serra do Pilar, o tempo parecia não dar tréguas e avizinhava-se um domingo a ser dominado por um “Chuva-Fest”. Para desconsolo dos fãs a greve da TAP voltou a não dar tréguas e o festival acabou por ter de cancelar os britânicos TOY mais uma vez em cima da data e sem disponibilidade de substituição por outras bandas, sendo que os Malcontent se encarregaram de assegurar a hora dos TOY. No entanto, e apesar das surpresas de última hora, o segundo dia do festival foi bem mais organizado, no sentido em que não se verificou nenhum atraso face ao referido line-up. Depois da abertura bem conseguida de Os Príncipes, seguiram-se os Whistlejacket, que conseguiram animar parte do público já presente com boas malhas rock como “March Hare”. Mas foi no concerto dos Yuck que o público de domingo viu um dos pontos altos da noite a ter início por volta das 19.00H da tarde. Com direito a um mini mosh, assim que “Get Away” ecoou por entre o mosteiro da Serra do Pilar, a banda londrina mostrou um dos momentos mais animados dos dois dias do festival, um ano após ter marcado presença no Festival Paredes de Coura o ano passado. Apesar de não terem tocado a “Rubber”, para desconsolo dos fãs assíduos, a setlist dos Yuck foi muito bem recebida de tal modo que no final do concerto ainda se ouvia pelo público alguns “Toca Mais Uma” / “Play Another One”. A banda ainda presenteou os fãs com uma música nova que é esperada num novo trabalho de estúdio ainda não anunciado, mas não como encore.


Indo até ao palco do Jardim do Morro, para dar um passeio à chuva, ouvia-se já os Portugueses Eat Bear a tocarem os seus mais recentes singles “July” e “Skip Off”, para um público inferior face ao presente no primeiro dia. Dada a hora de jantar que já se via avançada, era hora de os Lola Colt subirem ao palco principal. Num concerto mediano e de certa forma aborrecido, decidiu-se dar uma volta pelo recinto, enquanto se tentava matar a sede com uma coca-cola que traria na sua composição 50% de sumo e outros 50% de água (inserir gargalhadas, para não chorar). Chegada as 22.00H foi tempo dos portugueses Malcontent subirem ao palco para actuarem antes da banda mais aguardada da noite, os British Sea Power. Tendo abrido o palco a horas certas a banda de Brighton fez o público gastar as últimas energias que tinha reservadas. Num concerto que garantiu um encore com covers de bandas histórica como Hawkwind e Can, os British Sea Power revisitaram a sua grande discografia trazendo na setlist alguns dos seus singles mais conhecidos, e deixando o público das primeiras filas completamente interligado aos acordes das guitarras que se estenderam noite fora. 

Whistlejacket



SETLIST:
Intro 
The Fall 
Holiday
 Stay-N 
We Dont Make ‘em Like American Girls 
Trying My Best
Swimming Lessons 
March Hare


Yuck



SETLIST:
Hold Me Closer
Holing Out
Lose My Breath
Cannonball
Get Away
As I Walk Away
Middle Sea
Rebirth
The Wall
I’m Ok
Age Of Consent (New Order cover)
Operation


British Sea Power

Fotografia: Ilda Henriques

SETLIST:
Machineries Of Joy 
Remember Me 
Apologies To Insect Life 
Loving Animals 
Mongk II
A Light Above Descending 
Waving Flags 
The Great Skua 
Carrion 
All In It 
Silver Machine (Hawkwind cover) 
Forgotten The Name (Can cover)

Sabe-se entretanto que o Indouro Fest vai voltar para o ano e, ainda sem datas definidas, espera-se assim, por parte da organização, um alinhamento mais cuidado com as trocas de horários anunciadas antecipadamente, a fim de que os concertos possam decorrer sem ser necessário que se efectue  o soundcheck antes de cada concerto, como ocorreu nesta primeira edição. Apesar do rescaldo e da condições meteorológicas extremas vividas no passado fim-de-semana, no entanto, o Indouro Fest pauta pela inovação no sentido em que, a maioria das bandas presentes no cartaz tão depressa não marcará presença em Portugal e ainda  pelo espaço emblemático da cota superior da zona histórica de Gaia onde teve lugar todo o festival. 

Texto: Sónia Felizardo
Fotografia: Rui Santos
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