Reportagem: NOS Primavera Sound 2015 – Parque da Cidade [Porto]
Reportagem: NOS Primavera Sound 2015 – Parque da Cidade [Porto]
Reportagem: NOS Primavera Sound 2015 – Parque da Cidade [Porto]
A quarta edição do NOS Primavera Sound aparentava ter um cartaz mais fraco que as suas antecessoras, no entanto, as cerca de 77 mil pessoas que, passaram pelo recinto este ano, provaram o contrário: foi a edição mais bem sucedida de sempre e para o ano há mais Primavera Sound, no Porto. A marcar no calendário: de 9 a 11 de junho.
Mikal Cronin
Palco Super Bock, o artista californiano veio ao Parque da Cidade apresentar o seu
terceiro registo discográfico, MCIII, que não teve uma grande reação por parte
da critica. O baixista da Ty Segall Band foi recebido de uma forma amena por
parte do público, passando por músicas como “Get Along”, “Apathy” e “Weight”,
notando-se claramente as variações entre um estilo musical mais melódico, e um
mais caracteristico do garage-rock, havendo por vezes, fuzz e feedback capazes
de nos rebentar os ouvidos. Foi no geral um concerto moderadamente bom, mas que
nada teve haver com o último concerto do artista no Porto, com a Ty Segall Band,
precisamente neste festival, que ficou na memória de muitas pessoas como um dos
melhores concertos de 2014.
Mac DeMarco
Fotografia: Rui Santos |
Fotografia: Marcelo Baptista |
Assumindo-se como os principais cabeça-de-cartaz do primeiro dia do festival, os Interpol deram um concerto muito bom, que não pareceu agradar a todos, mas certamente satisfez os fãs de Turn on the Bright Lights, o mais conceituado álbum da banda. A setlist incluiu sete canções do disco, incluindo as excelentes “Untitled” e “Stella Was a Diver and She Was Always Down”. O resto do alinhamento abrangeu a maior parte dos outros álbuns, e incluiu músicas como “Evil”, “Slow Hands” e a recente “All the Rage Back Home”, a última a ser tocada. Apesar de alguns momentos mais aborrecidos a meio do concerto, devido a algumas músicas menos interessantes de Antics e Our Love to Admire, este foi um dos destaques do dia, e só não foi melhor porque não se ouviu “Obstacle 1” ou “NYC”.
The Replacements
Fotografia: Rui Santos |
Com concerto marcado para a mesma hora que os Electric Wizard e meia hora antes de Sun Kill Moon, os The Replacements que tocavam no Palco NOS, não conseguiram chamar muito a atenção do público, sendo um dos concertos menos povoados do palco principal ao longo dos três dias de festival. Ironicamente um dos melhores do segundo dia, e, segundo o vocalista Paul Westerberg, o último da banda. Afinal os que ficaram de início ao fim aproveitaram a última oportunidade de ver a banda ao vivo e ainda de aproveitar covers de Chuck Berry, Barbie Gaye e T-Rex, este último no encore. Num concerto bastante animado e com direito a guitarras a voar, o quarteto de Minneapolis deu uma performance numa sobriedade inexistente que resultou numa pequena população a dançar ao som dos anos 80. Grandes Velhos.
Palavras para quê?
Fotografias: Marcelo Baptista |
Antony
and The Johnsons
Fotografia: Marcelo Baptista |
marcavam 00h15, todos os outros palcos encontravam-se sem concertos e começava
então um dos melhores concertos do festival. Já com os elementos da orquestra
nos seus devidos lugares e depois duma introdução do concerto com uma mulher
num manto branco a apresentar uma espécie de dança, começa então o concerto.
Atrás dos músicos são projetadas cenas de filmes japoneses, cenas algo
desconcertantes e entra então Antony Hegarty, senhor(a) de uma voz
inconfundível, todo vestido de branco também.
As primeiras notas de “I am The Enemy” são tocadas e mal se ouve a voz de Antony,
todo o seu aspeto celestial faz sentido, parecia que um anjo tinha descido à
Terra e que tudo naquele momento fazia sentido. Seguiram-se músicas como “Ghost”,
“Another World”, “Cut the World” e “Blind” (Sim, aquela dos Hercules And Love
Affair), esta última que foi das mais aplaudidas e que funcionou muito bem com
a orquestra. O público sabia quando aplaudir, mantinha-se calado para ouvir a
voz de Antony e acompanhava as partes que sabia, o respeito por quem estava no
palco era imenso. Todo o concerto manteve-se bastante teatral em que todos os movimentos
e tudo em palco fazia sentido em que talvez o único problema de todo o
espetáculo foi o som que estava um bocado mais baixo do que seria preciso. “You
Are My Sister”, “Her eyes underneath the ground” e “Hope There’s Someone” foram
as músicas que terminaram um concerto que foi bem mais que isso, foi uma
experiência que mostrou que a dor e a felicidade andam de mãos dadas.
Jungle
porque foi talvez a hora que tinha as piores sobreposições mas bem, quem escolheu
Jungle certamente não ficou arrependido. Com música já antes do concerto em si
começar, o público já tinha entrado no “mood” e num concerto com imensos pontos
altos e de alegria, em que estar parado era extremamente difícil pois a música
da dupla inglesa é completamente contagiante, os Jungle conseguiram dar um dos melhores
concertos do festival. E ninguém que esteve no concerto vai-se esquecer do fim
em que a “Time” teve uma versão alongada e que apenas nos deixou mais felizes. Sem
dúvida que os Jungle sabem fazer festa como poucos sabem.
Run The Jewels
Pitchfork apenas com concertos naquela hora, os australianos Movement tiveram
direito a um público ainda bem considerável, segundo a banda, o maior que já
tiveram. E apenas com um EP editado o grupo não tinha muito para tocar mas não
desiludiram. Além de terem de tocado uma versão da “Hold On, We’re Going Home”,
tocaram também as músicas do EP em que “Us” foi a mais celebrada. Apesar do
curto concerto, os Movement conseguiram por o Parque da Cidade do Porto a mexer, e bem.
Fotografia: Rui Santos |
O último dia do Primavera, e o dia com mais concertos interessantes, a decorrer ao mesmo tempo, foi, comparativamente aos seus antecessores, o melhor dia dos três, em termos qualitativos, face aos concertos oferecidos. No cartaz oportunidades de ver Ride, Underworld (a interpretar na íntegra dubnobasswithmyheadman), Babes In Toyland e Einstürzende Neubauten certamente pela última vez. Ainda em nomes memoráveis Thurston Moore e a banda traziam o seu mais recente disco The Best Day, editado o ano passado, e a oportunidade de ver 1/3 de Sonic Youth ao vivo. A fechar o palco ATP, uma das surpresas da noite, os candianos Ought.
Thurston Moore Band
Fotografia: Marcelo Baptista |
Fotografia: Rui Santos |
Babes In Toyland
Kevin Morby
distribuição dos palcos não foi simpática para os Einstürzende Neubauten, o
horário também não o foi, ter que tocar grande parte do concerto ao mesmo tempo
que Death Cab For Cutie e Damien Rice não é fácil nem merecedor para uma das
bandas mais geniais do industrial. Apesar disso tiveram ainda um público
considerável que esperava pelos alemães enquanto no palco víamos bidões,
roldanas, canos, molas e bem mais. A banda do enorme “Haus Der Lüge” entra em
palco e sem esperarmos ouvimos as primeiras notas do baixo da “The Garden”, a voz
de Blixa mostra-se ainda melhor que em estúdio, uma das melhores vozes do
festival. E de seguida teve talvez o momento de maior espanto para além dos
berros de Blixa (Ninguém se esqueceu de certeza) foi quando vemos um braço duma
retroescavadora cheia de metais a deixá-los cair aos bocado, sem dúvida que o
espírito da “Haus der Lüge” (Música que em brincadeira apresentou como se fosse
nova) esteve lá e foi representada de forma incrível. “Sabrina” e “Susej” foram
mais algumas canções que foram apresentadas durante um concerto que merecia
muito mais que o público e o palco que teve e onde o silêncio e o barulho
estavam presentes permanentemente. Naquele que foi a par de Underworld, o
melhor concerto do dia e dos melhores do festival, os alemães mostraram que
fazer barulho todos fazem, mas quem merece reconhecimento é quem o sabe fazer
bem, tal como eles.
Fotografia: Marcelo Baptista |
Ride
Fotografia: Marcelo Baptista |
Dan Deacon
Ought