Reportagem: Filho da Mãe & Ricardo Martins + Jibóia – Maus Hábitos [Porto]

Reportagem: Filho da Mãe & Ricardo Martins + Jibóia – Maus Hábitos [Porto]

| Julho 14, 2015 11:33 pm

Reportagem: Filho da Mãe & Ricardo Martins + Jibóia – Maus Hábitos [Porto]

| Julho 14, 2015 11:33 pm





Rui Carvalho com o pseudónimo Filho da Mãe, artista badalado da música portuguesa actual, com dois álbuns de grande relevância no panorama nacional, “Palácio” (2011) e “Cabeça” (2013), tem sido aclamado pelo público e pela crítica em várias direcções, todas numa onda de grande positivismo. Na passada sexta-feira, 10, foi apresentado o seu novo projecto, uma dupla, num Maus Hábitos não muito cheio, no Porto. Ricardo Martins dá ritmo a melodias que, embora estejam inseridas no mesmo universo que Filho da Mãe nos tem transmitido e sentido, inserem-se em escalas mais negras, pesadas, mas com uma cumplicidade melódica fácil de agradar. 
A sala não estava densa, mas nem por isso deixou de ser um espectáculo, no mínimo, muito interessante. Uma luminosidade serena contrapõe os carregados riffs e batidas quase em tom de improviso, dando origem a um concerto incessante de música. O público foi transportado para um mundo negro de melodias rock, quase a cheirar a post-rock progressivo, cheio de experimentalismo, com o negrume em música portuguesa, que o artista nos habituou na sua guitarra clássica, substituída pela eléctrica. Um autêntico e talentoso homem da guitarra!
“Tormenta”, o single de estreia, fez o público sair do lugar para sentir o ritmo contagiante, mérito de Martins. Ritmos ferozes e impetuosos fazem lembrar os tempos de Rui nos explosivos If Lucy Fell, num concerto que serviu como passaporte para uma viagem célere mas que ficará nas nossas memórias.

De seguida, já num quente Maus Hábitos, foi a vez de Jibóia encerrar a noite com batidas electrizantes, psicadélicas e voos espaciais arábicos num turbilhão de ritmos a ferver a dança. Óscar Silva mostrou o seu talento num espectáculo a solo e com uma voz com poder suficiente para chegar a tons agudos, de arrepiar a alma. Acompanhado por momentos de audiovisual bem elaborados, o público escutou, dançou e viajou em ritmos distorcidos, acompanhados com pequenos dedilhados repletos de eco. O melhor que podíamos ter, numa noite que apenas falha pela pouca adesão ao concerto, mas que nada afecta a belíssima prestação dos músicos. O Porto mereceu-os!

Fotografia e Texto: Mário Jader 
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