Reportagem: Festival Bons Sons – Cem Soldos [Tomar]

Reportagem: Festival Bons Sons – Cem Soldos [Tomar]

| Agosto 20, 2015 3:21 pm

Reportagem: Festival Bons Sons – Cem Soldos [Tomar]

| Agosto 20, 2015 3:21 pm

O Festival Bons Sons regressou para mais uma edição, desta vez, num formato anual trazendo cerca de 35.000 pessoas à aldeia.

Dia 0
Após uma grande viagem até Tomar, fomos muito bem recebidos pelo animado motorista do transfer que nos ia levar até Cem Soldos. Este ia contando historias ou piadas enquanto nos transportava, dando, assim, as melhores boas vindas possíveis. Já na aldeia foi-nos cedido um kit de imprensa que incluía um CD com temas de bandas presentes na edição de 2012, um pin, uma caneca de metal(a preferida de todos e impossível não ver durante o festival) e alguns papeis informativos sobre Tomar e sobre o Bons Sons.

Chegados ao campismo apressámo-nos a escolher um lugar para montar as tendas (todos eram maus pois eram muito inclinados) e depois de uma grande luta com as mesmas conseguimos ter tudo pronto para ver os DJs preparados para a “recepção ao campista”. Como os DJs não eram do nosso agrado decidimos começar a viver a aldeia que se encontrava a cerca de 1 Km do campismo.

Na aldeia fomos a um café onde passamos a noite e apreciamos o pouco movimento que a aldeia tinha naquele dia. Regressados ao campismo os DJs continuavam e a inclinação do terreno do parque de campismo não nos deixava dormir causando, assim, uma noite em branco. Tivemos oportunidade, já de dia, para encontrar uma aldeia completamente vazia mas a ansiar o inicio do Bons Sons.

Dia 1
Assistimos à aldeia a acordar, aproveitamos para ir à press room para carregar o telemóvel e, entretanto, abriu o café onde tínhamos estado o dia anterior mas os preços de tudo estavam muito mais elevados, “preços de festival”, foi aí que descobrimos o café, fora da aldeia, onde passamos mais tempo durante o festival, “Sabores ao Rubro”, não havia os tais “preços de festival” e havia muito menos movimento.

Decidimos visitar a primeira sessão de “música para crianças“. Todos os dias estas sessões eram divididas em duas partes, uma historia musicada e uma mais dedicada à música portuguesa (à qual não tivemos oportunidade de assistir). Na primeira parte (historia musicada), havia um pequeno conjunto de instrumentos de sopro e cordas e todas as crianças se juntavam no centro. Os responsáveis por este momento incentivavam à dança e ao gosto pela música, usando panos de várias cores e vários movimentos que deveriam ser imitados. Nesta sessão estava presente um rapazinho francês e foi bom ver os esforço para o fazer perceber e acompanhar o que se passava.

Depois do almoço, finalmente, começaram os concertos sendo o primeiro dos Sampladélicos. Como já tínhamos referido nos artigos de preparação para o festival este é um dos projectos mais interessantes que estiveram no festival. Tocaram no palco MPAGDP, palco que se encontrava mesmo dentro da igreja, algo bastante invulgar. Infelizmente foi dos concertos do palco MPAGDP que teve menos adesão. Decidimos voltar ao auditório para ouvir algumas experiências sobre as quais o Manel Cruz nos queria falar, ficamos a conhecer um bocado melhor este colosso da música portuguesa. Seguimos para o concerto de Éme que foi um concerto como são muitos concertos à tarde, o publico a aproveitar para descansar sentado no chão a conversar enquanto ouve a banda que está a tocar.  A estrear o palco coreto estava Benjamim que fazia a sua 31ª paragem na tour de apresentação do Auto-Radio, o seu disco de estreia. Mostrou-nos todo o seu novo álbum que contem muitos temas interessantes mas, infelizmente, “Volkswagen” foi o que agradou a menos pessoas sendo, na nossa opinião, o mais fraco apresentado. 

Seguiu-se Penicos de Prata e não sabíamos o que esperar. Poesia erótica e satírica portuguesa musica esperava-nos e deixou-nos espantados com a sua qualidade, para além de ser algo com bastante piada todos os instrumentos eram tocados na perfeição e todas as vozes eram muito agradáveis. A forte adesão do público deixou-os repletos de felicidade e deram o concerto que foi, facilmente, o melhor deste festival. Foram tocados todas as canções do álbum Música E Poesia Erótica Satírica Portuguesa, sendo todas excelentes, todas interpretadas de uma maneira eximia que deixou impossível de causar indiferença.  Todos pediram “só mais uma” e o pedido foi aceite, tocaram “Balofas Carnes” de António Botto e, como já tinha sido tocado, o público acompanhou com o refrão.




Setlist Penicos de Prata:



Ar Reticulado – Ernesto Manuel de Melo e Castro
Balofas Carnes – António Botto
3 Curtos Poemas – Adília Lopes
Não Lamentes – José Anselmo Correia Henriques e João Vicente Pimentel Maldonado
Falas da Africana Jasminá – Ana-Abél Paul
Menstruação – Liberto Cruz
Dá a Surpresa de Ser – Fernando Pessoa
A Partida do Leitão – Carlos Queirós 
A António Botto – Francisco Eugénio dos Santos Tavares
Nunca Te Foram – António Botto
Resposta da Quinteira – António Maria Eusébio
Encore:



Balofas Carnes – António Botto

Após este concerto regressamos ao café onde tínhamos estado de manhã. Voltamos a tempo de apanhar o Júlio Resende que nos mostrou a sua mestria no piano e a quem o público aplaudiu efusivamente. Aproveitamos para ir jantar e regressamos a tempo de Riding Pânico, a banda de Makoto Yagyu e Fábio Javelim membros da banda PAUS, que deram um bom concerto apesar da ausência de momentos de destaque.

Apesar de todos os concertos a que assistimos o que mais atraía era o de Manel Cruz. Manel apresentou-se em palco com a sua banda do costume (Nico Tricot, Eduardo Silva e António Serginho). O concerto começa com “Algures Perto do Mar”, uma música nova que tem sido tocada durante todo este momento de “Estação de Serviço”. Todas as músicas novas e antigas que foram tocadas foram muito bem recebidas e, apesar de muitas pessoas lá estarem para ouvir as suas músicas preferidas dos Ornatos Violeta, não foi desta que tiveram essa sorte. Após a música “O Maluco”, também nova e, na nossa opinião, excelente e dos melhores temas apresentados, houve um curto intervalo. No regresso tivemos a oportunidade de ouvir “OVO”, uma das mais aplaudidas e mais poderosas canções no alinhamento da noite e, para finalizar o concerto, “Canção da Canção da Lua”. Apesar de não ter sido o melhor concerto a que assistimos, nesta tour de Manel Cruz, foi um concerto excelente.

Setlist Manel Cruz:



Algures Perto do Mar
Entre as Pedras
Um Tempo Sem Mentira
Outra Libelinha
O Meu Livro
Estou Pronto
Noções Para Viver Sem Ti
Insónia 
A Cisma
Sexo Mono
Reboque
Diz-me se Aprovas
Algo Teu
Esquecer o Que
Anedota
Ainda Pode Descer
Não Aldrabes
Canção da Canção Triste
Do Buraco
O Maluco
Encore:



Onde Estou Eu
Reencontro
A Lenda Da Verdade
A Dor de Ter de Errar
Ovo
Canção da Canção da Lua

Xinobi começou com “Mom and Dad” mas nós, cheios de cansaço, tivemos de regressar à tenda. No campismo ainda se ouviu “Let It Happen” dos Tame Impala e “Real Fake”.


Dia 2
Começamos o dia com Bicho Do Mato, uma banda cujas músicas falam todas sobre um animal em especifico. Foi um bom concerto mas não chegamos a vê-lo na sua totalidade pois fomos almoçar. No regresso ainda tivemos tempo para espreitar Eduardo Raon que partilhou connosco toda a sua mestria da harpa, hipnotizando, assim, todos os presentes no auditório. Decidimos assistir à sessão de “Curtas em Flagrante“, um projecto que tem como objectivo trazer curtas metragens de língua oficial portuguesa aos visitantes do Festival Bons Sons. Infelizmente, apenas tivemos oportunidade de assistir a uma pequena parte do concerto de Minta & Brook Trout





Antes do concerto de Minta & Brook Trout acabar, já muitos se encontravam junto ao palco Giacometti (coreto) para assistir ao concerto de Sequin. O concerto começou com “Meth Monster”, na nossa opinião, um dos melhores temas do album de estreia, Penelope. Apesar de poucos saberem as letras das canções todos dançavam e saltavam com o pop electrónico de Sequin. “Flamingo”, single que passa incessantemente na Vodafone.fm, e “Naive” foram os momentos que mais agradaram ao público, sendo incessantes os aplausos. O concerto acaba com “Peony” mas todos querem mais e assim o pedem, como já todos os temas de Sequin tinham sido tocados Ana Miró perguntou qual a canção que queriam que fosse tocada de novo e a resposta, quase unânime, foi “Flamingo”.

Setlist Sequin:



Meth Monster
Hikaru Garden
Mercurio
Beijing
SVU
Heart To Feed
Crimson
Origami Boy
Douglas
Flamingo
Naive
Peony
Encore:



Flamingo

Apressámo-nos a ir para Hitchpop, um projecto que, como já tínhamos dito nos artigos que precederam o festival, nos interessou bastante. As expectativas eram muito altas e, infelizmente, o concerto não esteve a par delas. Talvez o concerto tivesse tido outro impacto umas horas mais cedo e noutro palco, sentimos que talvez o palco Outonalidades albergaria melhor esta banda que, após algumas músicas não conseguiu prender a atenção do público. Seguiu-se OCO que deram um concerto bastante competente. 




Voltamos ao recinto para Carlão mais conhecido como Pacman, este, talvez, o nome que nos agradava menos e de quem menos esperávamos. O concerto começou com o tema de introdução do seu álbum, álbum esse que comemora o 40º aniversário de Carlão e que explora alguns temas do seu dia a dia. São tocados alguns temas conhecidos do publico e passados algum samples de, por exemplo, Eminem e Kendrick Lamar. Foi também tocada uma canção de 5-30, banda que Carlão integra. Apesar de não nos identificarmos totalmente com as músicas tocadas consideramos que foi um bom concerto.



Continuamos no palco Eira à espera de Salto. Pouco depois do inicio do concerto Gui afirma que Luis faz anos e que é nosso dever dar-lhe uma enorme festa de anos. Tivemos oportunidade de ouvir alguns temas novos e até um cover da “Inspector Norse” de Todd Terje. O público demonstrou uma fraca adesão aos temas recentes ficando até um pouco desiludido com a ausência de “Deixar Cair”. Regressamos ao campismo mas, do DJset de Salto, ainda tivemos oportunidade de ouvir Kendrick Lamar e, mais uma vez, Todd Terje.





Dia 3
Decidimos começar este dia com Timespine no auditório. Foi, sem dúvida, dos melhores concertos e uma grande surpresa para o público em geral pois na segunda sessão muitos não chegaram a ter lugar, ficando à porta pessoas suficientes para encher um segundo e quase um terceiro auditório igual. O concerto foi uma “viagem” de 45 minutos, foram tocados os temas do álbum homónimo de maneira eximia que deixou qualquer um totalmente rendido. Seguimos para Tranglomango que conseguiram encher a igreja, tocaram versões rock de temas tradicionais portugueses, sendo a maioria da Beira Baixa e também nos mostraram dois originais cuja inspiração para a sua criação proveio de historias reais.




Voltamos ao coreto (o palco que mais nos agradou) para ver Duquesa. Apresenta-se com uma banda completa, fazendo parte desta Rafael Ferreira, um dos integrantes de The Glockenwise, um outro projecto de Duquesa(Nuno Rodrigues). Eterno romântico começa com “Lust For Love” da banda de Cristopher Owens, Girls, e mostra-nos os temas do seu EP inicial editado o ano passado. Encanta o público e este canta o refrão da “Times” com ele, “I’m happy if you’re happy”. Tem ainda tempo para nos mostrar alguns temas novos. Apesar não ser muito conhecido pelo público consegue um grande numero de aplausos e é bastante provável que tenha conseguido alguns novos fãs.





Fomos para o café até começar o concerto dos D’Alva. Este foi um dos melhores concertos a que assistimos, todos dançaram e aplaudiram. Um dos primeiros temas tocados foi “3 Tempos” tendo, tal como “Homologação”, origem no projecto a solo de Alex D’Alva Teixeira, anterior aos D’Alva. O concerto foca-se muito no público, em conseguir causar-lhe uma impressão positiva e divertimento. São tocadas “Barulho I” e “Barulho II” fazendo todos berrar e gritar o máximo possível de modo a mostrar o seu contentamento. No fim do concerto, apesar de cansado, o público pedia mais mas já todas as músicas tinham sido tocadas foi então que a banda volta a subir ao palco e anuncia ter um tema novo, nunca antes tocado ao vivo. Fazem prometer que todos dançariam o mais possível e começam a tocar “Só Se Quiseres”, um tema que entra em linha com o álbum de estreia e que daria um bom single.




Assistimos ao concerto de Bruno Pernadas que, como é habitual, começou com “Ahhhhhh”. Foi um concerto bastante agradável ao qual o público aderiu bem. Tivemos oportunidade de ouvir How Can We Be Joyful In A World Full Of Knowledge, o nosso album nacional preferido do último ano, na integra e ainda “Galaxy”, uma música nova a integrar um próximo álbum. Tivemos oportunidade de espreitar Nice Weather For Ducks, que tinham uma audiência bastante composta. Infelizmente não ficamos muito tempo no concerto pois fomos entrevistar o Bruno Pernadas, entrevista que poderá ser lida em breve. Após a entrevista vimos um bocado de Ana Moura que fazia um esforço para interagir com o público, por exemplo, na canção “Leva-me Aos Fados”.




Dia 4
O dia final e o dia em que o palco MPAGDP(Igreja) estava mais forte. Fomos ver Janeiro mas, infelizmente, não conseguimos assistir a todo o concerto. A igreja encontrava-se cheia para ouvir este cantautor a mostrar o seu EP inicial. Pouco depois voltamos ao mesmo palco para ouvir Tio Rex, que deu um concerto excelente. Foi o concerto do palco MPAGDP com mais audiência, tivemos de entrar pela porta lateral pois era impossível ir à parte de cima ou entrar pela porta principal. Depois do tema “You’re My Machine and So Much More”, um dos mais aplaudidos, juntam-se a Tio Rex as Golden Slumbers para tocar “A Travessia” e “Fadding Away”, a música mais conhecida do EP de estreia das mesmas. O concerto acaba com Tio Rex a pedir desculpa ao senhor padre pela canção que vai tocar e começa “O Que o Tempo Destrói”, a canção que mais gostámos de ouvir em todo o festival. Após este concerto entrevistamos Luís Fernandes e José Figueiredo, dos Peixe:Avião, mais uma entrevista que estará disponível brevemente.




Seguimos para o palco Giacometti para ver Tó Trips. Tó Trips vinha acompanhado com João Doce dos WrayGunn e juntos iam apresentar-nos Guitarra Makaka: Danças A Um Deus Desconhecido. O concerto foi muito bom, a mestria com que Tó Trips toca guitarra deixa qualquer um deslumbrado enquanto João Doce incentiva o publico a bater palmas e torna o concerto mais interactivo. Após uma pequena pausa houve um encore que consistiu em “Cartagena Suite” e “Pinacoolata”, de Guitarra 66.




Setlist Tó Trips:



First God
#
Danças
Baía das Negras
Cuca
Makumba das Foncas
Makaka
Pedra Lume
Migratória
Até Cair
Encore:



Cartagena Suite
Pinacoolata

O último concerto a que assistimos foi o de Peixe:Avião que deram um óptimo concerto muito bem recebido pelo público. A música “Avesso” foi uma das mais aplaudidas.






Bons Sons 2015

Fotografias: João Sanches


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