Reportagem: Entremuralhas 2015 [Castelo de Leiria] – 2º dia

Reportagem: Entremuralhas 2015 [Castelo de Leiria] – 2º dia

| Setembro 2, 2015 10:18 pm

Reportagem: Entremuralhas 2015 [Castelo de Leiria] – 2º dia

| Setembro 2, 2015 10:18 pm



Depois de um primeiro dia bastante positivo, não só em termos de concertos, mas também pelas excelentes condições das estadias low-cost, este ano, disponibilizadas pela Fade In, nos camarotes do Estádio de Leiria, e pelo excelente profissionalismo. As energias para o segundo dia encontravam-se em níveis elevados e, a ansiedade de assistir à estreia do produtor Igorrr era apontada como um dos momentos altos da noite pela maioria do público que se encontrava pelo recinto neste segundo dia de festival. O regresso dos Motorama, e a estreia dos 6 Comm, para o concerto de despedida da carreira, eram igualmente outros forte motivos que trouxeram até ao castelo de Leiria o mais diverso espécime de público. 


A Jigsaw



Com o cancelamento do concerto da neozelandesa Jordan Reyne, os portugueses A Jigsaw ficaram encarregues de a substituir para o primeiro concerto do segundo dia do festival, a ter lugar na magnífica Igreja da Pena. Em formato duo, os portugueses abriram com “Red Pony”, música retirada de Like The Wolf(2010) para um concerto que faria a temperatura da Igreja da Pena aumentar, com o percorrer da setlist. Vestidos ambos de camisa e calças escuras, João Rui e Jorri apresentariam a compilação No True Magic, através de “Them Fine Bullets”, “No True Magic”, “Without The Prize” e “Hardly My Prayer”. Desacompanhados da prometida Tracy Vandal para a interpretação de “Black Jewelled Moon“, os A Jigsaw brindaram o público com “Bring Them Roses”, em apresentação de um disco cujo principal foco se situa na aceitação da mortalidade.



Keluar



Depois de uma tripla e recente passagem por Portugal os “alemães” Keluar eram responsáveis pelo concerto de encerramento do Palco da Igreja da Pena do dia 28 de agosto. A dupla entrou a abrir com “Instinct”, single retirado do mais recente EP, Panguna, que mereceu um positivo destaque no concerto, vendo apresentadas ao vivo também as restantes faixas “Panguna” e “Volition”. Num concerto competente, o produtor Sid Lamar entreteu o público com o seu exótico jeito de dançar, enquanto Alison Lewis se ocupava com a voz e bateria digital. Além do mais recente EP o duo apresentou também alguns temas de Vitreum, disco editado em junho do ano passado, e igualmente de Ennoa EP, que marcou a estreia da banda nos trabalhos de estúdio. 




6 Comm



Os 6 Comm formaram-se em 1986 quando Patrick O-Kill, vocalista e membro fundador dos Death In June, abandonou a banda e decidiu rumar novos caminhos. Depois de 29 anos de carreira os 6 Comm anunciaram o seu fim e o Entremuralhas foi o festival de escolha para a despedida daquele que seria, igualmente, o concerto de estreia dos ingleses em território nacional. A abrir com “Doubt To Nothing”, original dos Death In June, mas numa arranjo musical próprio, os 6 Comm presentearam ainda os fãs com os clássicos “Foretold”, “Born Again” e “Calling”, todos escritos nos Death In June, mas apresentados em versões diferentes. Um dos momentos altos do concerto chegou aquando da performance de “Othilia”, a sétima música de um total de dez que seriam ouvidas na abertura do Palco Alma.





Motorama



Para um público vestido de negro, mas mais frequentador de concertos e festivais, os russos Motorama encontravam-se como uma das apostas elevadas do segundo dia de festival. No concerto de encerramento do Palco Alma, uma multidão embebida de espectadores, uns que reviam o concerto e outros tantos que se estreavam ali a vê-los, ficaram surpreendidos pela ausência da baixista Irene Parshina, quando os Motorama subiram ao palco em formato quarteto. A abrir concerto com “Corona”, retirado do mais recente álbum, Poverty, os Motorama premiaram o público ainda com “Dispersed Energy”, “Heavy Wave”, “Red Drop” e “Lottery”, retiradas do referido disco. Dos álbuns passados fica o registo de “To The Sout” e “Rose In The Vase”, retirados de Calendar(2012) e ainda “Alps” e “Ghost”, retirados de Alps(2010). O resultado? Um dos concerto mais fofinhos do festival. 





[:SITD:]

[:SITD:], os cabeças de cartaz do dia dois, foram os responsáveis pelo concerto menos conseguido do dia. A abrir o Palco Corpo com “Dunkelziffer”, a banda de eletro-industrial facilmente convenceria o pessoal menos sóbrio a uma noite para “abanar o capacete”, contudo, aqueles que, nem com os finos a 1,50€ conseguiriam alcançar um estado menos consciente, iam abandonando os lugares da fila da frente em direção a um lugar nas escadas, uma ida à casa de banho, uma sandes de porca ou à loja de merchandising. Tudo surgia como um motivo para passear longe das primeiras filas do concerto dos [:SITD:], até mesmo o facto de cantarem alemão. Nem com “Revolution”, a mostrar o início de um fim de performance, o público pareceu mostrar algum. Findado “Snuff Machinery“, os [:SITD:] abandonaram o palco para um concerto sem encore.


Igorrr




Repostas as energias, começaram a ouvir-se os aplausos. Os Igorrr estreavam-se em Portugal ali, e encontravam-se em primeiro lugar nas bandas extremas e inventivas que o Entremuralhas trouxera a palco até então. Pelo menos, a curiosidade era um dos fatores que fazia circular as pessoas, rapidamente, das escadas das senhas das bebidas até a um lugar bem posicionado e com boa visão. “Scarlatti 2.0”, retirada do álbum Hallelujah(2012) era já a segunda música de avanço e, a voz de Laure Le Prunerec, juntamente com uma criatura vistosa do vocalista Laurent Lunoir convenciam os fãs a aproximarem-se cada vez mais do palco. A celebrarem uma década de existência, os franceses presentearam o público por uma viagem de Maigre EP(2014) a Nostril (2010), sem esquecer os grandes êxitos como “Pavor Nocturnus”, “Excessive Funeral”, “Infinite Loop”, “Tendon” e “Tout Petit Moineau”. Igorrr pareceu incrível e, apesar dos excessivos pedidos do público para um encore – depois de um concerto marcado pela interação de Laure com o público das primeiras filas – Gautier Serre e companhia não regressaram mais. Para recordar, o final, com a fusão de “Half a Poney” e “Unpleadant Sonata”. Que voltem em breve.





Fotografia: Martinho Mota
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