Reportagem: Sad Lovers and Giants [Hard Club – Porto]

Reportagem: Sad Lovers and Giants [Hard Club – Porto]

| Fevereiro 11, 2016 10:11 pm

Reportagem: Sad Lovers and Giants [Hard Club – Porto]

| Fevereiro 11, 2016 10:11 pm
Do conjunto de bandas que marcaram a sonoridade do post-punk dos anos 80, os Sad Lovers and Giants não é o primeiro nome que ocorre imediatamente à cabeça da maioria de nós. Titãs como os Joy Division, os Bauhaus ou os Killing Joke seriam a nossa primeira escolha. Afinal, foram estas bandas que marcaram a génese do post-punk e que inspiraram as tendências estilísticas de movimentos que entretanto surgiram — o rock industrial e a synthpop são dois exemplos disso — bem como uma muito recente vaga de post-punk.

Os ecos dos Bauhaus são bem audíveis na obra dos Viet Cong.

No entanto, a história também é feita de Gigantes. Gigantes como os Sound, como os Chameleons e como os Sad Lovers and Giants. Porém, estes últimos são um dos mais antigos bastiões dos bons velhos tempos do post-punk que ainda permanecem em atividade nos dias de hoje (não descurando a grande forma em que Mark Burgess e os seus ChameleonsVox se encontram). 
A mesma forma aliás em que Garce Allard e os restantes dos Sad Lovers and Giants se encontram, como nos mostraram na passada sexta-feira, no Hard Club.

O regresso dos Sad Lovers and Giants à estrada começou precisamente no Porto — num concerto que contou com o apoio dos Malcontent na 1ª Parte — face a uma audiência ansiosa que, ao contrário de mim, esperou mais de 30 anos por esta data (eu tenho 25 anos). Apesar da minha idade e do meu parco conhecimento empírico sobre a vida e obra dos Sad Lovers and Giants, a minha consciência ditou-me desde logo que estava perante grandeza musical, a elite do post-punk, um movimento com muitos imitadores — alguns deles exímios, outros deploráveis — do qual raras vezes temos a honra de presenciar um dos pioneiros do movimento em palco. 

Durante cerca de uma hora e meia, o concerto dos Sad Lovers and Giants oscilou entre canções novas, grandes malhas de sempre e experiências com instrumentos de sopro com duas constantes sempre presentes: um sentimento de segurança por sabermos que estávamos a ver veteranos a fazer aquilo que sabiam fazer melhor; a boa disposição em palco e fora dele. 
O encore trouxe a tão pedida “Imagination”, uma espécie de hino dos Sad Lovers and Giants

Apesar das saídas de elementos da banda — da formação original dos Sad Lovers and Giants apenas permanecem o percussionista Nigel Pollard e Garce Allard, o seu eterno vocalista —e sucessivas separações e reuniões, tudo indica para que 2016 seja o ano de regresso dos Sad Lovers and Giants. Até se fala que um novo álbum pode estar na calha…


Agradecemos mais uma vez à MIMO — de quem somos mui orgulhosos media partners — por terem os tomates de ousarem marcar a diferença num mercado cultural que se polariza cada vez mais entre a oferta da novidade VS mediatismo. Num ano que começou trágico para a música com o desaparecimento de vários ícones, cabe-nos a nós — aos fãs — prestar a devida homenagem aos nossos ídolos em vida. E os Sad Lovers and Giants são espécies em vias de extinção, sobreviventes de uma outra era. Uma era em que os baixos soavam melhor, as vozes eram mais melancólicas, as letras eram mais intimistas e as roupas e os penteados eram mais estranhos. Uma era que já passou e que não volta mais. Cabe-nos a nós passar o testemunho dos Sad Lovers and Giants e escutar a sua mensagem enquanto podemos. Agradecemos à MIMO por nos aproximar cada vez mais dos nossos ídolos e nos dar — a alguns de nós — aquele que foi o concerto de uma vida. Mesmo que a sala estivesse apenas meio cheia — um optimista diria que apenas esteve metade da sala vazia — o que importa para a MIMO não é encher salas, mas sim corações e isso para nós, faz toda a diferença. 

Mais uma vez, Obrigado.

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