Reportagem: The Soft Moon [Musicbox – Lisboa]
Reportagem: The Soft Moon [Musicbox – Lisboa]
Março 16, 2016 2:03 am
| Reportagem: The Soft Moon [Musicbox – Lisboa]
Março 16, 2016 2:03 am
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No sábado passado fui até ao Musicbox assistir ao muito aguardado e esgotado concerto de The Soft Moon, projeto de Luis Vasquez que se estreou no nosso país na última edição do festival Paredes de Coura, e que no dia anterior tinha atuado no Centro Cultural Vila Flor, em Guimarães.
A noite já ia longa, pois ainda há alguns minutos me encontrava no concerto de Sensible Soccers na Galeria Zé dos Bois. Cheguei ao Cais por volta da meia noite e logo me dirigi ao Musicbox, não tendo chegado a tempo da atuação de Alforjs.
Perto da meia noite e meia, entraram em palco o baterista e o baixista de serviço que acompanham o projeto nas atuações ao vivo. Começaram as batidas ritmadas e o som tenebroso oriundo do baixo, e só depois Luis entrou em palco.
Numa escuridão total, foi a oportuna “Black” a dar início ao concerto. Música digna de uma banda sonora produzida por John Carpenter, tornou a atmosfera abrasiva e sufocante, como a preparar-nos para o vendaval que aí vinha. Seguiram-se “Dead Love” e “Parallels”, do álbum homónimo editado em 2010, e “Machines”, de Zeros (2012), e só então é que Luis se dirigiu à audiência em tom simpático “Hello Lisbon, this our first time here”.
O concerto foi prosseguindo em ritmo frenético e o single “Far”, do último álbum Deeper (2015), levou o público ao delírio. Toda a conjugação de escuridão com luzes intermitentes e nervosas (quase “epilépticas”, diria), sintetizadores arrepiantes, baixo angustiante, berros sombrios e percussão violenta, tornou este momento num dos mais alto de toda a noite para quem se encontrava na sala lisboeta.
O alinhamento do concerto contou ainda com mais alguns temas do álbum homónimo, como “Circles”, single que me deu a conhecer o projeto em 2010, e “Into the Depths”, assim como do álbum Zeros – “Zero” e “Insides”. Do novo álbum Deeper ouviram-se “Try”, “Wrong” e a fantástica “Being”, música que também constituiu um dos pontos altos do concerto, encerrando-o. Luis despediu-se com “You guys are great! We love you” e abandonou o palco com os restantes elementos.
O público, ainda com muita energia, exigia o regresso do trio ao palco com uivos e palmas. E eis que passado uns minutos, o seu desejo foi concedido, com um encore de duas músicas, “Die Life” e “Want”. Luis ergue a guitarra bem alto no final como se estivesse a saudar o público pelo seu grande apoio nesta performance de alto nível.
Ao fim de uma hora de concerto, este chegou mesmo ao fim. Tanto a banda como a audiência saíram satisfeitos do Musicbox. A verdade é que ao vivo a música de Soft Moon permite uma experiência mais íntima e introspectiva, obrigando-nos a sentir na pele a vibração e o terror, e somos sugados para o negrume que nos é transmitido pela música produzida por Luis Vasquez.
Texto: Rui Gameiro
Fotografia: Carolina Colaço Pereira