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© Vera Marmelo |
Foi no passado dia 7 de maio, um sábado chuvoso e nada apetecível a sair de casa, que o Titanic Sur Mer se encheu para assistir ao primeiro aniversário da Puro Fun, que contou com vários nomes conhecidos da cena musical em Lisboa. A tarde ia-se aproximando cada vez mais da noite, e o vento, que já durara o dia inteiro, não fazia misericórdia às pessoas que chegavam cedo ao Cais do Sodré. Guardando-se os chapéus-de-chuva onde era possível, as primeiras pessoas iam entrando no Titanic Sur Mer com uma sensação de alívio, pois lá dentro não havia frio nem vento, mas sim cheiro a comida mexicana e cerveja. Meia hora depois do previsto, o Éme subiu ao palco Fun para abrir as hostes da noite, que já se adivinhava promissora pela quantidade de pessoas que iam chegando ao Cais. O artista da Cafetra Records, que subiu sozinho ao palco, tocou num clima agradável e acolhedor, enquanto as luzes se apagavam no céu por cima do rio Tejo, atrás dele. Músicas como ‘Um Lugar’, ‘Partilhar a Vida’ e ‘Lisa’, esta última que finalizou o concerto, fizeram parte deste concerto de abertura, que pela altura do final já contava com o Titanic Sur Mer quase cheio.
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O ambiente agora era mais relaxado, já ninguém se lembrava do tempo lá fora, os amigos conviviam alegremente de cerveja na mão, e também, já se ia sentindo o cheiro a marijuana no ar. E foi neste clima que o Luís Severo subiu ao palco Puro, primeiro sozinho, e depois acompanhado pela sua banda, onde tocaram vários temas do seu novo álbum, Cara D’Anjo. ‘Santo António’ e o single ‘Ainda é Cedo’ foram algumas das músicas que foram tocadas neste set, que deu um bom seguimento a abertura de Éme. Os concertos seguiam de rajada, a alternar entre os dois palcos deste evento, mal havia tempo para ir ao bar ou à casa de banho, mas isto tudo num bom sentido, significava que a festa não ia parar tão depressa. Logo de seguida vieram as Pega Monstro, compostas pelas irmãs Júlia e Maria Reis, a banda têm andado bastante ativa nos últimos tempos, com várias datas pela Europa fora. Os últimos concertos da banda lisboeta têm deixado algo a desejar, havendo pouco espaço para músicas devido aos interludes excessivamente longos, o que é uma pena tendo em conta o repertório das Pega Monstro e o seu potencial de dar um excelente concerto.
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Não havendo tempo para paragens, os Qer Dier, que contam com membros dos Mighty Sands, seguiram-se imediatamente no palco Puro. Com uma sonoridade mais virada para o psych, a banda não teve aqui um concerto muito relevante para o bom desenrolar desta noite. O ambiente agora era mais de farra, horas depois das portas terem aberto, as pessoas presentes no Titanic Sur Mer já contavam com algumas imperiais em cima, que com a ajuda do THC, contribuíam para um clima mais alegre e conversador. Clima esse que ficou mais enérgico quando os Modernos, a banda composta por 3 membros dos Capitão Fausto, entraram em palco com ‘Só se te parecer bem II’, a primeira música do seu último EP. Tocaram toda a sua curta discografia, com destaque para ’24’, ‘Sexta-feira’ e ‘Casa a arder’, onde o moshpit expressava o que estava a acontecer naquele armazém do Cais, as letras a serem cantadas, e os abraços na multidão, representaram bem o que aquele concerto foi nesta noite.
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De seguida vieram os Gala Drop, que mesmo com uma audiência ligeiramente reduzida devido às horas tardias, não deixaram de ter aqui um dos melhores concertos do evento. Os seus ritmos tropicais, aliados ao psicadélico, fizeram muitos dos que restavam no Titanic Sur Mer fechar os olhos e dançar livremente, os fortes que resistiam, uns mais cansados que outros obviamente, mas mesmo assim com forças suficientes para continuar a festa. Festa essa que seguiu com Jibóia, o projeto de Óscar Silva que já é habitual a ser-se ouvido em horas tardias, como foi aqui e em tantos outros eventos. O som é o que já estamos habituados, o teclado Casio e a guitarra processados por inúmeros pedais continuam lá, excepto que agora a cobra toca com Ricardo Martins na bateria, desde o lançamento do seu novo álbum, Masala. O ambiente era o mesmo, os ritmos orientais de Jibóia não fizeram o Titanic Sur Mer arrefecer, a festa e a dança continuava pela noite a dentro.
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A seguir veio um dos concertos mais estranhos e agradáveis da noite, o concerto de Maio Coope djumbai djazz, não há bem palavras para explicar o que se passou. Foi estranho porque não se estava a espera de ouvir uma banda fortemente influenciada pela música africana, tendo em conta as outras bandas do evento. Mas por outro lado, djumbai djazz encaixou perfeitamente tanto como no evento, como na hora a que tocaram. A boa disposição de Maio e os ritmos africanos da banda fizeram o Cais tremer de dança, e também, acordar algumas almas que já se julgavam perdidas. Por esta altura já eram 4 da manhã, o cansaço agora era inevitável, o Titanic Sur Mer estava metade do seu auge de lotação naquela noite, algumas bebedeiras e pedradas já começavam a ter as suas consequências, o que foi o ambiente perfeito para os BISPO virem fechar a noite. A banda lisboeta, também formada por membros dos Capitão Fausto, parecia ter saído de um jogo de 8bits, com os seus uniformes de bispo e a espada provavelmente comprada num bazar chinês por 2 euros e meio. A aesthetic dos BISPO inundou o Cais de Sodré num último esforço de fazer perdurar o espírito de festa, missão essa que cumpriram com distinção, tendo os últimos passos de dança da noite sido prova disto.
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No final do concerto, o teclista Francisco Ferreira, mais conhecido como Ferrari, saltou do palco a gritar as palavras ‘LA PIÑA COLADA C’EST LA MALDICION’, palavras essas que se fizeram ouvir bem com a ajuda dos presentes, tendo este momento especial, que podia bem resumir a noite, dado o evento como terminado para muitas pessoas. Umas que iam embora, felizes e satisfeitas por esta excelente festa de aniversário, outras que ainda ficaram até o sol raiar com a ajuda do DJ Quesadilla. Resumindo e concluindo, foi do caralho.
Texto: Tiago Farinha
Fotografia: Retiradas do blog da Vera Marmelo