Reportagem: WIFE + Oathbreaker [Cave 45 – Porto]

Reportagem: WIFE + Oathbreaker [Cave 45 – Porto]

| Dezembro 4, 2016 10:32 pm

Reportagem: WIFE + Oathbreaker [Cave 45 – Porto]

| Dezembro 4, 2016 10:32 pm

Os belgas Oathbreaker regressaram ao Porto no último domingo
para um concerto na Cave 45, organizado pela Amplificasom. O quarteto belga
formado em 2008, acompanhado por mais um músico em palco, apresentou o seu mais
recente álbum de estúdio, Rheia. Este disco apresenta uma nova sonoridade da
banda que, após dois álbuns punk, os aproximou-se do blackgaze e gravou um
conjunto de músicas comparáveis a artistas como os Deafheaven.


Pouco faladores, os Oathbreaker começaram o concerto com a
curta e calma “10:56”, antes de subirem imediatamente a intensidade com “Second
Son of R.”. Os sons das guitarras misturaram-se, a bateria não parou e Caro
Tanghe gritou e cantou tão bem como em estúdio. Alternando entre momentos mais
calmos e melódicos, onde a voz de Caro parece algo frágil e distingue-se mais
do instrumental, e outros mais intensos e barulhentos, a banda controlou bem as
dinâmicas do concerto. Infelizmente, em algumas músicas a voz misturou-se em
demasia com os instrumentos e tornou-se menos audível do que deveria. Isto
quase foi completamente compensado pela postura em palco da vocalista,
sombria e intensa, que contribuiu para a atmosfera criada pela música.


A setlist focou-se principalmente em Rheia, álbum que deu
origem a alguns dos melhores momentos da noite, como “Being Able to Feel
Nothing”, “Where I Live” e a já referida “Second Son of R.”. No entanto, o
concerto terminou com uma música de Mælstrøm, “Glimpse of the Unseen”. Apesar
de não ser uma das minhas músicas preferidas do álbum de 2011, funcionou muito
bem em concerto.


Os Oathbreaker são uma banda muito boa ao vivo, que consegue
elevar o seu trabalho em estúdio a um nível superior quando o apresenta em
concerto e que certamente não deixou ninguém desiludido.
A abrir a noite esteve James Kelly, vocalista dos já
inexistentes Altar of Plagues. Com uma sonoridade completamente diferente do
black metal da sua banda, o seu trabalho a solo, apresentado com o nome WIFE, é
de música eletrónica.

A primeira parte do concerto foi composta por músicas algo
experimentais, como tempos diferentes do habitual e grandes variações entre
pausas e sons muito intensos. Estas encheram completamente a sala, ajudadas por
um trabalho de luz simples, mas eficaz, que contribuiu para a atmosfera criada.
Já algum tempo após do início do concerto ocorreu a primeira pausa, após a qual
se ouviu uma música mais dançável. Pouco depois voltam as músicas menos
acessíveis, que se ouviram até ao fim do concerto. Apesar de serem
instrumentais durante a maior parte o tempo, por vezes eram acompanhadas por
voz, transformada por diferentes efeitos. No geral, a voz pareceu algo
desnecessária e não beneficiou muito a música, mas também não atrapalhou. 



Com
uma duração menor a 40 minutos, o concerto não foi demasiado curto nem
demasiado longo, teve a duração ideal para deixar o público satisfeito sem
saber a pouco e sem se tornar repetitivo.


Texto: Rui Santos
Fotografia: Hugo Adelino (Wav)
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