Reportagem: Jenny Hval [Lux Frágil, Lisboa]

Reportagem: Jenny Hval [Lux Frágil, Lisboa]

| Maio 7, 2017 8:04 pm

Reportagem: Jenny Hval [Lux Frágil, Lisboa]

| Maio 7, 2017 8:04 pm



Em vésperas de feriado do dia do trabalhador, nada melhor do que exercermos do nosso direito de ócio e deslocarmo-nos até ao Lux para assistir à uma das atuações da qual falaremos, certamente, no final do ano como uma das melhores.


A norueguesa Jenny Hval visitou Portugal para uma data dupla, passando no dia 29 de abril pelo gnration, Braga, e no dia seguinte pela capital, num concerto inserida na festa de encerramento do BoCA – Biennal of Contemporary Arts. Na bagagem trouxe o aclamado Blood Bitch, álbum editado em 2016 pela conceituado Sacred Bones. Neste último trabalho, a artista adopta um conjunto de canções mais pop, ainda que abstratas, sem nunca esconder a sua veia mais experimental.

Já passava um pouco da hora marcada quando Jenny subiu ao palco acompanhada pelo seu produtor. Vestida com uma espécie de capa vermelha, a lembrar-nos o Capucinho vermelho, com umas leggins de aspecto semelhante aos músculos do corpo humano, Jenny parecia mesmo uma verdadeira Female Vampire.


Sem surpresa alguma, o concerto focou-se principalmente em temas de Blood Bitch, com maior destaque para os singles “Conceptual Romance”, onde a artista cobriu a face com o tecido vermelho da sua capa, fazendo-nos pensar num qualquer filme de terror psicológico de grande teor artístico. Destacaram-se igualmente “Female Vampire”, com a melhor interpretação da noite, “The Great Undressing” e “That Battle Is Over” de Apocalypse, Girl (2015).

Muito comunicativa com o público, Jenny estava contente por sermos tantos a vê-la. Confessou-nos também que “It’s so sad when nobody is there to watch you play”, algo que lhe aconteceu na Austrália. A meio do concerto pegou em algo estranho, uma espécie de cachecol a que apelidou de “cachecol de entranhas” ou “um feto de alien”. Mas isto não foi o único momento em que a estranheza imperou no Lux. Houve também tempo para descascar um banana, dançar com ela na mão mas não comê-la.

Ao vivo, a voz de Jenny é tão ou mais incrível que o seu registo de estúdio e a música ganha também uma componente ainda mais eletrónica, ao envolver a sua pop de cariz gélido e abstrato com batidas mais techno. Ao todo, foram quase 60 minutos em que o público presente não parou de dançar. Para concluir esta atuação pouco convencional, Jenny recomendou-nos a usarmos as nossas entranhas, que era algo divertido.

Jenny Hval @ Lux Fragil


Texto: Rui Gameiro
Fotografia: Daniel Vintém
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