Reportagem: MONITOR 2017 [Teatro José Lúcio da Silva, Leiria]
Reportagem: MONITOR 2017 [Teatro José Lúcio da Silva, Leiria]
Reportagem: MONITOR 2017 [Teatro José Lúcio da Silva, Leiria]
Os primeiros a subir ao palco foram os Poison Point, naquela que foi a segunda visita ao nosso país, já que no ano passado haviam feito parte do cartaz do Mini Festival Post Punk Strikes Again na edição do Porto. Poderia parecer cedo para tão densa música soar, mas nada disso foi problema, tão energéticos como se estivessem a fechar a noite Timothée Gainet e Arnaud Derochefort destilaram uma “cold mais próxima do punk do que do wave” que preenche o primeiro e único registo da banda até então, Motorpsychold. Os 30 minutos pareceram pouco.
De seguida, e antes do jantar, havia o público presente de ver mais 2 que na realidade seriam 3 concertos, isto porque Kriistal Ann viajou com Toxic Razor, tornando possível um dois em um. Não me poderei alongar muito sobre a prestação de Kriistall Ann nem de Paradox Obscur porque não assisti na íntegra a estes dois concertos. Depois da descarga energética de Poison Point, a voz melodiosa de Kriistal não me agarrou, fui-me gradualmente afastando da primeira fila até que acabei a beber uma cerveja na banca da Fade In que se encontrava junto ao recinto.
A prestação que haveria de encerrar o primeiro ato era da responsabilidade de Qual, projeto a solo de William Maybeline já conhecido dos portugueses como baixista dos Lebannon Hannover, banda que em 2013 marcou presença no Entremuralhas. Se em Lebannon Hannover tudo é frio, doce como a synthwave deve ser, em Qual tudo é bruto, industrializado, exarcebado, um punk sem crista mas com as correntes que haviam de martirizar o chão aquando de Benevolent Technologies. Ao longo de meia hora William percorreu as músicas de Sable e de Cupio Dissolvi, EP lançado este ano. Acabava assim em grande o primeiro ato, deixando o público sedento pelo segundo.
Já de barriga cheia, mas ainda com espaço para a sobremesa, voltamos ao local do crime para nos deleitarmos com o que nos faltava. À hora certa começa o segundo ato com os Londrinos The Agnes Circle, notórios problemas de som forçam-me a mudar várias vezes de lugar e inevitavelmente, a abandonar a sala e a procurar consolo na banca da Fade In.
Eis que chegava Sydney Valette, o interesse crescente pela música deste francês nos últimos tempos, fazia com que esta prestação fosse uma das mais esperadas da noite e ele não dececionou. Ora atrás dos teclados, ora a cantar, ora a pular a correr pelo palco, Sydney Valette suou e fez-nos suar, saltitando entre os dois álbuns editados tornou-se, na minha opinião numa das atuações da noite. Saciado e orgulhoso por perceber que este músico com um reportório tão vasto em termos de géneros musicais, alguns nem sempre bem aceites em meios mais sombrios, consegue ter espaço num evento deste e deixar o público presente, não “preparado para morrer” mas sim para aquele que seria o momento mais aguardado da noite: o último concerto.
Os franceses Rendez-Vous apresentaram-se em Leiria com dois EPs editados e com um guitarrista a menos (Simon Dubourg), mas a banda mostrou-se madura o suficiente para construir o seu set de modo a que a atuação não sofresse por isso. Senhores de um synth punk como não se via faz algum tempo, o trio carregou o público com tudo o que tinha e este deu em troca tudo o que podia, não houve moche como foi pedido por Elliot Berthault antes de “Euroshima”, mas podia ter havido em “Distance” ou “The Others”, canção que havia de ser repetida no encore. O Monitor 2017 fechou com chave de ouro e não são as pequenas questões referidas que o põem em causa, que venha o 2018, Leiria é uma boa cidade e a Fade In uma bela família.