Reportagem: Vodafone Paredes de Coura – 18 de agosto
Reportagem: Vodafone Paredes de Coura – 18 de agosto
Reportagem: Vodafone Paredes de Coura – 18 de agosto
O terceiro dia do festival teve no palco Jazz na Relva concertos de El Rupe e Paulo Barros. A Vodafone Music Session do dia, à qual não tivemos oportunidade de assistir, foi no centro da vila e esteve a cargo dos Moon Duo.
Espreitamos o concerto de Andy Shauf e ficamos pouco impressionados. Ouvimos algumas canções bonitas, com uma sonoridade relaxada e agradável, mas muito pouco originais. Notou-se um bom uso de sopros ocasionalmente, mas nada que elevasse as canções a um patamar superior. O concerto não demorou muito a tornar-se enfadonho e por isso não ficamos por lá durante muito tempo.
De volta ao palco principal, vimos o concerto dos Young Fathers. Logo à partida notou-se um grande contraste do preenchimento do palco em comparação com o concerto de Bruno Pernadas. Com poucos instrumentos e um grande foco na voz, os Young Fathers encheram o palco com a energia de todos os seus membros. O trio escocês trouxe um membro extra para tratar da percussão e apresentou um conjunto de músicas cuja sonoridade passou pelo hip hop, música eletrónica, R&B e até mesmo gospel. Apesar de terem um estilo que facilmente os distingue, este nem sempre resultou. Nem toda a percussão foi bem implementada e os pratos no qual tocou um dos vocalistas soavam mal. Muitas vezes sentiu-se um grande foco no ritmo e ficava a faltar uma melodia grave a servir de base à voz, à qual nos pudéssemos agarrar. Várias vezes os instrumentais quase se tornavam uma desordem de ruído onde apenas se distinguia um ritmo. Certas músicas pareciam uma mistura de sons estruturada de maneira estranha, sem objetivo definido. O concerto acabou com o maior hit da banda, “Shame”, e foi bom ouvi-lo ao vivo.
O rock psicadélico dos Moon Duo invadiu de seguida o palco secundário. Ouvimos solos e riffs sobrepostos a ritmos repetidos, mas não ficamos por lá por muito tempo. É uma banda que não soa a nada de novo, mas deu certamente um bom concerto para fãs do género.
Um dos concertos mais falados do festival foi o dos BADBADNOTGOOD, finalmente em estreia no nosso país. Começaram com uma versão acelerada de “Speaking Gently” e acabaram com um crescendo em “CS60”, tendo passado ao longo da setlist por diversos subgéneros de jazz em instrumentais retirados dos álbuns III e IV. Ao longo de todo o concerto o baterista Alexander Sowinski serviu de hype man e puxou pelo público, fazendo a certa altura toda a gente baixar-se e saltar ao mesmo tempo no início da secção mais intensa. Numa música iniciada por uma longa introdução de teclado e baixo, os restantes dois membros dançaram pelo palco, algo que levou a uma boa reacção do público.
A banda mostrou ser muito boa tecnicamente e o baixista destacou-se várias vezes pela sua qualidade. Apesar de ser também muito bom, o elo mais fraco foi provavelmente o baterista, que fez overdrumming num par de músicas e acelerou imenso várias secções que, por isso, ficaram desenquadradas das anteriores e não resultaram bem, tendo perdido bastante do seu impacto. Isto e alguns casos de instrumentos que mal se ouviam impediram este concerto de ser o melhor do festival. Nunca fiquei tão triste com um concerto tão bom, porque este podia ter sido o concerto excelente e espetacular (como LCD Soundsystem o ano passado) que ficou a faltar a esta edição do festival, mas estas falhas impediram-no talvez até de ser o melhor deste ano. No seu melhor a banda mostrou-se realmente impressionante, mas as piores partes do concerto, apesar de não terem sido muitas, foram claramente más e muito frustrantes. Houve uma enorme diferença de qualidade entre os melhores e piores momentos, marcados especialmente pelas abruptas mudanças de tempo.
No fim do concerto o baterista cumprimentou os fãs nas primeiras filas e percebeu-se a satisfação da maior parte do público. Foi um dos concertos mais marcantes do festival.
Enquanto os portugueses Octa Push tocaram no palco secundário, esperamos pelos Japandroids. O duo canadiano entrou em palco ao som de uma gravação composta por guitarra e spoken word e abriu a setlist com “Near to the Wild Heart of Life”. Seguiram-se músicas como “Continuous Thunder” e a sempre energética “The House That Heaven Built”, duas das melhores num concerto que teve demasiadas canções esquecíveis. Foram utilizadas gravações a acompanhar a guitarra e a bateria tocadas ao vivo, mas muitas vezes sentiu-se falta de um baixo ou de mais uma guitarra para preencher o som e criar mais variedade. As músicas nunca atingiam a intensidade que podiam atingir com uma banda com mais elementos. A performance vocal de ambos os membros também não foi nada de especial e nota-se que não têm grande talento como vocalistas, no entanto isso não prejudicou demasiado o concerto, pois cantam de uma maneira adequada para o género de música que tocam. Deram um concerto razoável, no qual foi possível perceber que são uma banda que soa melhor em estúdio.
Os Beach House, maior cabeça de cartaz do dia, começaram mais de meia hora atrasados e deram um concerto bom, mas longe das melhores passagens da banda por cá. A voz de Victoria falhou mais que uma vez e um par de vezes Alex pareceu não ter controlo completo sobre o som da guitarra. Bons efeitos de luzes e projecções tornaram ainda melhores canções como “PPP”, “Space Song”, “10 Mile Stereo”, “Wishes” e “Myth”, mas houve também momentos aborrecidos ou pior executados. Nem todos os momentos em que Victoria cantou com mais intensidade se adequaram à música e nem todas as músicas estiveram ao mesmo nível. Foi bom, mas desapontante. Os Beach House têm capacidade para mais.
No After Hours houve Roosevelt e Red Axes, dois nomes que já passaram pelo NOS Primavera Sound.