Reportagem: GOLD [Cave 45, Porto]

Reportagem: GOLD [Cave 45, Porto]

| Dezembro 6, 2017 10:14 am

Reportagem: GOLD [Cave 45, Porto]

| Dezembro 6, 2017 10:14 am


Na passada sexta-feira (1 de dezembro) os holandeses GOLD brilharam no palco da Cave 45 para abrir em altas o último mês de atividades da Home of Rock’n’Roll no Porto. O concerto do sexteto holandês era o primeiro dos dois em Portugal e na bagagem a banda trazia o mais recente e terceiro disco de estúdio Optmist – que contou com a produção de Randall Dunn (Sun O))), Earth, Ash Borer, Marissa Nadler) – e, consequentemente, uma performance que se esperava ser bastante intensa. Acompanhados de toda a instrumentação a que recorreram, os GOLD subiram a palco pelas 23h55 com “Images” de Nina Simon a fazer-se ouvir como hino de enquanto os músicos permaneciam parados e silenciosos em palco, escutando. Com a guitarra de Thomas Sciarone (ex-The Devil’s Blood) a rasgar começamos a ouvir os primeiros acordes de “Sunder Thunder” que instalam na Cave 45 o ambiente do “post-everything” de trama negro, que a banda tem vindo a explorar ao longo dos últimos álbuns. 


GOLD


Formados em 2011, os GOLD começaram a destacar-se entre a comunidade da música underground com a edição de No Image, o segundo disco de estúdio, do qual apresentariam a enorme faixa “Old Habits”, com Milena Eva a fazer ecoar sua voz vulnerável, dobrando as texturas obscuras de cada música consoante a sua vontade. Apesar da voz soar um pouco oprimida no meio de tanta instrumentação, a performance dos músicos em palco foi bastante notória e conduziu várias pessoas a soltarem os primeiros gestos de envolvimento com a música que os GOLD nos estavam a mostrar. Este novo disco, Optimist, foi lançado no mês de fevereiro pela Ván Records e para quem explorava ali as suas primeiras impressões tornou-se automaticamente um dos discos referência de 2017. Como diria a banda “A escuridão é o contexto da luz, portanto, há absolutamente luz no núcleo deste álbum”, e o concerto soube transmitir esse conceito como já era espectável: música psicologicamente densa de toada sombria a iluminar todos os presentes na sala. 

Com “I Do My Own Stunts” a fazer escutar-se, os GOLD pilotaram o concerto para o grandioso momento de adrenalina que tanto se esperava e mantiveram os ânimos em auge com a evolução para singles como o icónico tema de abertura do disco “You Too Must Die”, o brilhante e encantador “White Noise” e o cativante “No Shadow”, completamente difícil de ignorar devido ao refrão que fica facilmente preso na cabeça. A verdade é que o concerto dos GOLD foi definitivamente um concerto de uma “post-everything dark rock band”, ouviu-se post-rock, post-metal, post-punk e no fundo também post-nothing. O sexteto holandês soube mostrar que merece ser ouvido e, os aplausos e gritos calorosos vindo do público fizeram sentir isso mesmo, sempre que cada música tinha fim. 


GOLD

Os GOLD foram enormes e foi essa a sensação com que o público ficou pós-concerto, já com “Tear” a ouvir-se na despedida. Um concerto poderoso com cerca de 55 minutos de duração e já com um trago a saudades, uma vez que não houve encore. Milena Eva e companhia souberam matar as tentações como meio de sobrevivência e mostrar claramente que são uma das grandes bandas a destacar-se no panorama underground da atualidade. Foi absolutamente incrível. 

Mais uma vez um obrigado enorme ao pessoal da Cave 45 que nos últimos três anos deixou definitivamente uma marca na música alternativa ao vivo, no Porto. Até sempre.

GOLD [Cave 45, Porto]

Texto: Sónia Felizardo
Fotografia: Edu Silva
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