Fugindo à típica marca ocidental de conjunto pop, e apresentando as suas canções pela primeira vez em contexto luso, The Fur. foi a banda que mais recentemente nos visitou, directamente da (ilha) longínqua de Taiwan, a qual esteve em palco a 28 de maio no Musicbox (Lisboa) e no dia a seguir nos Maus Hábitos (Porto), pela mão da mais nova promotora, Barking Dogs.
Formada em finais de 2016, com um álbum no forno e previsto lançamento para o mês solarengo de Agosto, intitulado Town, The Fur. encantou e derreteu um público curioso. Um sonho indie pop, regado a um jogo de luzes do rosa florescente ao amarelo, com canções frescas, dançáveis e de fácil digestão, desde o 1º single, “We can dance”, até “Avocado Man”, “25”. Com recurso a um teclado dreamy, efeitos de uma bateria sem a sua presença no espaço físico, a um tom melancólico inerente muitas vezes quebrado pela presença de acordes de guitarra mais pesados, à voz angelical (em inglês) da mais querida Savannah, foi assim receita para um serão preenchido de magia, acrescentando a distribuição de autocolantes e pins oficiais da banda a voar pelo público.
Na casa dos 25 para cima, The Fur. desenha-se como uma banda sem qualquer pretensiosismo que se apropria de características do “pêlo”, como, “querido e gentil”, para dar imagem ao conjunto musical. Um spacey, dreamy, indie pop que lembra (aos mais atentos), projectos como Jay Som (com presença marcada dia 9 de Junho no NOS Primavera Sound Porto), traços de uma balada que pertence aos Beach House (com recurso ao teclado), até universos mais distantes, da esfera de Chromatics (Portland, EUA). “It is what it is”, que se repete na composição lírica de “We can dance”, para além de ser uma das passagens que mais permanece no ouvido, é provavelmente o que melhor define The Fur.
Com ênfase em experiências pessoais, pessoas que conhecem e sentimentos que nutrem, Savannah diz-nos que, “as nossas canções são baseadas em ideias muito simples.” De uma mistura que sofre de influências musicais (não directas), que nos leva a uma realidade dos anos 80 com Jesus and Mary Chain, The Breeders, The Cure, o resultado final desta mais recente aquisição musical vinda de Kaohsiung, revela-se assim um mix de “diferentes tipos de música, de diferentes gerações”.
Saídos pela primeira vez do seu país, para realizar a sua primeiríssima tour que começou na Europa, Savannah (voz, guitarra), Zero (guitarra), Ren (baixo) e Wenwen (sintetizadores), apropriam-se assim desta linguagem universal que é o indie rock, numa onda “cute and soft” que combina com a personalidade dos membros da banda. De melodias cativantes que facilmente nos deixam a desejar um cenário de Verão, com tons de praia, mar e fotografia analógica, a próxima visita de The Fur. passa pelo Primavera Sound Barcelona, já durantes estes dias.
Texto: Joana Sequeira
Fotografia: Sofia Espada