Reportagem: EDP Vilar de Mouros 2018
Reportagem: EDP Vilar de Mouros 2018
Reportagem: EDP Vilar de Mouros 2018
Vilar de Mouros – do synthpop sintético dos Human League ao “fuck the system“, de John Lydon de PIL, passando por Peter Murphy e David J. a reencarnarem os seus Bauhaus à solidez e afirmação dos Editors como banda da 1ª divisão nacional. Quando chegas ao recinto do festival na pacata vila de Vilar de Mouros encontras um ambiente calmo, sem correrias desenfreadas para junto da grade de segurança que separa o palco de um público já maduro, que espera ouvir as músicas que marcaram grande parte da sua adolescência, sem grandes pressas, tropelias ou arremessos de bebidas.
Chegamos ao recinto um pouco antes da banda de John Lydon e os seus Public Image Limited subirem ao palco. O homem que inventou o “punk”, apresentou-se perante um público sedento, aparentemente mais calmo, mais sociável e simpático, tendo agradecido durante a atuação, várias vezes ao público pelo apoio. O “Joãozinho” rebelde de outros tempos foi aparecendo, aqui e ali, nas provocações ao sistema “Fuck The System” e alfinetadas a “Trump” entre os hinos “Rise” e “This Is Not a Love a Song”, momentos que marcaram a sua prestação.
Os Human League de Phil Oakey, uma das bandas que mais curiosidade suscitava por entre os presentes, revelou que a música de matriz electrónica que os levou à ribalta em finais da década de 70, inícios de 80, ainda tem muitos seguidores dentro do género. Belas projeções num palco envolvido em branco recriavam um ambiente cinematográfico, transportando o público num filme de ficção cientifica ao som dos hinos como “Don’t you Want Me”, “Keep Feeling Fascination” e “Together in Electric Dreams”. Um Philip Oakey que se mostrou bem disposto com o excelente retorno do público presente. Talvez tenha sido o seu entusiasmo que o levou a mudar insistentemente de guarda roupa durante a sua actuação. Ou isso, ou a noite quente que se fazia sentir.
Cerca de 20 minutos depois, Chrissye Hynde – com 66 anos, em excelente forma e com a voz que a celebrizou praticamente intacta, bem como o rock and roll que deu fama aos Pretenders – agarrou rapidamente o público de Vilar de Mouros com “Don’t Get Me Wrong”, “Hymn To Her”, “Let’s Get Lost” e “I’ll stand by you”, algumas das canções que empolgaram todos os presentes.
O melhor estava para vir, Peter Murphy e David J (não tendo sido possível reunir os outros dois elementos da fundação dos Bauhaus, Kevin Haskins e Daniel Ash, por incompatibilidades que são vulgares no mundo da música e que leva a que a maioria dos projetos acabe prematuramente ou que alguns dos elementos acabem por sair). Peter Murphy confirmou em palco que é apenas um dos maiores nomes da música alternativa universal, dono de uma voz fantástica que faz estremecer qualquer dos espectadores presentes, deambulando no palco, como se estivesse em metamorfose constante. Grandes clássicos dos Bauhaus não poderiam faltar neste recinto histórico, tais como “Dark Entries”, “In The Flat Field”, “She’s in Parties”, “The Passion of Lovers”, terminando o concerto de forma apoteótica com o genial “Bela Lugosi’s Dead”. E como já se suspeitava, em novembro estará de volta a Portugal para dois concertos em nome próprio celebrando os 40 anos dos Bauhaus.
O segundo dia de festival foi marcado pela passagem dos Editors e pouco haverá a dizer sobre a banda de Tom Smith. O rapaz canta, toca piano e guitarra que se farta e agora também se abana mais na sua performance pelo palco, com uns tiques de dança que lembram Dave Gahan. A escolha da setlist, ou não se tratasse de um festival, não foi deixada ao acaso, tendo percorrido todos os seus álbuns para gáudio dos fans e público presente, acompanhando a banda em temas como “Formaldeheyde”, “Munich” e “Papillon”. Ainda deu tempo para beber uma cerveja e conversar um pouco com a banda nos seus camarins, que nos confidenciou que deverá estar de regresso no próximo ano para promover o seu último longa duração em concertos em nome próprio.