Reportagem: IDLES + JOHN [Hard Club, Porto]
Reportagem: IDLES + JOHN [Hard Club, Porto]
Dezembro 6, 2018 5:43 pm
| Reportagem: IDLES + JOHN [Hard Club, Porto]
Dezembro 6, 2018 5:43 pm
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Os IDLES têm disfrutado de uma ascensão brutal num curtíssimo espaço de tempo e esse feito refletiu-se nos dois concertos esgotados que deram nos passados dias 26 de novembro no Hard Club, Porto (concerto que é detalhado nesta reportagem) e 27 de novembro, no Lisboa ao Vivo. Na bagagem traziam não só o muitíssimo aclamado Brutalism (2017), mas essencialmente Joy As An Act Of Resistance (2018), dois trabalhos que têm sido destacados pela crítica e pelos ouvintes. Depois de uma estreia bastante elogiada no NOS Primavera Sound 2018, os IDLES regressavam a Portugal para sua estreia em sala, que no geral teceu enaltecidas críticas.
Com abertura assinada pela banda britânica JOHN e, agendado para as 21h00, o primeiro concerto da noite arrancou pelas 21h10 com os dois John a subirem a palco para um concerto marcado pela interação com o público. Após a primeira música o vocalista, que era também o baterista, começou por dizer “Olá! How are you doing? He’s John, I’m John (…) do you understand? (…) We are really happy to be here, in Portugal, for the very first time ever. Obrigado!” e arrancaram para mais um banho sonoro de punk, noise e rock construído à volta de músicas de curta duração, que a passos baixos ia tornando a sala cada vez mais composta. Antes de se ouvir “Squad Vowels” (onde já era visível uma sala quase cheia), os JOHN disseram que estavam ali a apresentar o novo disco God Speed In The National Limit, aproveitando a ocasião para perguntar se alguém o tinha ouvido. Num concerto onde se mostraram extremamente comunicativos, os JOHN tocaram durante cerca de meia hora, tendo feito jus à abertura para IDLES o que foi notório através dos aplausos e alguns gritos de agrado ouvidos. A banda saiu de palco por volta das 21h45.
Pelas 22h08 e, numa sala mega cheia, os IDLES subiram a palco para tocar para o melhor público de sempre, segundo as próprias palavras do vocalista Joe Talbot. Com uma audiência já em euforia, antes sequer do concerto ter iniciado, começam então a ouvir-se as primeiras instrumentações de “Colossus”, a primeira vibe de um concerto em crescendo, a voz brutal e a energia vigorosa dos meninos que estão a mostrar que o punk-rock não morreu. Assim que se ouviu “Mother” já se previa que ia ser um grande concerto para os fãs do género, com cerca de 90% da sala a aderir à vociferação da letra ora em uníssono com o vocalista, ora sem vocalista. Com a sexta música do alinhamento – “Danny Nedelko” – a fazer-se ouvir bem alto, fervia também o ambiente em sala com o primeiro croudsurf da noite a acontecer quando o guitarrista Mark Bowen inaugurou o ato. Ouvimos “Divide & Conquer”, “1049 Gotho”, “Samaritans”, entre outros temas mais discretos, até chegar a altura em que o concerto começou a levar um rumo de completa diversão e de festa máxima – quando os IDLES decidiram fazer uma experiência sonora após o fim de “White Priviledge”. Antes disso, nunca esquecer de referir que os IDLES se apresentaram excentricamente comunicativos para profundo deleite do público presente e da própria banda.
Tempo para ouvir ainda “Gram Rock”, “Benzocaine” – tema que serviu para que a audiência perdesse a cabeça e começasse a subir ao palco, com destaque para o público feminino onde inclusivé uma rapariga ocupou o lugar de Mark Bowen na guitarra, além de outras cinco ou seis miúdas que se encontravam a dançar ao som dos IDLES, também no palco – e ainda “Exeter”, que colocou um Hard Club no chão. “Get down, get down, get down…” em loop repetido, dizia Joe Talbot e a pouco e pouco o público ia-se baixando e aderindo ao furacão que os IDLES são ao vivo. O público adorou e os IDLES também, ao ponto de Joe Talbot afirmar que as mulheres não costumam subir ao palco e ser elas mesmo, elogiando o facto disso ter acontecido naquela noite. Depois disto entraram numa vaga de covers onde se ouviu uns teasers de “I Want To Break Free”, “All I Want For Christmas is You” e, na íntegra, “Cry To Me”. Os IDLES não queriam abandonar o palco e isso refletiu-se num concerto com duração aproximada a 01h40, finalizado com “Well Done” e “Rottweiler”, onde a frase que mais ouvimos foi “BEST CROUD EVER”. Acredito que muitos membros do público também tenham saído dali a pensar “Best live band ever”. O concerto dos IDLES acabou pelas 23h43 numa imensidão de aplausos e assobios.
Texto: Sónia Felizardo
Fotografias: Edu Silva