Reportagem: Julia Holter [Centro Cultural Vila Flor, Guimarães]
Reportagem: Julia Holter [Centro Cultural Vila Flor, Guimarães]
Reportagem: Julia Holter [Centro Cultural Vila Flor, Guimarães]
Quando Julia Holter visitou o Centro Cultural Vila Flor pela primeira vez, a artista norte-americana contava apenas dois álbuns de estúdio como cantora-compositora. Ekstasy foi o mote para a estreia de Holter na Cidade Berço, em 2012, o mesmo ano em que Guimarães foi considerada Capital Europeia da Cultura. Agora, quase sete anos passados, Julia Holter regressou ao polo criativo vimaranenese para apresentar o aclamado quinto disco de originais, Aviary, que recebeu novamente edição pela Domino Records no ano transato. Sucessor direto de Ekstasy, Aviary aproxima-se das abstrações pop do disco de 2012, cruzando essa mesma sensibilidade com arranjos de meticulosa experimentação progressista.
O regresso à cidade que a acolheu na sua primeira vinda a Portugal chegou, portanto, num momento mais que adequado. Depois de atingir a aclamação universal com Loud City Songs (2013) e Have You In My Wilderness (2015), a artista residente em Los Angeles goza de um estatuto invejável nos parâmetros da música com um cariz mais experimental. Acompanhada por Sarah Belle Reid, Dina Maccabee, Andrew Jones, Tashi Wada e Corey Fogel, Julia Holter apresentou-se no Auditório Grande para um concerto longe de esgotar, ficando-se por uma modesta mas entusiasmada primeira metade da sala. O caos ordenado de “Turn The Light On” abriu as hostes da noite, com os seis instrumentistas alinhados sob um festim polirrítmico de floreados barrocos. À substância do jazz (há contra-baixo, bateria e diferentes tipos de trombones) junta-se a instrumentação de ordem clássica, que juntamente com as teclas e linhas de sintetizador de Holter e Wada colidem sob o compasso coordenado de “Wether”, tema que se segue sem qualquer tipo de interrupção.