The Underground Youth, concerto puro e duro no Musicbox Lisboa
The Underground Youth, concerto puro e duro no Musicbox Lisboa
The Underground Youth, concerto puro e duro no Musicbox Lisboa
São repetentes em palcos nacionais e ainda bem, e tendo eu perdido a oportunidade de os ver noutras noites em que por cá tocaram, é hoje! The Underground Youth. No Musicbox, após a entrada da banda em palco, reparei desde logo e desde a primeira canção uma entrega e uma aposta no material novo da banda, e que não iria haver ali lugar para desilusão alguma. Gosto de reflectir sobre isso ou o que seja em noites como esta, enquanto observo toda a movimentação que por alí se faz -, noutra época seriam tão grandes como The Jesus & The Mary Chain, ora aqui e agora em 2019, são uma forte banda (já) considerada de culto, que se, não encheu por completo o Musicbox, esteve lá perto.
Lembro-me de os ouvir pela primeira vez (com especial atenção) numa compilação da editora brasileira The Blog That Celebrates Itself, disco de homenagem aos The Chameleons, a canção “Second Skin”; ou no disco Mademoiselle em que também já nessa altura me fizeram lembrar coisas como Spacemen 3 ou Lou Reed na sua fase inicial pós-The Velvet Underground… Caminhando no tempo para a frente em What Kind Of Dystopian Hellhole Is This? (2017), já se apresentavam mais rudes, mas igualmente melódicos.
As canções do novo disco ficam-lhes tão bem. É ainda mais directo e negro que os anteriores, a visceralidade de canções como “This Is But a Dream” ou “Death Of An Author”, que do palco para audiência, aterrou literalmente de forma abrupta como ao que parece, já é costume desta banda, ou seja, levar as guitarras, microfones e a eles próprios para o meio do público.
Os The Underground Youth portaram-se muito bem, sempre certeiros na sua execução musical e numa fase em que já são tantos os concertos nesta tour, que os dedos, magoados ou não, não falharam nenhuma nota e mesmo com acenos ao técnico para melhorar o som do timbalão de chão de Olya Dyer, a baterista que toca em pé com duas ou três peças de bateria… Não perderam tempo com isso e rapidamente em modo automático e cheios de garra, deram à audiência canções tão díspares na sua essência como “Morning Sun”, “Last Exit To Nowhere” ou a bonita “I Need You”. Recuando na sala uns bons passos mais atrás, ouvi “Fill The Void” e reparei que apesar da intensa distorção sónica o som deste concerto já estava bem mais equilibrado do que quando começou.
As canções dos The Underground Youth, são por vezes tristes mas se o são, também se apresentam bonitas, é o caso de “Too Innocent To Be True” -, e houve espaço para muitas mais, e outras (algumas) que me fizeram lembrar tantas e boas referências, incluindo Tav Falco, o Joey Ramone, o Lou Reed, Suicide… E coisas muito mais do agora -, como eles próprios. Nota ainda para a voz e a postura de Craig Dyer (a fazer lembrar o “intemporal” Lux Interior...). E afinal, são guitarras como as que ouvimos em canções raras de singularidade única, como “I Need You”, que (e)levam a escrita para um outro patamar.
Pouco passava da meia-noite quando acabou, satisfação à saída do Musicbox, a ausência de chuva na rua, e de quaisquer queixas de um concerto linear na sua energia e musicalidade, muito bem conseguido. Um até á próxima, The Underground Youth.