Reportagem: Orchestral Manoeuvres In The Dark [Aula Magna, Lisboa]

Reportagem: Orchestral Manoeuvres In The Dark [Aula Magna, Lisboa]

| Outubro 25, 2019 1:31 am

Reportagem: Orchestral Manoeuvres In The Dark [Aula Magna, Lisboa]

| Outubro 25, 2019 1:31 am

Após um ano e alguns meses, os OMD (Orchestral Manoeuvres In The Dark) regressaram no dia 15 de outubro à Aula Magna. Lisboa foi a cidade escolhida para o início da digressão europeia – Souvenir Tour – para a celebração dos 40 anos de edições discográficas (cujo primeiro single foi lançado em 1979, com o tema “Electricity”).

O dia seguinte – 16 de outubro – seria a vez do palco da Casa da Música, no Porto, acolher esta banda que é reconhecida por muitos como génios da eletrónica e inspiração para nomes como The XX, The Killers ou James Murphy dos LCD Soundsystem, sendo ainda considerados uma influência no ADN dos Future Islands ou Chvrches.

A primeira parte do concerto esteve a cargo dos Cavaliers of Fun, banda portuguesa que lançou o EP Sharing Space Secrets em 2011, Camp Cof em 2014 (que inclui o single “Valley of Dreams”) e nesse mesmo ano venceram o 2º EDP Live Bands. Um percurso que foi evoluindo e culminou no Astral Division, o seu primeiro álbum, aclamado como um dos álbuns do ano. Coube assim à banda de Ricardo Coelho (ex-Loto) fazer o aquecimento inicial onde tocaram vários temas desse álbum.

Terminado o warm up dos Cavaliers of Fun, eis que os tão desejados da noite entram em ação – Andy McCluskey e Paul Humphreys – recebidos com um forte aplauso. O duo dos arredores de Liverpool (Merseyside) e uma referência da new wave/synthpop britânica, revelou, mais uma vez em palco, a cumplicidade que lhes é conhecida, convidando, desde o som das primeiras notas, uma sala cheia a juntar-se à celebração, convite ao qual o público acedeu desde logo, e que transformou a Aula Magna numa autêntica pista de dança. Ao longo de 90 minutos de atuação revisitaram temas que perduraram na memória coletiva de quem viveu a adolescência no início dos anos 80. Contrariamente ao que seria de esperar numa comemoração de 40 anos de música, os OMD não começaram a noite com nenhum dos seus grandes hits, mas sim com um tema do seu mais recente trabalho, “Isotype”, seguindo-se “Messages” (um ícone da música eletrónica).



Uma ligeira pausa na sound music fez com que a maioria do público voltasse às cadeiras e regressasse ao cenário musical OMD de 1986. Com uma configuração do back line diferente, em que víamos apenas dois pianos e uma bateria eletrónica em palco, os quatro músicos alinharam-se por detrás dos instrumentos, mantendo-se Andy no microfone. Ouviu-se “Statues” (1980) e “Almost” (1980), momentos mais calmos e introspetivos, mas que foram seguidos de um novo levantar coletivo, por parte do público, e um agitar de corpos que assim se mantiveram para não mais regressarem às cadeiras.

Os OMD lançaram no dia 4 de outubro um boxset de 40 anos de carreira, uma abrangente coleção de singles, intitulada Souvenir – The Singles 1979-2019. Esta coletânea contém todos os 39 singles da banda, desde “Electricity” a “What Have We Done”. “Don’t Go”, o único single novo deste set (2019), tem um som OMD clássico que combinaria muito bem com qualquer um dos seus álbuns, e foi o único tema novo tocado nesta noite.

Foi ao som do icónico “Enola Gay” que os OMD deram por terminada a sua atuação. Regressaram ao palco para o esperado encore, fechando o primeiro concerto da tour 40 anos, 40 músicas com “If You Leave” (1986), “Secret” (Crush, 1985) e a derradeira despedida com “Electricity”, tal como começaram há 40 anos atrás (o FAC6 da Factory Records – casa mãe de bandas como os Joy Divison, Cabaret Voltaire, A Certain Ratio, New Order, Happy Mondays, entre outras).

Do que se viu e ouviu na Aula Magna, podemos dizer que os Orchestral Manouvres in the Dark demonstraram que são intemporais e que têm uma presença inquestionável enquanto banda synth-pop. Que continuam a ser um convite à dança, dispensando-se as cadeiras. Evidenciaram felicidade e orgulho por comemorarem 40 anos de música e de cumplicidades.  Foi um excelente espetáculo de música, luzes e ambiência. Há, no entanto, que referir que para aqueles que estiveram no concerto em 2018 (precisamente na mesma sala) dos 21 temas tocados na altura, ouviram novamente 17 desse alinhamento.

Resta-nos dizer: Parabéns OMD pelos 40 anos de música que continua a cativar e a “eletrizar” aqueles que a ouvem!


Texto e fotografia: Virgílio Santos
FacebookTwitter